Trabalho análogo à escravidão: Rock in Rio e empresa terceirizada autuadas

Rio de Janeiro – O Ministério Público do Trabalho (MPT) autuou a organizadora do Rock in Rio, Rock World, e a empresa terceirizada Força Bruta Backstage por submeterem 14 trabalhadores a condições análogas à escravidão durante a última edição do festival. Os resgatados relataram jornadas de até 21 horas por dia e condições precárias de descanso no local de trabalho.

Os auditores fiscais agiram após denúncias feitas no penúltimo dia do evento, constatando irregularidades na produção e montagem do festival. As empresas acumularam 32 autos de infração e têm prazo para se defender.

Trabalhadores enfrentaram jornadas exaustivas

Funcionários contratados pela Força Bruta Backstage relataram um esquema de trabalho que incluía diárias de R$ 90, com a possibilidade de receberem R$ 150 caso aceitassem trabalhar até as 5h da manhã, após iniciarem suas jornadas às 8h.

Contudo, o intervalo entre o fim de uma jornada e o início da próxima era de apenas três horas. Os trabalhadores, sem outra alternativa, dormiam no próprio local de trabalho, onde os auditores encontraram evidências da exploração, como documentos que registravam as horas trabalhadas.

Denúncias levaram ao flagrante

A operação ocorreu no dia 22 de setembro, às 5h15, após denúncias de três funcionários no dia anterior. Os fiscais encontraram os trabalhadores dormindo no chão, exaustos e sem condições adequadas de descanso.

Além disso, documentos reforçaram as evidências de jornadas abusivas. O MPT destacou a negligência tanto da empresa contratada quanto da organizadora do festival, que já havia sido alvo de denúncias semelhantes no passado, mas nunca autuada diretamente.

Autuações e defesa das empresas

A Força Bruta Backstage recebeu 21 autos de infração, enquanto a Rock World foi responsabilizada em 11 autos. Ambas as empresas têm 10 dias para apresentar suas defesas.

Segundo o MPT, a Rock World não negociou diretamente com os órgãos fiscalizadores, mas foi obrigada a pagar as diárias atrasadas dos trabalhadores. A terceirizada alegou não ter condições financeiras de arcar com os valores devidos.

Reincidência no festival

Embora seja a primeira autuação direta da Rock World, denúncias sobre irregularidades trabalhistas já haviam sido feitas em edições anteriores do festival. Dessa vez, a negligência envolveu a produção e montagem do evento, setores essenciais para o sucesso do espetáculo.


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