Vereadores da Câmara Municipal do Rio de Janeiro estão em choque com um relato feito pelo então chefe da Polícia Civil, Rivaldo Barbosa, em uma reunião ocorrida menos de um mês após a execução de Marielle Franco.
Às onze horas da manhã de 4 de abril de 2018, Rivaldo Barbosa recebeu em seu gabinete seis vereadores que integravam uma comissão temporária para acompanhar a intervenção na segurança pública do estado, comandada pelo general Braga Netto.
Antes mesmo que algum dos parlamentares lhe fizesse perguntas, o chefe da Polícia Civil se antecipou:
“Meu objetivo principal é solucionar o assassinato da Marielle. Nós éramos amigos de longa data, desde antes de ela ser vereadora”, disse. Preso neste domingo (24/3) por suspeita de arquitetar a execução, o delegado Rivaldo Barbosa continuou:
“Marielle fazia parte da Comissão de Direitos Humanos da Alerj [na equipe do deputado Marcelo Freixo]. E por isso me trazia muitos casos de denúncias que recebia, já naquela época. Sou amigo, inclusive, da família dela. Vou fazer tudo o que estiver ao meu alcance”. A lembrança do relato, seis anos após a execução, embrulha o estômago dos vereadores presentes.

ARQUIVO Marielle – O chefe de Polícia Civil do Rio, Rivaldo Barbosa, em entrevista sobre o assassinato de Marielle Franco. Ao lado, o deputado Marcelo Freixo, de quem a vereadora foi assessora parlamentar
Ao saber do assassinato de Marielle, Freixo acionou o então chefe de polícia, Rivaldo Barbosa
Tomaz Silva/Agência Brasil

Rivaldo Barbosa
Ex-chefe da PCRJ, Rivaldo Barbosa se dizia “amigo” de Marielle
Fernando Frazão/Agência Brasil

Rivaldo Barbosa e familiares de Marielle em reunião
Delegado se reuniu com a família de Marielle um mês após o crime, em 2018
Tânia Rêgo/Agência Brasil

Rivaldo Barbosa, ex chefe da Policia Civil do Rio de Janeiro – PCRJ
PF aponta que delegado arquitetou assassinato de Marielle
Fernando Frazão/Agência Brasil

Rivaldo Barbosa e familiares de Marielle em reunião
Delegado prometia solucionar o assassinato de Marielle e de Anderson Gomes
Tânia Rêgo/Agência Brasil

Ronnie Lessa e Rivaldo Barbosa
O ex-PM Ronnie Lessa e o delegado Rivaldo Barbosa
Divulgação; Fernando Frazão/Agência Brasil

caso-marielle-rivaldo-barbosa
Rivaldo Barbosa chegando na sede da PCDF para exames no IML
Breno Esaki/Metrópoles @BrenoEsakiFoto

Chiquinho Brazão, Rivaldo Barbosa e Domingos Brazão – Acusados de matar Marielle Franco
Chiquinho Brazão, Rivaldo Barbosa e Domingos Brazão – Acusados de matar Marielle Franco
Montagem sobre fotos da Camara dos Deputados, EBC, e Alerj

Marielle Rivaldo Barbosa e familiares de Marielle em reunião
Rivaldo Barbosa com os pais de Marielle, e Freixo
Tânia Rêgo/Agência Brasil
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Rivaldo Barbosa é citado nas investigações como o mentor do assassinato de Marielle Franco.
A Polícia Federal aponta que ele teria instruído que a execução não ocorresse no trajeto que a vereadora fazia para a Câmara Municipal, de modo a evitar a que a investigação caísse nas mãos da Polícia Federal, por ser crime político.
Governador presente
Entre os seis vereadores que participaram da reunião com Rivaldo Barbosa, estava o hoje governador do Rio, Cláudio Castro (PL). Na época, o então parlamentar integrava as fileiras do PSC.
O atual presidente da Câmara Municipal do Rio, Carlo Caiado (PSD), também foi ao encontro. Ele comandava a comissão criada para acompanhar a intervenção federal no estado.
Rivaldo Barbosa estava acompanhado de sua subchefe de gabinete, delegada Gisélia Miranda.