Teria a NASA acabado com a vida em Marte por acidente?

E se o lander Viking, da NASA, tiver encontrado vida em Marte enquanto estudava o Planeta Vermelho, mas destruiu os seres acidentalmente durante um experimento? É o que propôs em 2023 Schulze-Makuch, professor da Universidade Técnica de Berlim. Para ele, os experimentos de detecção de vida podem ter sido fatais para qualquer microrganismo que talvez existisse por lá

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Para entender, é preciso recordar o projeto Viking, da NASA. Por meio da iniciativa, a agência espacial enviou orbitadores gêmeos a Marte, que levavam módulos de pouso em seus interiores; em 1976, ambos os módulos foram liberados, descendo à superfície marciana e se tornando as primeiras espaçonaves norte-americanas a pousar lá. 

Foto de Marte tirada pelo lander Viking I (Imagem: Reprodução/NASA/JPL)

Pois bem, a Viking 1 continuou orbitando Marte enquanto os landers coletavam amostras de solo. Eles conduziram experimentos de detecção de vida a partir das técnicas usadas para identificar microrganismos na Terra, como a adição de água e nutrientes nas amostras de solo seguida do monitoramento para verificar sinais de qualquer possível ser vivo. 


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E eis que, um dia, os landers Viking anunciaram um possível sinal positivo de detecção de atividade microbiana nas amostras de solo. A aparente descoberta alimentou debates por décadas, mas muitos dos cientistas acreditam hoje que os resultados eram negativos ou, se muito, inconclusivos. 

Mas Dirk Schulze-Makuch discorda

Vida em Marte? 

Para o professor e astrobiólogo, existe mais um fator nesta equação: os landers podem muito bem ter descoberto vida em Marte, mas teriam matado-a com os experimentos com a água líquida. Na publicação na Nature Astronomy, ele argumentou que, como Marte é muito mais seco que os lugares mais áridos da Terra, qualquer forma de vida lá seria extremamente sensível a qualquer contato com água líquida. Aliás, uma simples gotinha talvez fosse suficiente para ameaçar tais seres, caso realmente existam. 

Marte já abrigou grandes quantidades de água (Imagem: Reprodução/NASA/The Lunar and Planetary Institute)

E mesmo assim os experimentos dos Viking foram realizados sob a consideração que, assim como os seres na Terra, aqueles em Marte também iriam exigir água. Portanto, ele acredita que os resultados dos experimentos não seriam explicados pela ausência de vida, mas sim pela destruição de microrganismos de um ambiente árido, expostos a água demais

Se as colocações dele sobre a capacidade de microrganismos viverem nas condições extremamente áridas de Marte estiverem corretas, Schulze-Makuch acredita que a NASA deveria repensar sua estratégia de busca por vida: ao invés de investir na água, ele sugere que a agência espacial deveria observar mais atentamente os sais em Marte

Segundo ele, sais e organismos podem obter água a partir da atmosfera e, segundo ele, isso causa uma espécie de “atraso” porque o sistema resiste à cristalização, fazendo com que a água resista em um sal por mais tempo do que o esperado. “Isso é crucial, porque aumenta a atividade da água em nível microscópico, deixando-a acessível para micróbios”, acrescentou. 

Ele recorda que os seres vivos são bastante eficientes em aproveitar estes efeitos físicos e químicos, e que a biologia conta com diferentes exemplos de seres que aproveitam o ‘truque”. “Mas Marte, há quase 4 bilhões de anos, era muito parecido com a Terra, com água em abundância. À medida que se tornou mais seco, caminhando em direção ao seu atual estado desértico, são esses os tipos de adaptações que eu esperaria que qualquer vida remanescente desenvolvesse”, finalizou ele. 

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