“Frente ampla” vira xadrez para Nunes acomodar aliados no 1º escalão

São Paulo — A menos de um mês de iniciar o novo mandato, o prefeito Ricardo Nunes (MDB) enfrenta um “jogo de xadrez” para abrigar aliados que  integraram a coligação na disputa à reeleição. Após reunir 10 partidos em torno de sua candidatura, Nunes busca equilibrar as  demandas de parte dos aliados por espaços no primeiro escalão.

A demora em definir os nomes tem gerado apreensão e irritado alguns aliados, de acordo com relatos ouvidos pelo Metrópoles. Com um apoio tímido durante a eleição, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) não tem se envolvido na montagem do novo secretariado e as indicações do PL partem de Valdemar Costa Neto, presidente nacional da sigla.

Nesta semana, o PL indicou o nome do prefeito de Jundiaí, Luiz Fernando Machado, em fim de mandato, para compor a gestão Nunes. O fato de a indicação ter partido da cúpula nacional da legenda desagradou o diretório local do partido.

A tendência é que Machado fique com a Secretaria de Verde e Meio Ambiente, que atualmente já está com o PL, sob o comando de Rodrigo Ravena.  O vice-prefeito eleito, coronel Mello Araújo (PL),  deve assumir a Secretaria Executiva de Projetos Estratégicos. Vinculada à Casa Civil, a pasta cuida dos programas voltados à Cracolândia, entre outras funções.

Além da vice e do Verde e Meio Ambiente, o PL ainda reivindica a pasta da Educação — desejo reforçado pela ala mais ideológica eleita para a Câmara Municipal, composta por nomes como Lucas Pavanato, Zoe Martínez e Sonaira Fernandes.

A Educação, no entanto, é tratada como uma escolha pessoal do prefeito. Um dos nomes ventilados é o do ex-deputado federal Enrico Misasi (MDB), atual secretário executivo de Relações Institucionais da Prefeitura. Outra pasta cotada para o MDB é a de Esportes.

Além de abrigar os partidos aliados, interlocutores afirmam que Nunes precisa incluir nos cálculos  a nomeação de alguns vereadores eleitos para a próxima legislatura, o que abriria cadeiras para suplentes alinhados e aumentaria a base na Câmara Municipal, que não lhe confere a maioria.

Transporte, habitação e subprefeituras disputados

O vereador Ricardo Teixeira (União Brasil) é cotado para assumir a Secretaria de Transporte e Mobilidade Urbana, por indicação do presidente da Câmara, Milton Leite.

Teixeira era um dos nomes preferidos do Executivo municipal para a sucessão de Leite na presidência, mas o cacique prefere indicá-lo à Prefeitura ao mesmo tempo em que tenta emplacar o afilhado Silvão no comando da Casa. O União Brasil deseja ter de duas a três secretarias na gestão municipal, além de subprefeituras.

A Secretaria das Subprefeituras, uma das mais importantes da gestão, está entre as mais disputadas pelos partidos, já que o atual titular, Alexandre Modonezi, deve sair. Segundo aliados, o PSD de Gilberto Kassab pode herdar a pasta, com um possível convite para que seja comandada por Marcos Penido.

Penido já ocupou cargos na gestão municipal e estadual. Atualmente, é secretário executivo de Governo no Estado, sendo o  braço direito de de Kassab no governo Tarcísio de Freitas (Republicanos). A eventual ida de Penido para a prefeitura agradaria a ala do Palácio dos Bandeirantes que deseja diminuir a influência de Kassab no governo paulista.

Outros quadros do PSD cotados para postos-chave na administração municipal são os vereadores Rodrigo Goulart e Carlos Bezerra.

Do lado do Republicanos, o objetivo é manter a Secretaria de Habitação, hoje ocupada pelo ex-deputado Milton Vieira. A cadeira, no entanto, também está na mira do União Brasil e do PP. Além da Habitação, o PP também pressiona para ocupar a Secretaria de Transporte.

Na última semana, a prefeitura anunciou oficialmente a advogada Luciana Sant’Ana Nardi como a nova Procuradora-Geral do Município (PGM). Ela assume a vaga de Marina Magro Berninghs Martinez, que morreu no dia 5 de novembro.

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