Dexter trouxe o melhor do ‘gangsta rap made in Brasil’ para o Lollapalooza

Dexter, o 8° Anjo, teve o que muitos podem considerar um trabalho ingrato: ser o primeiro artista a se apresentar em um dos palcos do Lollapalooza Brasil 2024. Mas, assim como sua história de vida já conta, o rapper venceu essa provação com louvor.

Consagrado nos anos 1990 com o duo 509-E, em parceria com Afro X, Dexter fez um show de muitas referências ao século passado. No palco, além do DJ, o cantor levou homens que simulavam presidiários praticando exercício e uma faixa com os dizeres: “Exilado, sim. Preso, não”.

No seu set list, o rapper conseguiu fazer quem ainda estava tentando se encontrar no Autódromo de Interlagos parar e dar uma atenção aos clássicos “Oitavo Anjo”, “Saudades Mil” e “Sou Função”.

Teve gente com camiseta do blink-182, banda de rock e grande estrela do dia, cutucando o colega ao lado e dizendo: “Nossa, essa eu sei, ouvi muito”.

Um dos pontos altos do show foi uma espécie de lembrança crítica ao massacre do Carandiru. Ele, que nos anos 1990 cumpriu pena por assalto na penitenciária (o nome do seu ex-duo faz referência a sela que ele dividia com seu colega), cantou o trecho final da música “Diário de Um Detento”, do Racionais MCs, que relembra o massacre de 111 presos, em outubro de 1992.

“Quem diria, 50 anos de hip-hop ano passado, 34 anos de estradas, e nós estamos no Lollapalooza. Tudo isso vem acontecendo porque a gente ama o que faz e confiamos muito nisso”, disse o cantor, no palco do festival.

Quem acompanhou os últimos festivais mais ecléticos com artistas do gênero hip hop, viu um público jovem acompanhando nomes em alta no rap e no trap com muita energia durante seus “bate-cabeça”.

Não foi exatamente o público que vimos no show do rapper, que tinha uma galera mais velha e no estilo “mão no bolso e balançando a cabeça”. O som e o estilo anos da golden era do rap nacional segue vivo e na função.

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