Casa alugada pelo PL em 2022 virou “QG do Golpe”, afirma PF

Conforme relevado pelo Metrópoles em 2022, na coluna Rodrigo Rangel, a casa alugada para sediar o comitê da campanha de Jair Bolsonaro (PL) à reeleição foi usada como “QG do Golpe”. Relatório da Polícia Federal (PF) apontou que a casa, localizada no Lago Sul, bairro nobre de Brasília, foi usada por investigados como “base logística”.

O relatório final da investigação da Polícia Federal terminou com 37 indiciados por golpe de Estado, incluindo o presidente do PL, Valdemar Costa Neto. A retirada do sigilo e a divulgação do documento ocorreram nesta terça-feira (26/11).

Segundo a PF, o padre José Eduardo de Oliveira e Silva e o advogado Amauri Saad — à época residentes no estado de São Paulo — foram a Brasília em novembro e dezembro de 2022 para participar de reuniões com o então assessor presidencial Filipe Martins no local.

À época do “QG do Golpe”, o Metrópoles informou que o general Walter Braga Netto dava expediente no local regularmente, na companhia de seu entourage, que incluía oficiais das Forças Armadas.

Em um dos dias, Braga Netto recebeu o ex-ministro e deputado federal Osmar Terra, conhecido propagador do discurso radical bolsonarista. O general foi candidato a vice na chapa de Bolsonaro naquele pleito.

Bolsonaro sabia

A PF apontou que Bolsonaro teria planejado e atuado de forma direta no planejamento para impor um golpe de Estado no Brasil. Segundo a corporação, o então presidente “tinha plena consciência e participação ativa” nas ações clandestinas promovidas por grupo investigado. O presidente “planejou, atuou e teve domínio de forma direta e efetiva” de plano golpista, conclui a Polícia Federal no documento.

“Há robustos elementos de prova que demonstram que o planejamento e o andamento dos atos eram reportados a Jair Bolsonaro, diretamente ou por intermédio de Mauro Cid”, diz trecho do documento.

O texto da Polícia Federal detalha que, ao dar continuidade à execução do plano, os envolvidos realizaram práticas que visavam subverter a ordem constitucional e inviabilizar a transição democrática de poder. As ações clandestinas, organizadas e deliberadas, reforçam o caráter articulado das investidas contra as instituições democráticas.

Os desdobramentos da investigação trazem à tona a gravidade dos fatos, colocando Bolsonaro como uma figura central no esquema. As evidências reforçam o comprometimento do grupo com uma tentativa de ruptura institucional que, segundo os investigadores, teve início ainda durante o mandato presidencial.

As investigações começaram ainda em 2021, com o chamado inquérito das fake news. Entre os indiciados, há militares, policiais federais, ex-ministros do governo Bolsonaro, além do próprio ex-presidente.

Na última operação antes da conclusão do inquérito, na semana passada, três militares e um policial federal foram presos por suspeita de estarem envolvidos em um plano para matar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), o vice Geraldo Alckmin (PSB) e o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes.

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