Pesquisadores descobrem novo modelo cognitivo para criar e quebrar hábitos

Existe uma maneira mais efetiva de criar e quebrar hábitos, segundo uma pesquisa desenvolvida por neurocientistas irlandeses. Essa descoberta se baseia em uma nova percepção do modelo cognitivo, conceito que explica como as emoções e comportamentos são influenciados pelo modo de alguém de interpretar as situações da vida.

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Publicada na revista científica Cell no início de novembro, o estudo desenvolvido por pesquisadores do Trinity College Dublin cita três mecanismos (veja mais abaixo quais são) que precisam ser priorizados para tornar a mudança de hábitos alcançável e duradoura.

Um hábito é caracterizado pelos momentos em que acontecem respostas automáticas, que são inconscientes, e atropelam a capacidade de controle. 


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Segundo o estudo, a chave para superar o impasse está no sutil desequilíbrio que há entre dois sistemas do cérebro: o responsável por reações automáticas e o que permite o controle direcionado a objetivos.

Rolar pelas mídias sociais quando você está entediado é o resultado do sistema de resposta automática, enquanto guardar seu telefone para se concentrar no trabalho é uma atitude habilitada pelo sistema cerebral de controle direcionado a objetivos. 

Esse desequilíbrio se torna nítido quando acontecem deslizes em ações cotidianas, como digitar uma senha antiga em vez da atual. 

O estudo descreve alguns fatores que podem influenciar o equilíbrio entre respostas automáticas e controle direcionado a objetivos. São eles:

  • Repetição e reforço: repetir um comportamento cria fortes associações e recompensar o comportamento torna mais provável que ele seja feito novamente;
  • Mudanças no ambiente: tornar os comportamentos desejados mais fáceis de acessar promove a criação de um ambiente mais saudável para o desenvolvimento de novas atitudes, assim como é preciso remover sinais que desencadeiam comportamentos indesejados;
  • Desvinculação do controle forçado: o circuito precisa ser “engajado” para ajudar a fortalecer ou enfraquecer hábitos. Um exemplo de controle forçado é deixar de ouvir podcasts ou músicas enquanto se exercita, sem se “recompensar” pelo esforço empregado na tarefa. 

Apesar disso, o estudo também cita que fatores como estresse, fadiga e a pressão exercida pelos horários podem desencadear um retorno a padrões antigos. Para conseguir estimular novas rotinas, permanecer atento e intencional é fundamental para obter sucesso.

De acordo com os cientistas, a pesquisa tem potencial de melhorar significativamente as abordagens ao desenvolvimento pessoal, bem como o tratamento clínico de transtornos compulsivos como, por exemplo, transtorno obsessivo-compulsivo, dependência química e transtornos alimentares.

“Nossa pesquisa revela por que esses comportamentos automáticos são tão poderosos e como podemos aproveitar os mecanismos do nosso cérebro para mudá-los. Reunimos décadas de pesquisa de estudos de laboratório, bem como pesquisas de cenários do mundo real para obter uma imagem de como os hábitos funcionam no cérebro humano”, afirmou Eike Buabang, principal autor da pesquisa, em comunicado à imprensa.

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