Golã: Alemanha denuncia violação e pede a Israel que desista de plano

A Alemanha pediu nesta segunda-feira (16/12) ao governo de Israel para abandonar o projeto de duplicação da população nas Colinas do Golã, conforme anunciou o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu no domingo (15/12). “Do ponto de vista do direito internacional, este território controlado por Israel pertence à Síria”, afirmou o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores alemão, Christian Wagner, em Berlim.

As Colinas do Golã são uma área montanhosa do território sírio que faz fronteira com Israel, Jordânia e Líbano. Parte deste planalto rochoso foi capturado por Israel no final da Guerra dos Seis Dias, em 1967, e anexado de forma unilateral pelos israelenses em 1981. Com a ocupação israelense, a Síria conservou apenas uma estreita faixa do Golã sob sua administração.

“A Síria tem sido o brinquedo de potências estrangeiras por muito tempo”, condenou o porta-voz alemão. Berlim enfatizou que é “muito importante que, nesta fase de agitação política na Síria, todos os atores levem em consideração a integridade territorial do país e não a questionem”. O governo alemão recomendou “moderação” a todos os protagonistas da região, acrescentou o porta-voz.

No domingo (15/12), o governo israelense aprovou por unanimidade um projeto de Netanyahu de desenvolvimento demográfico em localidades do Golã e na [cidade de] Katzrin por uma soma equivalente a R$ 67 milhões.

Cerca de 30.000 cidadãos israelenses vivem em 34 localidades no Golã ao lado de 23.000 drusos, uma minoria étnica que pratica uma religião derivada do islamismo. Os drusos se declaram sírios, em sua maioria, mas são considerados residentes de Israel. Em julho passado, foguetes lançados pelo Hezbollah libanês deixaram várias vítimas na cidade de Majdal Shams, no Golã.

O líder israelense afirmou que seu país não quer entrar em conflito com a Síria. Porém, na semana passada, Netanyahu deu ordens para as tropas israelenses ocuparem a zona tampão desmilitarizada que separa os dois países no Golã.

Em um vídeo divulgado por seu gabinete, Netanyahu acrescentou: “Hoje, todos entendem a importância capital da nossa presença no Golã, e não apenas no sopé das montanhas, que tem vista para as colinas da Galileia e o Mar da Galileia, no norte de Israel, disse o premiê. Com até 2.800 metros de altura, o planalto proporciona uma visão privilegiada da capital síria, Damasco, e funciona como uma barreira para quaisquer ataques vindos do vizinho.

Sabotagem

A Arábia Saudita foi um dos primeiros países a condenar o projeto israelense e denunciou uma “sabotagem” das “oportunidades de restabelecer a segurança e a estabilidade da Síria”.

O Catar lamentou “um novo episódio na série de agressões israelenses em territórios sírios e uma flagrante violação do direito internacional”.

Várias nações consideram a ocupação israelense do Golã, agora ampliada, uma ação oportunista por parte de Israel.

Ocupação para a eternidade

Na semana passada, após a queda do ditador sírio Bashar al Assad, deposto por uma coalizão de rebeldes liderada pelo grupo islamista HTS, Netanyahu afirmou que a parte das Colinas do Golã anexada por Israel pertencia ao seu país “para sempre”.

Israel considera as Colinas do Golã fundamentais para os seus interesses de segurança nacional e afirma que precisa controlar a região para se defender das ameaças da Síria e de grupos aliados ao Irã, como o Hezbollah, entre outros.

Desde a fuga de Assad para a Rússia, Israel realizou centenas de ataques em território sírio, visando desde depósitos de armas químicas até defesas aéreas navais sírias, em um esforço para evitar que as armas caiam nas mãos dos rebeldes, de acordo com autoridades militares israelenses.

As Colinas do Golã têm sido frequentemente um motivo de conflito no Oriente Médio. Em 2019, o ex-presidente Donald Trump disse que os Estados Unidos reconheceriam a soberania de Israel sobre a área. A declaração de Trump fragilizou anos de tentativas diplomáticas para encontrar uma solução para o Golã e agravou as tensões com a Síria.

Netanyahu e Trump tiveram uma nova conversa telefônica neste domingo. Em seguida, o premiê israelense reafirmou que a Síria atacou Israel no passado, além de ter permitido que outros grupos, como o Hezbollah, também o fizessem de dentro do território sírio.

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