Fósseis de excrementos e vômitos de dinossauros dão pistas de como evoluíram

Os dinossauros dominaram o planeta Terra muito antes dos humanos, mas pouco se sabe como chegaram ao topo da cadeia alimentar. Agora, uma equipe internacional de paleontólogos analisou vômitos e fezes fossilizados dos primeiros dinossauros para entender como a dieta interferiu neste processo. A surpresa é que o segredo desses gigantes pode ser explicado, em partes, pela alimentação rica em plantas.

• Clique e siga o Canaltech no WhatsApp
• Penas e plumas: de que cor eram os dinossauros, afinal?
• Por que não há fósseis de dinossauros em todos os lugares?

Para usarmos nomes mais científicos, a equipe liderada por cientistas da Universidade de Uppsala (Suécia) analisou os bromálitos (material fossilizado do sistema digestivo) de dinos que viveram entre o Triássico Superior e o Jurássico Inferior, há mais de 200 milhões de anos. As amostras se dividiam em regurgitalitos (vômito) e coprólitos (fezes), já eliminados ou não.

“A capacidade de examinar o que os dinossauros estavam comendo e como eles interagiam com seu ambiente fornece insights inestimáveis ​​sobre o que permitiu que eles chegassem ao topo”, conta Martin Qvarnström, pesquisador da Universidade de Uppsala e principal autor do artigo, em nota.

–
Entre no Canal do WhatsApp do Canaltech e fique por dentro das últimas notícias sobre tecnologia, lançamentos, dicas e tutoriais incríveis.
–

Todos os vestígios da cadeia alimentar dos dinossauros foram coletados na Bacia Polonesa, localizada na região mais ao norte do antigo supercontinente Pangea — o planeta mudou muito nos últimos 1,8 bilhões de anos —, segundo estudo publicado na revista Nature.

O que os dinossauros comiam?

Ao usar técnicas avançadas de imagem para analisar o vômitos e as fezes, a equipe de paleontólogos identificou uma mistura de alimentos, incluindo restos de peixes, insetos (como besouros), ossos esmagados de animais maiores e plantas. Em geral, eles eram oportunistas, comendo basicamente o que encontravam.

Já o material obtido a partir dos primeiros grandes dinossauros herbívoros, os saurópodes (aqueles com pescoço longo), continha grandes quantidades de samambaias e carvão. Como este vegetal pode ser tóxico em grande quantidade, acredita-se que eles consumiam os pedaços de carvão (capazes de promover a desintoxicação) como uma forma de “medicina intuitiva”.

Segredo do sucesso: consumo de plantas

Com base nesses achados, os cientistas defendem que o segredo para o grupo chegar no topo da cadeia alimentar esteve no consumo de uma ampla gama de vegetais entre os primeiros dinossauros herbívoros. Isso permitiu que essa classe de dinos se tornassem mais “robustos”, o que fez deles uma refeição perfeita para os onívoros e os carnívoros, que também começaram a crescer. 

A “sorte” é que esses dinossauros conseguiam se alimentar de mais tipos de plantas do que os outros vertebrados de quatro patas que habitavam a mesma região (estes eram mais especializados e restritos na dieta). Isto pode ter sido uma limitação mortal, quando se pensa na evolução das espécies.

Aqui, é preciso destacar mais uma particularidade da região com fezes e vômitos fossilizados de dinossauros. O local experimentou intensos processos tectônicos, durante as mudanças que ocorreram no supercontinente, o que alterou o ambiente. São os casos das vias marítimas que surgiram. A aridez foi substituída por um clima mais úmido, permitindo o desenvolvimento de outros tipos de plantas. Diferentes espécies da flora e da fauna foram extintas nesse processo. 

Então, se deu bem quem conseguia se alimentar das novas opções “gastronômicas”, o que parece ter sido a especialidade desses dinossauros herbívoros. Sem restrições, o grupo chegou a dominar o planeta, antes da extinção.

Leia mais:

• Dinossauros prosperaram depois do gelo e não do fogo, diz estudo
• Fóssil encontrado no Brasil é de réptil ‘avô’ dos dinossauros
• Como era o som dos dinossauros? Novo modelo ajuda a descobrir

VÍDEO: Veja o que sabemos sobre a secreta Área 51, nos EUA

Leia a matéria no Canaltech.