Ceia pode ficar quase 20% mais cara com alta nos preços das carnes

 

Quem já começou a planejar o cardápio das festas de fim de ano deve ter percebido que os produtos estão mais caros em 2024, principalmente as proteínas. A carne de porco aumentou 17,16% no acumulado dos últimos 12 meses, enquanto os cortes bovinos subiram 15,43% e os de frango 16,09%. Os dados são do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA).

Essa é uma das razões para que as cestas de Natal, composta pelos produtos típicos da ceia, esteja custando R$ 439,30 em 2024, alta de 9,16% em relação ao ano passado, conforme levantamento divulgado pela Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe).

Depois do azeite, um dos maiores vilões da inflação de 2024, são as proteínas que lideram com as maiores altas. Veja os principais destaques:

  • Lombo de porco com osso (19,72%)
  • Pernil com osso (17,80%)
  • Filé mignon (16,87%)
  • Picanha (14,94%)
  • Chester (10,92%)
  • Frango em pedaços (9,26%)
  • Peru (7,50%)
  • Frango inteiro (6,83%)
  • Bacalhau (3,58%)

Por que a carne está mais cara?

O economista André Braz, da Fundação Getúlio Vargas (FGV), explica que a alta entre as proteínas é comum nesta época do ano. Neste caso, o aumento da demanda, impulsionada pelas festas e pelo décimo terceiro, costuma ser o principal responsável.

Em 2024, porém, uma “tempestade perfeita” se formou, trazendo consigo outros fatores que ajudaram a pressionar ainda mais os preços nas gôndulas: a desvalorização do câmbio, o ciclo da pecuária e o aquecimento do mercado interno.

Entre janeiro e novembro, as exportações de carne bovina somaram 2,95 milhões de toneladas, volume 30,84% maior em comparação com 2023. No mesmo período, o país enviou 1,243 milhão de toneladas de carne suína ao exterior, alta de 11,1%, e 4,845 milhões de toneladas de carne de frango, alta de 3,7%.

“O Brasil já é um grande exportador. Mas quando o real desvaloriza, é como se os produtos brasileiros entrassem em promoção, aumentando as vendas. De um lado, a exportação é boa, porque melhora a balança comercial, mas também diminui a quantidade de carne disponível para o mercado interno”, pontua Braz.

Neste ano, porém, a oferta já estava sendo afetada pelo ciclo pecuário. Isso porque o setor vive um momento de alta nos abates de fêmeas, devido à queda do preço dos bezerros, o que atrasa a recomposição do rebanho e, consequentemente, diminui a quantidade de carne disponível no mercado.

A baixa na oferta em um período de alta na demanda já seria o suficiente para impactar as compras. No entanto, como explica que como isso acontece em paralelo a alta nas dívidas públicas e a queda da taxa de desemprego no país, quando o poder de compra do brasileiro aumenta e há mais dinheiro circulando na economia, a inflação é ainda mais significativa

“Só o aumento da demanda não seria o suficiente para aumentar o preço da carne como temos visto nos últimos meses. Estes outros fenômenos foram decisivos. Eles não se repetem sempre, muito menos de forma simultânea, por isso os valores fora dos patamares que estamos acostumados”, esclarece o economista.

Apesar deste cenário afetar, principalmente, a carne bovina, a alta também tem pode ser observada entre as proteínas de ave e de porco. No caso do lombo, do pernil, do chester e do peru, a influência das festas de fim de ano é clara.

Já os frangos inteiro e em pedaços, Yago Travagini, analista de Mercado da Agrifatto, diz que a alta é uma resposta ao comportamento dos consumidores, que costumam substituir a carne vermelha em períodos de alta por opções mais em conta.

“Como estes cortes costumam ser mais competitivos, a procura por eles aumenta. Quanto maior a procura, maior será o preço também”, explica.

Segundo os especialistas, a perspectiva é este cenário seja mantido nos primeiros meses de 2025. Os preços só devem cair a partir de abril, quando o consumo perde força, a demanda volta ao seu padrão. Até lá, a oferta também deve ganhar força, ajudando a normalizar as despesas gastas pelos brasileiros com proteínas.

Fonte: Globo Rural

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