Gigantes: boxe brusquense brilha como nunca nos Jogos Abertos de Santa Catarina

Por trás de cada soco, esquiva e gongo final, há histórias de superação, disciplina e paixão. O boxe brusquense escreveu uma página histórica nos Jogos Abertos de Santa Catarina (JASC) deste ano, conquistando o título geral da modalidade e provando que o ringue é um espelho da vida: para vencer, é preciso lutar.

Entre os rostos marcados por suor e esforço, o tricampeão dos JASC, Ezequiel Trajano da Silva, se destacou, levando o ouro na categoria 67kg. Aos 23 anos, ele reflete sobre o caminho que o levou ao topo mais uma vez. Para o atleta, é essencial saber driblar (ou, neste caso, termo melhor seja ‘esquivar’) as adversidades para chegar aonde se almeja.

“Treinar com dor, cansado, desmotivado… tudo isso faz parte. Muitos pensam que é só dar soco, mas vai muito além disso. É preparo físico, mentalidade, força de vontade. Você precisa dar o seu melhor porque, se você não treinar, o adversário vai”, afirma o atleta da Academia Meninos do Boxe. Para Ezequiel, o título é a recompensa de anos de dedicação e amor ao esporte. “Eu amo boxe, amo lutar, e representar Brusque é uma honra”.

Outro destaque da equipe brusquense de boxe foi o pugilista João Vitor Batista Gomes da Silva, que brilhou com a medalha de ouro na categoria acima de 92kg. Para ele, a conquista logo em sua estreia nos JASC é um reflexo do trabalho de toda a sua equipe.

“O Marlon (técnico) teve uma grande importância. Ele deu todo o suporte, as instruções no campeonato, o encaixe das técnicas… Sem ele, eu não teria saído vitorioso”, diz João, emocionado. “Foi como uma energia olímpica, um evento incrível, e levar o ouro para Brusque foi indescritível. O professor merece todo o reconhecimento por esse trabalho”.

Lutando contra os próprios limites

Enquanto alguns celebravam medalhas, outros comemoravam vitórias internas. Luciano de Oliveira Ribeiro, prata na categoria 80kg, enfrentou desafios além do ringue, com lesões graves, cirurgias e a típica incerteza e insegurança de quem está buscando a recuperação física e mental.

“Foi um ano muito difícil. Tive duas cirurgias, sete parafusos no tornozelo e treinei com dor, sem estar 100%. Mas eu não desisti. Subi de peso e enfrentei adversários experientes, como o campeão brasileiro. Apesar de tudo, tirei um lugar no pódio. Isso foi mais mental do que físico”, relata Luciano, com orgulho.

Wesley dos Reis, ouro na categoria 71kg, destaca o espírito coletivo que marcou a preparação da equipe brusquense. “Eu perdi 10 quilos para essa competição. Foi um trabalho intenso, mas a galera dos Meninos do Boxe fez tudo ficar mais fácil. Um incentiva o outro, sabe? Isso fez a diferença. Ganhar a medalha de ouro foi uma sensação inexplicável. Só quem passou por isso entende”, afirma Wesley.

Mesmo sem o ouro, atletas como Richard Ferreira Rodrigues (prata, 57kg) e Claudionei Cavalheiro da Silva (bronze, 51kg) mostraram a força da equipe brusquense. “Eu queria o ouro, mas fico contente em ter ajudado Brusque a somar pontos. Agora é treinar mais para trazer grandes resultados no próximo ano”, comenta Richard.

Claudionei, por sua vez, encara o terceiro lugar como aprendizado, tentando ver a parte boa do ocorrido, buscando melhorar nas próximas oportunidades. “Perdi para um atleta que já havia vencido antes, mas dessa vez ele levou. Isso só me motiva a melhorar e buscar o ouro no futuro”, salienta.

“Não é só sobre vencer”

Assim como aprendemos em filmes como Rocky e Creed, para o pugilista Matheus Siqueira Barros, bronze na categoria 63kg, o boxe é mais do que apenas medalhas e títulos: é um exercício constante de superação dos próprios limites, trazendo lições que podem muito bem serem adaptadas para os acontecimentos do cotidiano em nossas vidas.

“É gratificante subir no ringue, levar a medalha pra casa e representar Brusque. Mas, acima de tudo, é sobre o aprendizado e a dedicação. Cada luta ensina algo novo”, comenta.

Um título para a história

Entre tantos lutadores, uma história se repetia: a gratidão à equipe e ao técnico Marlon Soares. Cada medalha conquistada, seja ouro, prata ou bronze, trazia consigo o reconhecimento pelo trabalho coletivo. Nos treinos da academia, o ringue não era apenas um lugar de combate, mas também de aprendizado mútuo.

O mentor por trás das vitórias viu seu trabalho coroado com o título geral da modalidade. Entre sorrisos, ele resumiu o sentimento de toda a equipe. “Esses meninos são gigantes. Cada um, com sua história e sua luta, fez história. O boxe de Brusque nunca esteve tão forte, e isso é só o começo”.

Brusque mostrou ao Estado que sua força no ringue vem de algo maior: a união, a superação e o desejo de escrever novos capítulos de glória. O título nos JASC é uma vitória coletiva, e o futuro promete ainda mais.

Adicionar aos favoritos o Link permanente.