OVNIs: Congresso dos EUA discute relatos de fenômenos não identificados

Nesta quarta (13), o Comitê da Câmara dos Deputados dos Estados Unidos foi palco da audiência “Fenômenos Anômalos Não Identificados: Expondo a Verdade”. Assim como em discussões anteriores sobre o assunto, o evento contou com relatos de militares norte-americanos, que alegaram que o governo dos EUA esconde há décadas da população evidências de tecnologias avançadas e do que chamaram de visitantes de outros mundos.

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O termo “fenômenos anômalos não identificados” (ou “UAP”, na sigla em inglês) é uma expressão relativamente nova e de preferência dos cientistas para descrever observações de objetos ou eventos no ar, água ou espaço, sem explicação imediata. O nome começou a ser usado em 2022 pelo Pentágono, a sede do Departamento de Defesa dos Estados Unidos. 

Durante o evento, foram apresentados vários relatos sobre o que foram descritos como orbes saindo do oceano, objetos em formato de disco e aeronaves exibindo características de voo e estruturais diferentes de qualquer coisa no arsenal dos Estados Unidos. Muito disso já foi falado em audiências anteriores — alguns cientistas já observaram que UAPs pareciam desafiar a física —, mas o que mudou é quem fez tais colocações.


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UAP registrado por uma aeronave da Marinha dos EUA (Imagem: Reprodução/U.S. Department of Defense)

As anedotas vieram de um ex-oficial de contrainteligência dos EUA, um contra-almirante aposentado da Marinha e um ex-administrador associado da NASA. E, de forma geral, todos destacaram a necessidade de maior transparência do governo para lidar com o assunto, incluindo a proposta de novas políticas para retirar o sigilo destes dados e trazê-los ao público.

Em uma audiência no ano passado, um participante afirmou ao Congresso que o governo do país estaria escondendo evidências de inteligência não-humana. Em 2022, o Pentágono criou o Gabinete de Resolução de Anomalias para todos os Domínios (AARO) para investigar os relatos da observação de UAPs e do governo sobre tais fenômenos. No entanto, alguns oficiais se mantêm desconfiados sobre os objetivos e métodos da instituição. 

“O AARO não consegue, ou talvez não queira, apresentar a verdade sobre as atividades do governo relacionadas aos OVNIs [objetos voadores não identificados]”, comentou a deputada Nancy Mace na audiência. Depois, outros deputados reforçaram novamente a necessidade de transparência e análise de dados, temas observados em outros estudos recentes dos UAPs. 

A preocupação com o assunto se deve muito mais à possibilidade de tais UAPs serem tecnologias extremamente avançada de algum país rival do que de envolverem possíveis seres extraterrestres, cuja existência ainda não foi confirmada. Luis Elizondo, ex-oficial de contrainteligência dos EUA, mostrou apreensão com a questão.

Vida fora da Terra?

Elizondo ressaltou que, se os UAPs forem realmente tecnologias de nações adversárias, ocultar o que se sabe sobre eles seria “uma falha de inteligência comparável a esconder o [atentado de] 11/09”. Enquanto isso, Tim Gallaudet, o contra-almirante da Marinha, declarou que as colocações das audiências do ano passado “representam uma nova percepção de que não somos a única inteligência avançada no universo”. 

Drone flagrou UAP no ar; a imagem foi apresentada em uma audiência em 2023 (Imagem: Reprodução/U.S. Dept. of Defense)

Já Michael Gold, ex-administrador associado da NASA para Política Espacial e Parcerias, foi mais cauteloso. Em sua fala, ele ressaltou a importância de a agência espacial norte-americana oferecer sua autoridade e expertise para analisar os dados que já pode ter sobre os UAPs, o que ajudaria a separar a questão do estigma associado aos OVNIs e vida fora da Terra. 

“Nossa melhor ferramenta para desvendar o mistério dos UAP é a ciência, mas não podemos conduzir uma investigação adequada se o estigma for tão grande que a simples ousadia de fazer parte de uma equipe de busca da NASA provoca uma resposta tão vitriólica”, comentou Gold na audiência. “Portanto, uma das ações mais importantes que podem ser tomadas, em relação à exposição da verdade sobre o UAP, é combater o estigma, e é nesse ponto que acredito que a NASA pode ser eminentemente útil.”

Assim como em outras audiências sobre UAPs, muito se falou sobre tais evidências, mas pouquíssimas delas foram reveladas. Uma das principais justificativas para isso é que muitos dos dados relacionados a objetos voadores não identificados são sigilosos, e não podem ser levados ao público porque podem revelar aspectos importantes dos recursos militares dos Estados Unidos.

Leia a matéria no Canaltech.

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