Marielle: Filha de Cunha usa áudio de Cid para defender deputado preso

Filha de Eduardo Cunha, a deputada federal Dani Cunha (União-RJ) saiu enfaticamente em defesa do colega Chiquinho Brazão (União-RJ), preso no domingo (24/3) por ordem do STF sob a suspeita de ser um dos mandantes da morte da vereadora Marielle Franco (PSol).

A defesa foi feita por Dani no grupo de WhatsApp da bancada do União Brasil na Câmara. Nas mensagens, às quais a coluna teve acesso, ela se coloca contra a expulsão de Chiquinho da sigla e chega a mencionar os áudios de Mauro Cid vazados na semana passada.

Ao longo de uma série de mensagens enviadas na noite do domingo, a filha de Cunha também cita a guerra interna pelo comando do União entre o deputado federal Luciano Bivar, afastado da presidência da legenda, e do advogado Antônio Rueda, eleito novo presidente da sigla.

“Acho que o União é um partido que não pode sair culpando ninguém, haja vista sua administração… Expulsar um membro do partido enquanto o poder se bate de frente com uso de ameaças e armas pesadas… Não se resolveram ainda e querem punir aqueles que não têm prova”, escreveu Dani.

A deputada pede ainda que o União Brasil aproveite e expulse todo o grupo político de Brazão, da qual ela faz parte. “Se for para expulsar, peço que expulse o grupo todo, que já quer sair há muito tempo. Que não se identifica com essa tomada no partido, tampouco este tipo de briga”, disse.

Áudios de Mauro Cid

Nas mensagens, Dani questiona se o relatório da Polícia Federal que aponta Chiquinho o como mandante seria suficiente. “Ninguém viu arma, agora documento de PF é suficiente? Se fosse assim, todos os nossos processos a parte acusatória seria suficiente”, escreveu a parlamentar.

É nesse contexto, então, que a filha de Cunha cita os áudios de Mauro Cid no qual o ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro acusou a PF de induzi-lo a confirmar narrativas prontas. “Você não viu o áudio do coronel Cid não? onde colocam palavras na boca das pessoas?”, afirma.

A deputada pede ainda que os colegas saiba “separar o joio do trigo”. “Estamos falando de um deputado nosso par.. que amanhã pode ser qualquer outro (sic), disse. “Essa Casa já viu Wilson Santiago pegando dinheiro e livrou, já não livrou Daniel Silveira e se arrepende”, acrescentou.

Deputados rebatem filha de Cunha

Alguns deputados rebateram Dani ao longo da conversa no grupo da bancada. “Não é o partido que está falando, é o STF! O partido não pode ser associado a esse tipo de conduta, para nós fica muito ruim”, escreveu Fábio Schiochet (União-SC), dizendo ser favorável à expulsão de Chiquinho.

Relação antiga

Como mostrou a coluna, Cunha tem uma longa relação com a família Brazão. Em mais de uma ocasião, ele registrou nas redes sociais sua proximidade com Domingos Brazão, irmão de Chiquinho e também preso apontado como mandante da morte de Marielle. Ambos se referiam um ano outro como “meu amigo”.

Nas eleições de 2010 e 2014, Cunha e Domingos Brazão chegaram a fazer “dobradinha” no Rio de Janeiro: o ex-presidente da Câmara citava Domingos como o seu candidato a deputado estadual, enquanto Domingos dizia que Cunha era o seu candidato a deputado federal.

A relação entre as familiares também rendeu uma homenagem à Dani Cunha na Assembleia Legislativa do Rio na semana passada. Ela recebeu uma medalha por iniciativa do deputado estadual Manoel Brazão (União), irmão de Chiquinho e de Domingos Brazão.

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