Nova terapia “reinicia” o sistema imunológico em pessoas com doenças autoimunes

As terapias com células CAR-T são uma aposta contra diferentes tipos de câncer, como a leucemia, permitindo que o próprio organismo consiga destruir as células doentes. O mesmo mecanismo é aplicado em uma nova terapia voltada exclusivamente para pacientes com doenças autoimunes, como lúpus. O tratamento experimental permite reiniciar o sistema imune, e ele volta a funcionar sem os problemas antigos que afetam a saúde.

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A terapia CAR-T contra doenças autoimunes foi aplicada em um grupo muito pequeno de pacientes, mas os resultados iniciais parecem promissores contra esta classe de doença que não tem uma cura conhecida. A maioria dos indivíduos com condições autoimunes precisa tomar remédios imunossupressores por toda a vida, o que limita o funcionamento do sistema imune contra outras ameaças.

A pesquisa pioneira é liderada por Georg Schett, cientista da Universidade de Erlangen-Nuremberga (Alemanha). Os primeiros resultados foram detalhados em artigo publicado na revista The New England Journal of Medicine. Na última semana, ele atualizou o debate durante o encontro anual do American College of Rheumatology (ACR), que aconteceu nos EUA.


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Reiniciar o sistema imune?

As doenças autoimunes provocam diferentes sintomas e complicações na vida do paciente, mas têm um ponto incomum: são causadas pelo descontrole de um grupo de células B (ligado à produção de anticorpos), do sistema imunológico. Isso resulta no corpo se atacando, como se combatesse uma infecção.

Estudo mostra que nova terapia contra doenças autoimunes pode reiniciar o sistema imunológico, que volta funcionando bem (Imagem: DCStudio/Freepik)

Em busca da nova terapia, a pesquisa alemã recrutou 15 pacientes com doenças autoimunes em estágio avançado, como lúpus eritematoso sistêmico, miosite inflamatória idiopática e esclerose sistêmica.

De forma semelhante ao que ocorre com pacientes com câncer, as células CAR-T (um tipo de célula T do sistema imune) passaram a combater todas as células B, saudáveis ou não, após uma única infusão da terapia. Em poucos dias, elas tinham sido eliminadas do sangue. 

Após três meses do tratamento radical (e completamente experimental), o corpo começava a repor as células B até os níveis antigos, mas agora elas eram inteiramente saudáveis, como se todo o “programa” tivesse sido reiniciado e voltasse a operar com as “configurações de fábrica”. Ainda é cedo para saber quanto tempo a aparente cura pode durar, mas esse achado é bastante animador.

Terapia CAR-T contra doenças autoimunes

No momento, a equipe segue acompanhando estes pacientes com doenças autoimunes controladas e também espera desenvolver ensaios clínicos maiores, o que permitirá entender o quão viável é o tratamento.

“Atualmente, não temos dados suficientes para fazer afirmações definitivas sobre as diferenças nos perfis de terapias CAR-T contra câncer e contra doenças autoimunes”, explica Marco Ruella, pesquisador da Universidade da Pensilvânia (EUA), em nota do ACR. O cientista não contribui diretamente com a pesquisa. 

Entretanto, “os dados preliminares envolvendo doenças autoimunes parecem sugerir que o perfil de segurança das células CAR-T pode ser mais favorável contra a doença autoimune”, afirma.

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