NASA analisa voo final do helicóptero Ingenuity, o 1º “acidente aéreo” em Marte

A NASA anunciou na quarta (11) que os engenheiros do Laboratório de Propulsão a Jato (JPL) estão na reta final de da análise detalhada do último voo do helicóptero Ingenuity, realizado em 18 de janeiro. O documento deve ser publicado nas próximas semanas como um relatório técnico da agência espacial. 

  • Clique e siga o Canaltech no WhatsApp
  • Como o Ingenuity ajuda a NASA a criar novas aeronaves para Marte? 
  • “Último suspiro” do Ingenuity pode revelar causa dos danos em hélices

Criado como uma demonstração de tecnologia, o esperado era que o Ingenuity realizasse no máximo cinco voos experimentais ao longo de 30 dias, mas a pequena aeronave foi além: no fim, o helicóptero ficou em atividade por quase três anos e alcançou a impressionante marca de 72 voos, chegando quase três vezes mais longe do que o planejado pelos cientistas.

Durante o 72º voo, a aeronave deveria realizar uma espécie de “salto” vertical e breve para tirar fotos dos seus arredores enquanto os cientistas avaliavam seus sistemas. Os dados daquele dia mostraram que o helicóptero começou a descer 19 segundos após a decolagem, e em 32 segundos, já estava em solo — mas com falhas na comunicação. No dia seguinte, a equipe da missão retomou o contato com a aeronave, mas viram que as imagens revelaram danos graves em suas hélices.

Agora, a investigação mostrou que o sistema de navegação do Ingenuity foi incapaz de fornecer dados precisos durante o voo, e provavelmente foi isso que causou a sequência de eventos que resultou no fim da missão. “Quando você está investigando um acidente a milhões de quilômetros de distância, não tem caixas pretas e nem testemunhas oculares”, comentou Håvard Grip, o primeiro “piloto” do Ingenuity.

Último voo do Ingenuity

Ele acredita que os dados disponíveis permitem considerar vários cenários, mas só um deles parece ser o culpado. “A falta de textura da superfície deu poucas informações demais para o sistema de navegação trabalhar”, observou. É que o sistema de navegação de visão do helicóptero rastreava estruturas visuais na superfície com uma câmera, mas o problema é que o voo 72 foi conduzido em uma área plana e praticamente sem formações. 

Hélice do Ingenuity danificada (Imagem: Reprodução/NASA/JPL-Caltech)

Uma das principais tarefas do sistema era oferecer estimativas de velocidade, necessárias para o helicóptero pousar em segurança. No caso daquele voo,os dados enviados cerca de 20 segundos após a decolagem mostraram que o sistema não conseguiu identificar formações suficientes na superfície para se orientar, o que fez com que o Ingenuity pousasse a alta velocidade.

“No cenário mais provável, a queda na encosta da duna fez com que o Ingenuity tombasse e rolasse”, explicou a NASA. A rápida mudança de orientação causou mais estresse nas hélices do que elas foram projetadas para aguentar, rompendo quatro delas em seus pontos de menor resistência.

A boa notícia é que, embora o Ingenuity não possa mais voar, ele continua enviando dados meteorológicos e de aviônica para o rover Perseverance, que vão ajudar engenheiros a desenvolver novas aeronaves para lá. “O Ingenuity nos deu a confiança e os dados para imaginar o futuro dos voos em Marte”, comentou Teddy Tzanetos, engenheiro de projeto do helicóptero. 

Leia também:

Ingenuity envia mensagem de Marte à Terra pela última vez 

Helicóptero Ingenuity completa um ano de seu 1º voo histórico em Marte 

Local de pouso do Ingenuity recebe nome em homenagem a obra de Tolkien

Vídeo: Curiosidades sobre a Lua

 

Leia a matéria no Canaltech.

Adicionar aos favoritos o Link permanente.