Pela primeira vez em 8 anos, Rússia bombardeia Alepo, na Síria

Caças russos e sírios realizaram bombardeios neste sábado (30/11) em Alepo, segunda maior metrópole da Síria, localizada no norte do país, depois que insurgentes jihadistas assumiram o controle da maior parte da cidade após uma ofensiva surpresa.

Os ataques ocorrem em um momento em que uma aliança de facções rebeldes, liderada pela organização militante islâmica Hayat Tahrir al-Sham (HTS) penetrou profundamente na cidade, informou o Observatório Sírio para os Direitos Humanos, com sede no Reino Unido.

A HTS, considerada uma das milícias armadas mais poderosas do noroeste da Síria, é liderada pela antiga filial da Al-Qaeda na Síria e controla grandes áreas da região de Idlib, assim como partes das províncias vizinhas de Alepo, Hama e Latakia.

Cerca de 14 mil tiveram que fugir

Fontes militares sírias afirmam que povoados nos arredores também sofreram ataques aéreos das forças russas e sírias depois que os rebeldes realizaram sua varredura na região desde quarta-feira (27/11), forçando cerca de 14 mil habitantes a deixarem suas casas, de acordo com as Nações Unidas.

Desde setembro de 2015, as tropas da Rússia têm lutado ao lado das tropas leais ao presidente sírio, Bashar al-Assad, em uma tentativa de reprimir uma revolta de várias forças rebeldes que se seguiu à repressão do governo sírio aos protestos pró-democracia, em sua maioria pacíficos, em 2011.

Escalada

A recente explosão de combates ocorre após um período em que a guerra civil da Síria era considerada amplamente contida.

Assad, com a ajuda de seus aliados Rússia e Irã, conseguiu colocar cerca de dois terços do país novamente sob o controle do governo nos últimos anos, sendo que Idlib, a sudoeste de Alepo, continua sendo o último reduto rebelde.

As Forças Armadas da Síria anunciaram neste sábado que haviam feito uma “retirada temporária das tropas” para preparar uma contraofensiva e que dezenas de soldados haviam sido mortos em combates em Alepo e Idlib nos últimos dias.

Os rebeldes afirmam que a ofensiva é uma resposta aos recentes bombardeios de artilharia das forças do governo contra áreas civis.

A Administração de Operações Militares dos rebeldes afirmou em seu canal no Telegram que houve “um grande colapso nas fileiras das forças” do governo sírio, cujas tropas “se retiraram de vários locais estratégicos” na província de Alepo e na vizinha Idlib, principal reduto da oposição na Síria.

Segundo estimativas do Observatório, pelo menos 311 pessoas foram mortas desde o início da ofensiva dos insurgentes na madrugada de 27 de novembro, um número que vem aumentando diariamente.

Entre elas, estão 183 combatentes islâmicos; 100 soldados do Exército sírio e de milícias pró-iranianas aliadas a Damasco; enquanto 28 civis foram mortos tanto em Alepo quanto em Idlib, a grande maioria deles, em bombardeios de aeronaves russas, segundo a ONG.

A operação coincidiu com a entrada em vigor de um frágil cessar-fogo no vizinho Líbano entre Israel e o movimento libanês pró-iraniano Hezbollah, após dois meses de guerra aberta.

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