Lira cobra retratação do Carrefour após medida contra carne brasileira

O presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), disse nesta segunda-feira (25/11) que o Congresso irá pautar medidas de “reciprocidades econômicas” contra a França. A declaração se dá depois de o CEO do Carrefour, o francês Alexandre Bompard, dizer que deixará de comprar carnes vendidas por países do Mercosul. Lira ainda cobrou uma “retratação” por parte do CEO.

“Nos incomoda muito o protecionismo europeu, principalmente da França, contra o Brasil, que deverá ter, por parte do Congresso Nacional, em sua pauta, a lei da reciprocidade econômica entre países”, disse Lira no “Global Voices”, vento promovido pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) em São Paulo (SP).

O parlamentar não detalhou quais medidas podem ser adotadas. Mas defendeu que o Brasil precisa dar uma “resposta clara” à retaliação dos franceses.

“O Brasil, o Congresso Nacional, os empresários e a população têm de dar uma resposta clara ao protecionismo exagerado. Têm que dar uma resposta clara para que esse protecionismo exagerado, sobretudo da França, [para que] não seja motivo de injusto protecionismo contra interesses de quem protege [o meio ambiente] debaixo da lei mais rígida com nosso código brasileiro florestal”.

Assista a um trecho:

 

No seu discurso, Lira também cobrou uma retratação do CEO do Carrefour.

“Não é possível que o CEO de um grupo importante como Carrefour não se retrate de uma declaração de praticamente não contratar as proteínas animais advindas e oriundas da América do Sul”, declarou o presidente da Câmara.

A fala de Lira sobre o embate com o Carrefour não estava prevista em seu discurso, mas o presidente da Câmara disse que “quebraria o protocolo” para abordar o tema.

Ministro vê absurdo

Também nesta segunda, o ministro da Agricultura e Pecuária, Carlos Fávaro, declarou estar “feliz” com a decisão de frigoríficos brasileiros de suspender o fornecimento de produtos ao Carrefour no Brasil.

Trata-se de uma retaliação à decisão do CEO do gigante de varejo na França, Alexandre Bompard, de boicotar a carne brasileira, após 40 anos de comércio. Fávaro classificou a posição do francês como um “absurdo”.

Entenda o caso

Enquanto agricultores franceses fazem pressão pelo não fechamento do acordo comercial entre a União Europeia (UE) e o Mercosul, Bompard se comprometeu, na quarta-feira (20/11), a “não comercializar nenhuma carne” do bloco sul-americano, do qual o Brasil faz parte.

Em uma carta enviada a Arnaud Rousseau, presidente do sindicato agrícola francês, FNSEA, Bompard ainda apelou aos restaurantes da França a fazerem o mesmo.

Oficialmente, os produtores franceses de carne alegam que há suspeitas sobre os padrões ambientais, sociais e de saúde dos produtos originados nos países do Mercosul.

Mas é a posição protecionista adotada pelos produtores franceses o verdadeiro motivo do boicote à carne comercializada pelo Brasil. Na carta a Arnaud Rousseau, Bompard diz: “Em toda a França, ouvimos a consternação e a indignação dos agricultores diante da proposta de acordo de livre comércio entre a União Europeia e o Mercosul”.

A França passou por protestos em série dos produtores locais. O motivo é o aumento da chance da assinatura do acordo de livre comércio entre União Europeia e Mercosul. Os agricultores franceses consideram haver uma concorrência desleal.

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