Britânicos da Idade do Bronze literalmente comiam seus inimigos

Com a descoberta do Novo Mundo, no século XVI (a partir de 1501), começou a se espalhar pela Europa o mito do mau selvagem envolvendo as práticas de canibalismo adotadas nas Américas. Agora, uma série de novas evidências sugerem que, no passado remoto, os britânicos da Idade do Bronze também comiam literalmente seus inimigos, como mostra um estudo recém-publicado na revista Antiquity.

  • Clique e siga o Canaltech no WhatsApp
  • Sinal mais antigo de canibalismo é visto em osso de 1,45 milhão de anos
  • 6 séries e filmes de canibais que são casos reais

Ainda é cedo para generalizar as práticas de canibalismo a todos os britânicos do período, já que as evidências foram associadas a um único sítio arqueológico localizado no sudoeste da Inglaterra, o Charterhouse Warren. 

Além da prática de devorar os inimigos, foram encontradas provas de desmembramentos de pessoas antes delas serem jogadas em um poço com 15 metros. Ossos de animais foram encontrados ao lado das ossadas humanas, sem a adoção de nenhum aparente ritual funerário, como objetos. 


Entre no Canal do WhatsApp do Canaltech e fique por dentro das últimas notícias sobre tecnologia, lançamentos, dicas e tutoriais incríveis.

É “um nível e escala de violência sem precedentes na pré-história britânica”, afirmam os autores do estudo, incluindo pesquisadores da Universidade de Oxford e da Universidade de Cranfield, no artigo.

Canibalismo na Idade do Bronze

No estudo sobre as práticas da Idade do Bronze, os pesquisadores analisaram mais de 3 mil fragmentos ósseos. Analisando as amostras, foi possível identificar pelo menos 37 esqueletos humanos diferentes. 

Estudo encontra evidência de canibalismo entre os britânicos da pré-história (Imagem: Schulting et al. Antiquity, 2024)

A principal hipótese é de que todos tenham sido mortos em um único evento, de grande violência e canibalismo, entre 2210 e 2010 a.C. Com base nas rachaduras, buracos e cortes nos ossos, surgiu o entendimento daquelas pessoas terem sido “devoradas”.

Como existiam ossos de animais no mesmo poço, os cientistas descartaram a hipótese do canibalismo devido à fome e a uma necessidade desesperada por comida. Outro “detalhe” é que os restos mortais humanos não receberam nenhum tipo de tratamento especial, o que retira um possível simbolismo da prática — algo visto em relação à antropofagia.

“Os fatores que contribuíram para tal violência permanecem obscuros, mas o evento pode ter sido parte de um ciclo crescente de vingança decorrente de pressões sociais e políticas dentro ou entre comunidades da Idade do Bronze e, portanto, pode ter tido antecedentes e consequências[desconhecidas]”, sugerem os autores, no artigo.

Não se sabe quem exatamente foram as vítimas, mas as análises iniciais indicam que todos eram habitantes da região (não eram estrangeiros). Isso torna a descoberta arqueológica ainda mais enigmática.

Canibalismo era comum entre os britânicos antigos?

“Charterhouse Warren é um desses raros sítios arqueológicos que desafia a maneira como pensamos sobre o passado“, afirma Rick Schulting, arqueólogo da Universidade de Oxford e autor do estudo, em nota. 

Com base no que se sabe sobre o passado britânico, o canibalismo não era algo comum, mas, como o novo estudo mostra, ele existiu. “É um lembrete gritante de que as pessoas, na pré-história, podiam se equiparar [em termos de violência] às atrocidades mais recentes e ilumina um lado sombrio do comportamento humano. O fato de ser improvável que tenha sido um evento único torna ainda mais importante que sua história seja contada”, completa. Outras evidências antigas de possível canibalismo já foram encontradas na Europa.

Leia mais:

  • Pessoas da Mesopotâmia sentiam emoções em partes estranhas do corpo
  • Criatura recém-descoberta no oceano profundo parece um alien de tão bizarra
  • Peixe de 240 milhões de anos é descoberto graças a acelerador de partículas

VÍDEO: Conheça as HQs mais caras da história

 

Leia a matéria no Canaltech.

Adicionar aos favoritos o Link permanente.