Inspiração de Derrite, deputado que comandou Rota fazia bico para Gugu

São Paulo — Proibido pela corporação, o bico de policiais militares na segurança privada é tolerado extraoficialmente e até mesmo o deputado federal Coronel Telhada (PP), ex-oficial tido como inspiração pelo secretário da Segurança Pública de São Paulo, Guilherme Derrite, assumia publicamente esse tipo de atividade.

Ex-comandante da Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar (Rota), a tropa de elite da PM paulista conhecida por sua letalidade, Telhada nunca escondeu que cuidou por 15 anos da segurança do apresentador Gugu, que morreu em 2019. O próprio Derrite atuou na Rota sob o comando de Telhada, a quem chama de “inspiração” e “melhor comandante”.

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O ex-comandante da Rota Paulo Telhada, durante trabalho como segurança do apresentador Gugu

O ex-comandante da Rota Paulo Telhada, durante trabalho como segurança do apresentador Gugu
O ex-comandante da Rota Paulo Telhada, durante trabalho como segurança do apresentador Gugu
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Na última segunda-feira (11/11), o secretário criticou a atuação de quatro policiais militares como seguranças de Vinícius Gritzbach, o delator do Primeiro Comando da Capital (PCC) executado há 10 dias com tiros de fuzil na área de desembarque do Aeroporto Internacional de São Paulo, em Guarulhos.

“Os PMs terão que explicar o que faziam, porque o simples fato de realizar um serviço extra corporação já configura uma contravenção disciplinar, que não é permitida. Além disso, estavam fazendo isso para um indivíduo criminoso”, afirmou Derrite, durante entrevista coletiva.

Em vídeo publicado em 2020, em entrevista concedida para Derrite, que era deputado federal à época, Telhada falou sobre sua atividade extra corporação, começando pelos problemas ocorridos em 2003, quando o programa “Domingo Legal”, comandado por Gugu, exibiu uma entrevista com falsos integrantes do PCC (assista abaixo).

 

“Fiz bico por muitos anos para o Gugu, para quem não sabe, e, na época, em 2003, teve uma ocorrência, onde forjaram uma ocorrência [falsa entrevista] com [falsos integrantes do] PCC lá no SBT, acabou dando um barulho terrível, que não tinha nada a ver comigo, nem participar disso eu participei, mas meu nome acabou envolvido. E o comandante-geral era louco para me pegar na época. Eles tinham a maior bronca comigo por fazer bico com o Gugu, por ser famoso, benquisto e tal”, disse Telhada.

O deputado pelo PP contou que foi aberto um conselho de justificação (CJ), um procedimento para mandá-lo embora da PM. O ex-coronel afirmou que foi justamente no ano em que o filho, Rafael Telhada, entrou na polícia. “Eu estava em paz, porque não tinha feito nada errado. O processo demorou de quatro a seis meses e, no final, acabei absolvido”, disse.

“É muito humilhante responder a um CJ, principalmente quando você não é bandido, não é vagabundo e foi acusado de uma coisa injustamente, porque não tinha nada a ver com aquilo”, contou Telhada a Derrite.

Telhada voltou a citar o bico ao falar sobre sua escolha para ser o comandante da Rota, em 2010, com a Secretaria da Segurança Pública (SSP) sob a gestão de Antonio Ferreira Pinto. O então secretário teria perguntado para Telhada o que pensava sobre chefiar o temido batalhão da PM.

“Acho que o senhor está louco. O senhor sabe quem eu sou?”, questionou, ao que Ferreira Pinto, segundo Telhada, teria respondido: “Sei que você é matador, sei que você faz bico com o Gugu, sei que você é um puta de um encrenqueiro na polícia, mas é você que eu quero na Rota.”

Derrite demonstrou a sua gratidão a Telhada com uma série de elogios. “Falo para todo mundo com muito orgulho que, sem dúvida, o melhor comandante que eu tive, com todo respeito aos demais, que tive grandes comandantes, em Osasco, no Corpo de Bombeiros. O senhor me inspirou muito”, disse.

Em outras entrevistas a canais de Youtube e até mesmo na Assembleia Legislativa, Telhada sempre exaltou o trabalho realizado com o apresentador do SBT. Procurado pelo Metrópoles na última semana, ele reafirmou que o trabalho extra corporação “sempre foi currículo, nunca foi vergonha”.

Procurado via assessoria da SSP na última quarta-feira (13/11) para falar sobre o bico do comandante que tem como inspiração, Derrite não se manifestou até a publicação da reportagem. O espaço segue aberto.

A SSP também não respondeu se há investigação em curso para apurar a atuação de policiais civis e militares como seguranças privados, nem quantos foram autuados por esse tipo de serviço irregular neste ano.

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