A Social-Democracia e o PT (por Ricardo Guedes) 

O PT perdeu a oportunidade de transformar o Brasil em uma Social-Democracia. Tudo ia bem na transição de Fernando Henrique para Lula. O PIB com Fernando Henrique cresceu de US$ 0,5 trilhão em 1994 para US$ 0,9 trilhão em 1998, caindo para US$ 0,5 trilhão em 2002 devido às crises cambiais. Lula assumiu a Presidência em 2023 com a passagem do Governo de forma harmoniosa, dentro do protocolo. Lula aumentou o PIB de US% 0,5 trilhão para US$ 2,2 trilhões em 2010. A sequência política a partir de 2010/2011, entretanto, foi desastrosa.

O Partido Social Democrata – PSD, Alemão, foi criado em 1863. Partido de origem nas classes trabalhadoras, ele era “social” no sentido da inclusão dos trabalhadores na economia, e “democrata” na demanda por sistemas eleitorais. Na Alemanha, Kautsky era favorável à mudança através do voto, e Rosa Luxemburgo através de revoluções. No SPD, a estratégia eleitoral prevaleceu,

Adam Przeworski estuda o fenômeno da Social-Democracia. Marx achava que, no capitalismo, as classes médias iriam diminuir e as classes dos trabalhadores manuais aumenta, levando a revoluções socialistas. Isto ocorreu no século XIX, quando as classes médias, então constituídas por artesões diminuiu, com o acréscimo da classe trabalhadora. Mas a partir de 1900, surge a nova classe média do “colarinho branco”, estabilizando a classe trabalhadora a partir de 1920 em 25% da população econômica ativa, em todos os países. Portanto, para um partido de esquerda fazer a maioria em uma eleição, ele precisa de abrir mão da representação da classe dos trabalhadores, abrindo a amplitude de sua representação. Na sequência política, a classe empresarial concede benefícios aos trabalhadores, e os trabalhadores abrem mão da estratégia revolucionária, com a rotação de poder. A isto, se chama de “pacto Social-Democrata”.

Lula escolhe Dilma como candidata em 2010. O PIB chega a US$ 2,6 trilhões em 2016, devido às bases plantadas no governo anterior, caindo para US$ 2,2 trilhões em 2014 com a reeleição de Dilma em eleição com acirramento político. O PIB cai para US$ 1,8 trilhão em 2014, com erros na política econômica e impeachment de Dilma. Temer leva o PIB para US$ 1,9 trilhão em 2018. No desgaste do PT e do PSDB, Bolsonaro é eleito como 3ª via em 2018. Bolsonaro, com fraco desempenho econômico e erros no Covid, deixa o país em 2022 com o mesmo PIB de US$ 1,9 trilhão. Lula assume levando o PIB a US$ 2,1 trilhões em 2023, com projeção de US$ 1,9 trilhões em 2024. Nas eleições Municipais de 2024, a vitória do meio, com perspectivas para o centro voltar ao poder. Mas o pacto Social-Democrata, se foi. Talvez porque os pactos Social-Democratas vieram de baixo para cima, e não como um acordo de elites políticas, como foi aqui, que sucumbiram aos interesses. É uma pena!

 

 

Ricardo Guedes é Ph.D. em Ciências Políticas

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