Juliana Sana, repórter do É de Casa, mostra o poder feminino no campo

A jornalista Juliana Sana é apaixonada pelo campo e busca levar essa sua paixão para cada vez mais lares de todo o Brasil. Ela comanda o quadro Belezas da Terra, exibido nas manhãs de sábado dentro do É de Casa, da Globo, e mostra em rede nacional a força da mulher no agronegócio brasileiro. “A mulher é uma peça chave na evolução do planeta”, sacramentou a repórter.

Natural de Porto Alegre (RS), Juliana Sana estava no Rio Grande do Sul quando o estado foi atingido pela maior catástrofe climática já registrada na região, que desabrigou milhares de pessoas. “Eu estava no olho do furacão e era minha terra, aquilo me afetou de uma forma muito violenta”, desabafou a jornalista, num bate-papo exclusivo com a coluna Fabia Oliveira.

O Belezas da Terra, xodó da jornalista, nasceu quase de forma despretensiosa, durante a pandemia de covid-19. “Naquela época, todo mundo isolado, comecei a percorrer alguns sítios que eu ia quando era pequena e vi muitas mulheres à frente desses sítios, trabalhando enquanto todo mundo estava em casa”, lembrou Juliana Sana.

Apesar de mostrar a força da mulher brasileira à frente de tantas propriedades, Juliana Sana não se engana: o agro ainda é sim muito machista. “A porcentagem de mulheres liderando essas fazendas é pequena. Mas, embora a gente ainda veja muito machismo, a gente também vê muitos homens abrindo lugar pra essas mulheres”, declarou.

Na conversa com a coluna, a repórter falou da sua relação com o Rio Grande do Sul, o desafio que foi cobrir as enchentes no estado, histórias inspiradoras que encontro no interior do Brasil e da importância das mulheres no campo.

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Fabia Oliveira: Como foi, como gaúcha, ver toda catástrofe que se abateu sobre o Rio Grande do Sul?
Juliana Sana: Sempre tive essa relação com o campo e, esse ano, por acaso, eu estava gravando o Belezas da Terra no Sul quando aconteceram as enchentes. Aí acabei sentindo na veia, muitas produtoras rurais acabaram perdendo tudo na agricultura, gado… Acabei ficando, fazendo ao vivo para o Encontro, porque eu estava no olho do furacão e era minha terra, aquilo me afetou de uma forma muito violenta. Eu gravava matérias de barco. Foi uma catástrofe que nunca imaginei ver perto da escola que eu estudei, da casa dos meus pais. Foi muito chocante.

E como isso afetou as gravações do próprio quadro?
Resolvi fazer algumas matérias do Belezas da Terra para mostrar os prejuízos pro agronegócio, afinal, meu programa é sobre isso. Fiz um mês inteiro de mulheres que sofreram esses prejuízos diretos. Foi uma mistura de pessoal com profissional que eu nunca tinha sentido na pele. Nossa missão hoje é mostrar a vida dessas mulheres no campo, mostrar a rotina, mas mostrar também suas histórias, então me comprometi a voltar para o Sul e mostrar essa evolução. Não é uma coisa ‘Passou a água, acabou’, algumas pessoas perderam tudo que tinham. É um processo, tem cidades que desapareçam.

E de onde surgiu a ideia de mostrar as histórias dessas produtoras rurais?
Na pandemia, fui pro sul do Brasil e fiquei numa casinha simples da família no litoral, aquela época de lockdown, todo mundo isolado, e comecei a percorrer alguns sítios que eu ia quando era pequena, e vi muitas mulheres à frente desses sítios, trabalhando enquanto todo mundo estava parado, em casa. Comecei a pesquisar, ir atrás dessas mulheres, e a ver o Brasil como um celeiro de alimentos. Sítios que antes eram comandados por homens, agora eram liderados por mulheres. Me despertou uma vontade de mergulhar na vida dessas mulheres, trabalhando no sol, na chuva, sua rotina. Falei pro meu diretor [Mariano Boni] da minha ideia e ele topou. Agora, já são quatro anos de programa.

E quais histórias do Beleza da Terra mais te marcaram?
Foram tantas, mas acho que uma que me marcou muito é de uma mulher da Bahia, que é a dona Maria, que sofria abuso do marido, muito humilde, e um dia viu que dava pra plantar temperos no jardim de casa, e frutas. Ela começou uma geleia de cupuaçu, deu pra uma amiga, o negócio começou a crescer, chamou uma vizinha e montou uma cooperativa de mulheres que queriam ser independentes. Terminou o relacionamento abusivo e conseguiu ficar independente com a ajuda da terra. Hoje são mais de 40 mulheres que vivem desses produtos. É uma mulher semianalfabeta e hoje tem duas filhas na faculdade.
Outra é de uma mulher em Goiás, esposa de um grande fazendeiro, mãe de duas meninas, bem dona de casa. Num acidente de carro, ele veio a falecer, ela ficou paralisada da cintura pra baixo… Ela com duas crianças pra cuidar, duas fazendas na mão, e não sabia absolutamente nada. Amigos do marido queriam comprar as propriedades a preço de banana, mas ela não vendeu. Ela começou a pesquisar, fazer curso, e hoje ela tem três vezes mais a quantidade de cabeças de gado que o marido tinha e vai à campo na cadeira de rodas na terra vermelha. Foi muito impressionante.

E como surgiu o convite para levar o quadro para o É de Casa?
Foi natural, querendo ou não, eu vou nas fazendas, entro na casa das pessoas né. Esse quadro mistura histórias inspiradoras com empreendedorismo no campo. Converso com mulheres que, há 50 anos, nunca estariam fazendo isso, normalmente ela ficava na cozinha da fazenda, não tinha voz. Então, traz muito disso do empoderamento feminino no agro. A gente mostra que o agro é tudo, desde uma grande exportadora no Mato Grosso até uma mulher que faz um creme com o líquido do arroz.

Você mostra muitas histórias femininas no quadro, mas o campo ainda é um meio muito machista. Como lidar com essa situação?
O universo do agronegócio ainda é muito machista, claro, a porcentagem de mulheres liderando essas fazendas é pequena. Mas, embora a gente ainda veja muito machismo, a gente vê muitos homens abrindo lugar pra essas mulheres. A gente vê muitos homens dando lugar às mulheres porque ela vai cuidar de áreas que ele não teria capacidade, ou porque ela tá sempre mais preocupada em ações de sustentabilidade ou o bem-estar dos funcionários. A mulher traz um lado que o homem deixaria passar batido, ela é essencial nos dias de hoje. Mulher é uma peça chave na evolução do planeta.

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