Mulher que doou rim recebe órgão de porco editado geneticamente

Nos EUA, médicos cirurgiões do NYU Langone Health realizaram um novo transplante de rim de porco editado geneticamente para uma pessoa. O “detalhe” inusitado é que a mulher já tinha doado um dos seus rins há mais de 20 anos, quando estava completamente saudável e nem imaginava que um dia teria problema renal. O número de edições genéticas também aumentou, o que busca tornar a cirurgia mais segura.

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A paciente que recebeu o rim de porco editado geneticamente é Towana Looney, de 53 anos, que teve alta hospitalar 11 dias após a cirurgia de transplante ainda experimental. Entretanto, deverá fazer acompanhamento médico regular.

Transplante de rim de porco para humanos

“[A paciente] Towana representa o ápice do progresso que fizemos no campo dos xenotransplantes [transplantes entre espécies diferentes] desde que realizamos a primeira cirurgia em 2021. O caso serve como um farol de esperança para aqueles que lutam contra a insuficiência renal”, afirma Robert Montgomery, diretor do NYU Langone Transplant Institute e um dos responsáveis pelo procedimento, em nota.


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Com doença renal, mulher recebe doação de rim de porco editado geneticamente nos EUA (Imagem: Joe Carrotta/NYU Langone Health)

Este é o terceiro transplante de um rim de porco para um ser humano vivo na história. Em cada novo transplante, os médicos têm a possibilidade de aperfeiçoar as técnicas usadas. Desta vez, eles aumentaram o número de edições genéticas no órgão, chegando a 10.

Foram “deletados” quatro genes normalmente encontrados nos porcos, incluindo um ligado ao crescimento. Além disso, outros seis genes humanos foram adicionados ao órgão, evitando o risco de rejeição — este é um dos maiores problemas no campo das doações. 

Caso da mulher que já tinha doado rim

O caso da norte-americana Towana está repleta de detalhes incomuns. Por exemplo, a doação de um dos seus rins foi feita em 1999 para ajudar a sua mãe e os problemas de saúde só foram aparecer em 2017. Não necessariamente os dois fatos estão relacionados. Na verdade, menos de 1% dos doadores vivos desenvolvem insuficiência renal após a doação.

Embora Towana tenha entrado na fila de transplante ainda em 2017, ela não conseguiu encontrar em anos um doador compatível, o que levou a agravos do seu quadro. Por causa da saúde debilitada, foi considerada apta para o transplante experimental — os xenotransplantes não são liberados para todos, mas, sim, para casos muito restritos.

Avanço dos xenotransplantes

Segundo dados do Ministério da Saúde, atualizados nesta quarta-feira (18), 45,2 mil pessoas estão na fila por um transplante de órgão no Brasil. Deste total, 41,8 mil aguardam especificamente por um doador compatível de rim. Isso apenas reforça o problema da falta de doações e a necessidade de novas alternativas, como os xenotransplantes.

Paciente renal tem alta após xenotransplante feito nos EUA (Imagem: Joe Carrotta/NYU Langone Health)

Então, se os testes com os transplantes de rins de porco geneticamente modificados demonstrarem a segurança da alternativa, milhares de pessoas poderão ser beneficiadas nos próximos anos. Em animais, os experimentos estão mais avançados e já demonstram potencial viabilidade da estratégia.

Vale lembrar que, além da questão envolvendo o transplante de rim, cientistas também avaliam e testam a possibilidade de transplantar corações de porcos para humanos, como já ocorreu algumas vezes. Por enquanto, os órgãos doados não trabalham por muito tempo.

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