Diabo da Tasmânia: 4 curiosidades do maior marsupial carnívoro do mundo

Os diabos-da-tasmânia, famosos através do personagem do Looney Tunes que leva seu nome — Taz Mania —, são os maiores marsupiais carnívoros do mundo, carregando, como seus parentes maiores, a icônica bolsa que guarda os filhotes após o nascimento. O único aspecto que talvez não lhes faça justiça é a fama de “demônios”.

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Se alimentando principalmente de restos e exalando um forte cheiro por uma glândula na cauda, eles não são muito grandes, sendo um pouco maiores do que meio metro, no caso dos machos, mas fazem um barulho alto e horripilante, o que lhes deu sua fama inicial de “diabos”. O animal é importante para o ecossistema, já que se livra de carcaças que trariam superpopulações de insetos.

De aparência simpática, os diabos-da-tasmânia são pequenos marsupiais, mas os maiores carnívoros entre o grupo desde a extinção do tilacino ou tigre-da-tasmânia (Imagem: JJ Harrison/CC-BY-S.A-3.0)
De aparência simpática, os diabos-da-tasmânia são pequenos marsupiais, mas os maiores carnívoros entre o grupo desde a extinção do tilacino ou tigre-da-tasmânia (Imagem: JJ Harrison/CC-BY-S.A-3.0)

A espécie, no entanto, está em extinção, ameaçada por um câncer facial contagioso, então saber mais sobre eles pode ajudar na sua preservação — e é por isso que nós, do Canaltech, separamos fatos curiosos sobre o pequeno, porém genioso bichinho que só existe na natureza da ilha australiana da Tasmânia, na Oceania.


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Urso ou demônio da Tasmânia?

Até a ciência compreender totalmente os curiosos animais, eles tiveram vários nomes: os aborígenes da ilha, há muito tempo, tinham diversos termos, como purinina e tardiba, nenhum fazendo referência a demônios. O primeiro ocidental a estudá-lo foi o naturalista George Harris, em 1808, dando o nome científico de Didelphis ursina, já que as orelhas arredondadas do bicho lembravam um urso.

A fama de demônios vem do alto e horripilante som produzido pelos diabos-da-tasmânia, levando exploradores a crer que a criatura seria maligna antes de ver sua aparência com os próprios olhos (Imagem: Chen Wu/CC-BY-S.A-2.0)
A fama de demônios vem do alto e horripilante som produzido pelos diabos-da-tasmânia, levando exploradores a crer que a criatura seria maligna antes de ver sua aparência com os próprios olhos (Imagem: Chen Wu/CC-BY-S.A-2.0)

Anos depois, em 1841, Pierre Boitard viu características marsupiais o suficiente no animal para propor um novo nome — Sarcophilus harissii, cuja primeira palavra significa “amante de carne”, e segunda, “de Harris”, homenageando o naturalista. Altamente carnívoros, os diabos-da-tasmânia até caçam presas pequenas, mas se alimentam principalmente de carcaças, o que garantiu seu nome científico.

Vida na Austrália

O marsupial é endêmico da Austrália, ou seja, só pode ser naturalmente encontrado no país. Apesar disso, ele só está em poucas ilhas: a principal é a Tasmânia, mas também há as próximas Robbins, Bruny e Badger, emboras estas duas últimas tenham perdido o animal nas últimas décadas. Um bicho com uma história semelhante, mas com menos sorte, foi o extinto tigre-da-tasmânia, seu parente distante.

Uma das primeiras ilustrações científicas para descrever a espécie, quando ainda era chamada de Sarcophile oursin (Imagem: Frédéric Cuvier/Domínio Público)
Uma das primeiras ilustrações científicas para descrever a espécie, quando ainda era chamada de Sarcophile oursin (Imagem: Frédéric Cuvier/Domínio Público)

Na grande ilha continental australiana, a espécie foi extinta entre 5.000 e 6.000 anos atrás — acredita-se que isso tenha ocorrido por um combinação entre competição com os dingos (caninos locais), pressão pela expansão dos aborígenes e mudanças climáticas pela crescente força da Oscilação Sul do El Niño. Atualmente, o ser humano repopulou a ilha com os diabos-da-tasmânia.

Um pequeno diabo

Os diabos-da-tasmânia são pequenos, com os machos alcançando 65 centímetros de comprimento e 5 a 11 quilos, e as fêmeas, 57 cm e 4 a 8 kg, em média. Sua expectativa de vida fica entre 5 e 6 anos, mas um espécime chegou a 7 anos em cativeiro. A aparência lembra bastante a de um urso, fora a cauda, que é mais comprida, mas não possui flexibilidade suficiente para agarrar coisas.

O rabo é particularmente importante, já que serve como depósito de gordura — os mais saudáveis possuem caudas gordas — e ajuda no equilíbrio durante a corrida, como contrapeso.

Apesar de preferir hábitos noturnos, os diabos-da-tasmânia conseguem ser ativos durante o dia, aproveitando banhos de sol como o da foto (Imagem: Wayne McLean/CC-BY-2.0)
Apesar de preferir hábitos noturnos, os diabos-da-tasmânia conseguem ser ativos durante o dia, aproveitando banhos de sol como o da foto (Imagem: Wayne McLean/CC-BY-2.0)

O centro de gravidade do bicho é na parte dianteira, o que dá um andar curioso aos marsupiais. As patas dianteiras possuem cinco dedos, permitindo agarrar objetos, mas as traseiras só tem quatro. As garras não são retráteis, ficando permanentemente expostas.

Eles possuem vibrissas, ou “bigodes”, como os gatos, ajudando a tatear e localizar presas. Sua audição é muito boa, assim como o olfato, que revela animais a até 1 km de distância, e sua visão é monocromática, ou seja, em “preto-e-branco” — isso ajuda a detectar objetos em movimento com precisão, mas atrapalha na hora de identificar objetos parados.

Bolsas marsupiais

Como um bom marsupial, como o canguru, os diabos-da-tasmânia guardam os filhotes em bolsas, onde ficam após a gestação, que dura entre 14 e 22 dias. As ninhadas geram de dois a quatro filhotes, e a competição entre eles é acirrada, com muitos perecendo pelo caminho.

Taz Mania, personagem dos Looney Tunes, em um desfile na Califórnia — ele ajudou a popularizar a espécie (Imagem: V Smoothe /CC-BY-2.0)
Taz Mania, personagem dos Looney Tunes, em um desfile na Califórnia — ele ajudou a popularizar a espécie (Imagem: V Smoothe /CC-BY-2.0)

Eles ficam agarrados nas mamas do marsúpio (nome científico da bolsa) até os 90 dias de vida, mamando no local até o 105º dia, quando o deixam pela primeira vez, desmamando aos 8 meses. Quando jovens, eles costumam subir nas árvores para dormir entre os galhos, prática que acredita-se ter se popularizado pela competição entre a própria espécie, onde adultos comeriam os filhotes alheios.

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