Rússia prende suspeito de matar o general russo em atentado com patinete elétrico

Um homem de 29 anos com cidadania do Uzbequistão foi detido pelo Comitê de Investigação da Rússia nesta quarta-feira (18), suspeito de implantar a bomba que matou o tenente-general Igor Kirillov, chefe das Forças de Defesa Nuclear, Biológica e Química da Rússia, e seu assessor.

Suspeito de matar o general russo em vídeo de comunicado oficial

Suspeito de matar o general russo apareceu em comunicado oficial do Serviço Federal de Segurança – Foto: Divulgação/Serviço Federal de Segurança Russa/ND

Segundo a RTP (Rádio e Televisão de Portugal), o suspeito será levado ao Conselho de Segurança das Nações Unidas, que será realizada na sexta-feira (20).

A porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros da Rússia, Maria Zakharova, afirmou que os esforços estão voltados para encontrar e punir todas as pessoas envolvidas no atentado.

O que disse o suspeito de matar o general russo

Maria Zakharova relatou que o suspeito de matar o general russo revelou durante o interrogatório ter sido “recrutado pelos serviços especiais ucranianos”.

O homem disse que chegou a Moscou, recebeu a bomba e a colocou em um patinete elétrico estacionado perto do edifício onde vivia o general Kirillov.

Segundo os investigadores, o suspeito ainda alugou um carro, encontrado estacionado perto do edifício da vítima, em que foi instalada uma câmera de vigilância.

Igor Kirillov

Igor Kirillov fazia parte do alto escalão militar da Rússia – Foto: Reprodução/ND

As imagens da câmera foram transmitidas “em tempo real aos organizadores do ataque, para a cidade de Dnipro”, na Ucrânia, disse Maria Zakharova.

Desta forma, quando o general russo se seu assistente saíram do prédio, o dispositivo foi acionado remotamente e explodiu.

Como pagamento pelo atentado, o suspeito de matar o general russo receberia “uma remuneração de US$ 100 mil dólares [cerca de R$ 613.500]” e a possibilidade de se mudar “para um dos países europeus”.

O atentado que matou Igor Kirillov

Na madrugada de terça-feira, o general Igor Kirillov saía de um complexo residencial em Moscou quando um dispositivo escondido em uma scooter (patinete elétrico) explodiu e matou o militar e o adjunto dele, segundo o Comitê de Investigação da Rússia.

“Um artefato explosivo colocado em uma scooter estacionada perto da entrada de um imóvel residencial foi ativado na Avenida Ryazansky, em Moscou. O comandante das forças russas de defesa radiológica, química e biológica, Igor Kirillov, e seu adjunto morreram”, disse o Comitê, em comunicado.

De acordo com a agência de notícias estatal Tass, o artefato, com cerca de 300 gramas de TNT (um explosivo), foi detonado de forma remota.

Local do atentado a bomba em Moscou

Suspeito de matar o general russo acionou bomba remotamente – Foto: Alexander NEMENOV/AFP/ND

Desde abril de 2017, Igor Kirillov ocupava a chefia das Forças de Defesa Nuclear, Biológica e Química da Rússia. Recentemente, o general recebeu sanções do Reino Unido, pela acusação de supervisionar o uso de armas químicas na Ucrânia.

Por sinal, o serviço de segurança da Ucrânia, na segunda-feira (16), acusou o general russo morto de ser o “responsável pelo uso em massa de armas químicas proibidas.”

A participação do general na guerra com a Ucrânia

Em 2022, a Rússia invadiu a Ucrânia e iniciou uma guerra que dura até hoje. O discurso de Kirillov ajudou a pavimentar o caminho para o conflito. Ele acusou o país vizinho de produzir uma “bomba suja”, além de utilizar armas químicas recebendo ajuda de países do Ocidente, algo rebatido por especialistas.

Igor Kirillov também afirmou que os Estados Unidos estavam construindo laboratórios de armas biológicas na Ucrânia. O general era considerado da “linha-dura” em relação à guerra com os ucranianos.

Igor Kirillov

Suspeito de matar o general russo está detido em Moscou – Foto: Reprodução/ND

O discurso de Kirillov, por sinal, virou alvo de questionamentos. O Ministério das Relações Exteriores do Reino Unido, por exemplo, rotulou o general de “importante porta-voz de desinformação do Kremlin.”

O Reino Unido também sancionou Igor Kirillov, com punições que envolviam congelamento de bens e proibição de viajar. A principal acusação foi a que ele havia supervisionado o uso de armas químicas na Ucrânia. O Canadá e a Nova Zelândia também sancionaram o general russo.

Já o Serviço de Segurança da Ucrânia acusou o militar russo de crime de guerra. A agência ucraniana aponta que, sob a liderança de Kirillov, a Rússia usou armas químicas mais de 4,8 mil vezes desde o início da invasão. Ainda segundo a agência ucraniana, drones russos lançaram armas químicas contra os soldados da Ucrânia. A Rússia nega as acusações.

O Departamento de Estado dos Estados Unidos, em maio deste ano, declarou que registrou o uso do agente asfixiante cloropicrina, uma arma química utilizada na Primeira Guerra Mundial, contra as tropas da Ucrânia. A Rússia rebateu e negou as acusações.

A retórica alinhada à invasão russa e o discurso forte e campanha de desinformação também marcaram o papel do general no conflito com a Ucrânia.

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