Paes e prefeita de Paris abordam situação climática em painel do U20

Durante painel sobre mudanças climáticas no U20, evento internacional que discute o enfrentamento à pobreza e desigualdade, o prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes, e a prefeita de Paris, Anne Hidalgo, destacaram a importância das cidades na luta contra as mudanças climáticas. A conversa foi marcada por críticas ao impacto da urbanização e às estratégias adotadas nas duas cidades para enfrentar os desafios ambientais.

Paes ressaltou que a temática das mudanças climáticas, até então mais associada a países do norte global, passou a figurar nas pautas eleitorais de cidades no sul global.

“A mudança climática sempre foi uma agenda difícil para países com tanta desigualdade e pobreza, como o Brasil. No entanto, nas últimas eleições, pela primeira vez, o tema entrou de forma concreta na agenda política, com as áreas mais pobres, talvez até mais do que as mais ricas, reconhecendo a importância de políticas públicas para mitigar os impactos do clima”, afirmou Paes.

A prefeita de Paris, Anne Hidalgo, lembrou da COP 21, em 2015, que resultou no Acordo de Paris. Segundo ela, as cidades desempenham um papel crucial no combate à crise climática.

“Nos reunimos em Paris com prefeitos do mundo todo para definir estratégias, pois as grandes cidades são essenciais para resolver as questões relacionadas à crise climática. Essa é uma crise que afeta a democracia e as questões sociais, atingindo principalmente os mais vulneráveis”, explicou Hidalgo.

Eduardo Paes e a Prefeita de Paris, Ane Hidalgo - Foto: André Luiz - Diário Carioca
Prefeita de Paris, Ane Hidalgo – Foto: André Luiz – Diário Carioca

A prefeita destacou, ainda, as medidas adotadas em Paris para reduzir a poluição do ar. “Quando assumi, em 2014, a poluição era tão grave que tive que emitir decretos proibindo que crianças brincassem nas escolas durante os picos de poluição. Atacamos a principal causa da poluição: o tráfego de veículos. Em menos de dez anos, o tráfego diminuiu 40%, assim como a poluição”, disse Hidalgo, referindo-se ao impacto positivo das políticas para reduzir o uso de carros na cidade.

Habitação

Ela também mencionou a importância da habitabilidade e da inclusão social nas grandes cidades.

“Em Paris, criamos políticas de habitação social para diversificar as populações nas áreas mais ricas. Isso enfrentou resistência, mas hoje vemos o sucesso dessas políticas, que visam melhorar a vida de todos”, afirmou a prefeita de Paris, destacando o impacto positivo dos Jogos Olímpicos e Paralímpicos na cidade, que resultaram em um legado de urbanização mais sustentável e menos poluição.

Paes, por sua vez, falou sobre a situação das favelas do Rio de Janeiro, que, segundo ele, enfrentam inúmeros desafios devido a uma urbanização desordenada e falhas na política habitacional.

“A cidade do Rio sempre se expandiu de maneira horizontal, especialmente para a Zona Oeste. As áreas mais pobres ficaram para a Zona Norte e outras regiões, onde a urbanização foi marcada por ocupações irregulares. Isso gerou muitos problemas, como a falta de infraestrutura e serviços essenciais”, explicou Paes, ao referir-se ao crescimento desordenado da cidade e à necessidade de requalificação urbana.

A discussão também abordou as dificuldades enfrentadas por Paris, que, apesar de sua localização geográfica, não tem acesso ao mar e depende de outras estratégias para enfrentar a poluição.

“Em Paris, atacamos diretamente o tráfego de automóveis. Essa foi uma decisão difícil, mas os resultados falam por si: a qualidade do ar melhorou consideravelmente, e conseguimos integrar mais espaços verdes e ciclovias, tornando a cidade mais habitável”, afirmou Hidalgo, que também celebrou a implementação de políticas de habitação social em Paris, com 25% das moradias da cidade dedicadas a essa modalidade.

Desafios

A conversa evidenciou as semelhanças e diferenças nos desafios enfrentados pelas duas cidades. Paes frisou a importância das políticas públicas para melhorar a qualidade de vida nas áreas mais carentes e o impacto da desigualdade na adoção de estratégias climáticas.

“O Brasil, com sua matriz energética limpa, ainda tem um impacto menor nas mudanças climáticas em comparação com países como a França, mas isso não pode nos eximir de adotar medidas de adaptação e mitigação”, comentou Paes.

O painel no U20 destacou, ainda, a necessidade de ações concretas e políticas públicas que integrem as questões sociais e ambientais, visando soluções que beneficiem tanto as grandes metrópoles quanto as populações mais vulneráveis.

“É fundamental que as políticas ambientais sejam sustentadas pela adesão dos cidadãos. Somente assim poderemos resistir às fake news e aos ataques que buscam desacreditar as ações em prol do meio ambiente”, finalizou Hidalgo.

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