Bolsonaro tinha plano de fuga com uso de armas e técnicas militares

A Polícia Federal identificou um plano para “evasão e fuga” do então presidente Jair Bolsonaro (PL) do país. O esquema seria colocado em prática em caso de uma suposta intervenção do Supremo Tribunal Federal (STF) no Executivo, como também em eventual cassação da chapa de Bolsonaro para as eleições de 2022.

O esquema tinha técnicas militares e previa o uso de armamentos e munições para pronto emprego, que estariam em um cofre.

Os detalhes do plano são descritos em relatório da PF cujo sigilo foi levantado nesta terça-feira (26/11) pelo ministro do STF Alexandre de Moraes. Trinta e sete pessoas, incluindo o ex-presidente Bolsonaro e 25 militares, foram indiciados por tentativa de golpe de Estado.

O plano de fuga foi encontrado no notebook no ex-ajudante de ordens da Presidência da República, tenente-coronel Mauro Cid, considerado o braço-direito de Bolsonaro. O documento, em formato de Power Point, foi criado em 22 de março de 2021.

O esquema, segundo a PF, reforça o uso de técnicas de forças especiais do Exército no interesse da organização criminosa.

O plano de fuga de Bolsonaro tinha três passos:

  1. Proteção do Pr no Planalto e Alvorada: haveria a cooptação de militares do Gabinete de Segurança Institucional – GSI, que uma vez acionados estariam ocupando posições chaves nos Palácios do Planalto e da Alvorada para auxiliar na exfiltração do então presidente da República;
  2. Condições de ocupar Etta Estrg como forma dissuasória para mostrar apoio ao Pr: A consulta realizada nos repositórios oficiais permite descreve o termo “Etta Estrg” como uma abreviação para “estrutura estratégica”. São instalações, serviços, bens e sistemas que, se forem interrompidos ou destruídos, provocarão sério impacto social, ambiental, econômico, político, internacional ou à segurança do Estado e da sociedade;
  3. Montar e operar um RAFE/LAFE para exfiltrar o Pr para o exterior: após garantir a segurança de Jair Bolsonaro, os militares golpistas criariam uma rede de auxílio para acolher o ex-presidente e conduzi-lo para fora do território nacional.

Segundo o Glossário de Termos e Expressões para Uso no Exército (2018), RAFE é a sigla para Rede de Auxílio À Fuga e Evasão. Trata-se de “Dispositivo montado em território ocupado pelo inimigo, que visa a acolher o fugitivo amigo e conduzi-lo até uma linha de auxílio à fuga e evasão.”

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Presidente Jair Bolsonaro no discurso aos apoiadores na Avenida Paulista, em SP

Avenida Paulista: mais de 10 quarteirões tomados por público
Presidente Jair Bolsonaro no discurso aos apoiadores na Avenida Paulista, em SP
Presidente Jair Bolsonaro no discurso aos apoiadores na Avenida Paulista, em SP
Manifestantes com faixa espalhadas em concentração de ato
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Ato 7 de Setembro com Jair Bolsonaro na Avenida Paulista em SP

Fábio Vieira/Metrópoles

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Presidente Jair Bolsonaro no discurso aos apoiadores na Avenida Paulista, em SP

Divulgação

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Avenida Paulista: mais de 10 quarteirões tomados por público

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Presidente Jair Bolsonaro no discurso aos apoiadores na Avenida Paulista, em SP

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Presidente Jair Bolsonaro no discurso aos apoiadores na Avenida Paulista, em SP

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Manifestantes com faixa espalhadas em concentração de ato

Carolina Giovanelli/Metrópoles

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Rafaela Felicciano/Metrópoles

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Rafaela Felicciano/Metrópoles

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Grupos mais radicais pediam intervenção

Hugo Barreto/Metrópoles

Já o termo LAFE é a sigla para Linha de Auxílio à Fuga e Evasão. É descrito como um “Dispositivo montado em território ocupado pelo inimigo que visa a dar condições ao evadido de chegar às linhas amigas. Interliga várias redes de auxílio à fuga e evasão”.

“Apesar de não empregada no ano de 2021, o plano de fuga foi adaptado e utilizado no final do ano de 2022, quando a organização criminosa não obteve êxito na consumação do golpe de Estado. Conforme será descrito nos próximos tópicos, Jair Bolsonaro, após não conseguirem o apoio das Forças Armadas para consumar a ruptura institucional, saiu do país, para evitar uma possível prisão e aguardar o desfecho dos atos golpistas do dia 08 de janeiro de 2023 (festa da Selma)”, destaca o relatório da PF.

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