Fernandin do Tigrinho pagou R$ 1,7 mi a empresa em nome de faxineira

São Paulo — O Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) identificou um pagamento suspeito de R$ 1,7 milhão da One Internet Group (OIG), do empresário Fernando Oliveira Lima, a uma empresa em nome de uma faxineira de São Paulo. Conhecido como Fernandin OIG, ele é apontado como o representante do Jogo do Tigrinho no Brasil.

A transferência, considerada atípica pelo Coaf, integra um rol de pagamentos investigados pela Polícia Civil de São Paulo em um inquérito sobre lavagem de dinheiro das bets que já mapeou mais de R$ 100 milhões em movimentações financeiras suspeitas.

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Fernandin ostenta avião nas redes sociais

Empresa de Fernandin aparece pagando R$ 1,7 milhão a empresa sob suspeita de estar em nome de laranja
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Fernandin mostra vida de luxo em seu Instagram

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Fernandin ostenta avião nas redes sociais

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Empresa de Fernandin aparece pagando R$ 1,7 milhão a empresa sob suspeita de estar em nome de laranja

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Fernandin deve prestar depoimento nesta terça-feira (26/11) à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) das Bets no Senado Federal. Na convocação do empresário, a senadora Soraya Thronicke (Podemos-MS), relatora da CPI, afirma que a empresa dele é “suspeita de facilitar operações de apostas on-line, o que levanta preocupações sobre possíveis práticas ilícitas e lavagem de dinheiro”. Ele nega.

Fernandin também é dono da OIG Gaming Brazil Ltda., que obteve aprovação do Ministério da Fazenda para operar três sites de bets. Nessa segunda-feira (25/11), a defesa do empresário protocolou um habeas corpus no Supremo Tribunal Federal (STF) pedindo para não comparecer na CPI ou o direito de permanecer em silêncio durante o depoimento e não se comprometer a dizer a verdade caso decida ir.

Ele tem negado reiteradamente ser o representante ou dono do Jogo do Tigrinho no Brasil. Em um comunicado nas redes sociais, a OIG afirma que se trata de uma “fake news” e que a representação do jogo pertence a outra empresa. A empresa afirma que atua na busca por melhores práticas “em respeito ao jogador”. A reportagem tentou, sem êxito, contato com a OIG.

Mas é nessa condição que ele foi convocado pelo Senado. Fernandin esbanja uma vida de luxo, com carros importados e avião, além de amizade com famosos, como cantores sertanejo. Em suas redes sociais, exibe uma Lamborghini e um jato Cesna Citation, além de viagens ao redor do mundo.

Sua empresa, a OIG, apareceu em um relatório de Coaf enviado à Polícia Civil de São Paulo no âmbito de uma investigação aberta para apurar suposta lavagem de dinheiro e desvios no contrato entre o Corinthians e a empresa Vai de Bet. A investigação é conduzida pelo delegado Tiago Fernando Correia, da Delegacia de Investigações sobre Lavagem ou Ocultação de Bens e Valores.

O Metrópoles apurou que informações do órgão de inteligência financeira levaram à abertura de novas frentes de investigações, que apuram transações de mais de R$ 100 milhões ligadas ao mundo das bets.

Os relatórios do Coaf têm um ponto em comum: todos mostram transações suspeitas ligadas à Neoway, uma empresa que está em nome de uma moradora da periferia de Peruíbe, no litoral sul de São Paulo. Foi a Neoway que recebeu R$ 1 milhão da Rede Social Media e Design, intermediária do contrato entre o Corinthians e a Vai de Bet.

Uma das empresas que mantiveram transações com a Neoway foi a ACJ Plataform Comércio e Serviços, da qual recebeu R$ 600 mil. A ACJ também foi aberta por um homem de Peruíbe, em julho de 2023. No dia 29 de agosto daquele ano, passou para o nome de Carolina Aparecida Vieira, de 32 anos. A Polícia Civil de São Paulo suspeita que ela seja laranja na constituição da empresa.

No registro da empresa na Junta Comercial, consta que a mulher reside ao lado da Marginal Pinheiros, no Butantã. Ela, no entanto, mora em Suzano, na Grande São Paulo.

“Ela faz uns bicos, gosta de fazer faxina, é faxineira”, diz ao Metrópoles Katia Jacinta de Oliveira, mãe de Carolina. “Ela tem filho, é casada, mora em Suzano. Nunca ela morou em Butantã. Essa história está muito mal contada. Alguém está usando o documento dela, não é possível”, acrescenta.

A reportagem não conseguiu contato com Carolina. Sua mãe disse à reportagem que ela teve o celular roubado recentemente.

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