Nunes quer adotar gestão privada nas escolas da rede pública de SP

São Paulo — “A gente não pode ficar achando que o modelo tem que perpetuar porque tem que perpetuar. A gente tem que sempre olhar qual é a melhor performance dos serviços públicos, como é que o aluno vai se desenvolver melhor”, declarou o prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), sobre planos de adotar gestão privada nas escolas municipais.

Para o político, a escola Liceu Coração de Jesus é um exemplo concreto do sucesso da mudança. Segundo ele, o resultado é importante porque “a avaliação dos alunos do Liceu [na Prova SP] está melhor do que a média das demais unidades da Prefeitura de São Paulo.”

“Quando você tem uma experiência na cidade de São Paulo de convênio com o Liceu, que era uma escola particular, passou a ser uma escola pública municipal e a média da avaliação é melhor do que a média geral, você precisa ter um olhar para isso”, defendeu o prefeito.

Em agosto de 2022, a direção do Liceu anunciou o fechamento do colégio, que fica na região da Cracolândia, no centro de São Paulo. O prefeito propôs, então, abrir uma escola municipal no local para ser gerida pelos padres da instituição, um convênio excepcional. Atualmente, o município mantém convênios com a iniciativa privada apenas em creches.

A ideia, no entanto, desagrada especialistas e educadores. Para a coordenadora geral da Campanha Nacional pelo Direito à Educação, Andressa Pellanda, “não há argumentos em favor que se sustentem com boa base científica e pedagógica na área da administração educacional.”

Para ela, a declaração de Nunes não é baseada em evidência científica e a Prova SP aponta índices em larga escala, o que não significa que a educação está adequada ou que é de qualidade.

“Provas como essa não medem a aprendizagem de forma profunda e nem a qualidade na educação, que vai muito além de um resultado de avaliação em larga escala sobre competências em matemática ou português. Educação de qualidade vai além, pressupõe formação plena, crítica e cidadã também”, disse.

A comunicóloga reiterou que a gestão das escolas públicas deve, sim, ser melhorada, mas não pela privatização. “É preciso fortalecer a formação e as condições de trabalho dos profissionais de carreira públicos que estão nas escolas e garantir que estes possam fazer uma gestão sistêmica pedagógica da educação.”

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