Quando gigantes se enfrentam: as 6 brigas mais quentes da tecnologia em 2024

O ano de 2024 ainda não acabou, mas já podemos fazer uma retrospectiva sobre como o mundo das grandes empresas de tecnologia foi abalado nos últimos doze meses. Tivemos pelo menos seis disputas quentes envolvendo as Big Techs que criaram a base para novos capítulos tortuosos se desenvolverem durante 2025.

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Entre as “tretas” mais divertidas, tivemos a Samsung alfinetando a Apple por um anúncio infeliz publicado pela empresa da Maçã e também a possibilidade de o Google perder um de seus maiores ativos, o navegador Chrome, por conta de um processo antitruste na justiça dos EUA. Confira a lista completa:

  1. ARM vs. Qualcomm;
  2. Qualcomm vs. Apple;
  3. Meta vs. Apple;
  4. Samsung vs. Apple;
  5. Google vs. Departamento de Justiça dos EUA;
  6. X/Twitter vs. Justiça brasileira.

1. ARM vs. Qualcomm

A disputa entre ARM e Qualcomm, iniciada em 2021, ganhou novos contornos em 2024. A ARM processou a Qualcomm, exigindo que a empresa destruísse designs de CPU baseados na tecnologia desenvolvida pela startup Nuvia, adquirida pela Qualcomm há quase quatro anos por cerca de US$ 1,4 bilhão.


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A ARM argumenta que a Qualcomm não pagou as taxas necessárias para licenciar os novos designs, enquanto a acusada sustenta que sua licença anterior cobre essas inovações.

Novos chips Snapdragon 8 Elite e X Elite são baseados na tecnologia em disputa entre Qualcomm e ARM (Imagem: Léo Müller/Canaltech)

Essa disputa pode impactar negativamente a adoção de processadores ARM no mercado de PCs, especialmente em laptops otimizados para inteligência artificial, como os novos Copilot+ da Microsoft, que usam chips Snapdragon X Elite.

Além disso, o caso coloca em evidência o futuro do setor de semicondutores, já que ARM busca expandir sua participação no mercado de PCs dominado por Intel e AMD.

Uma decisão desfavorável para a Qualcomm pode dissuadir fabricantes de PCs de investir em processadores baseados em ARM, impactando o ecossistema global.

Se a disputa continuar, existe a chance de tecnologias rivais da ARM, como o RISC-V, ficarem em evidência.

2. Qualcomm vs. Apple

A relação entre Qualcomm e Apple permanece tensa há anos, apesar da renovação de um acordo de fornecimento de modems 5G até 2026.

Em 2024, surgiram rumores de que a Apple substituiria os modems da Qualcomm por designs próprios, desenvolvidos internamente para reduzir custos e aumentar a independência tecnológica.

A estratégia reflete o desejo da Apple em integrar verticalmente seus componentes de hardware e controlar o máximo possível da tecnologia embarcada nos seus iPhones.

Próximos celulares top de linha da Apple podem ficar sem 5G, caso a Qualcomm decida “se vingar” (Imagem: Reprodução/YouTube/ Wylsacom)

Embora a Qualcomm tenha assegurado o fornecimento de modems para os novos celulares da Maçã, a transição da Apple para seus próprios chips pode alterar a dinâmica do mercado.

A Qualcomm, por outro lado, está diversificando seu portfólio com foco em IA e computação em nuvem para reduzir sua dependência do mercado de smartphones, onde enfrenta crescentes desafios competitivos.

Entretanto, existe a chance, segundo um analista, de a Qualcomm tentar “se vingar” da Apple quebrando o acordo dos modems, deixando a Apple sem uma alternativa viável de modem 5G para colocar em seus celulares.

O analista diz que, caso isso ocorra, as ações da Apple iriam pelo ralo, apesar de a Qualcomm também sofrer parte do impacto.

3. Meta vs. Apple

A rivalidade entre Meta e Apple se intensificou em 2024 com o lançamento do Vision Pro, o headset de realidade mista da Apple. O dispositivo entra em concorrência direta com o Meta Quest, que domina o mercado de headsets VR.

A Meta critica a Apple por sua abordagem fechada e restritiva, enquanto a Apple promove seus diferenciais tecnológicos, como a integração com seu ecossistema e recursos avançados de RA.

CEO da Meta disse que o produto da Apple não reflete a visão que ele tem da tecnologia de realidade mista (Imagem: Zuckerberg/Facebook)

Além disso, as empresas têm visões divergentes sobre privacidade. A Meta enfrenta duras críticas por seu modelo de monetização baseado em dados de usuários, enquanto a Apple reforça sua postura pró-privacidade, uma estratégia que já impactou negativamente os negócios de publicidade da Meta.

O CEO da Meta, Mark Zuckerberg, chegou a fazer um review do Vision Pro e o classificou como um produto inferior ao Meta Quest.

4. Samsung vs. Apple

O anúncio da Apple para o novo iPad Pro de 2024, intitulado “Crush”, gerou grande controvérsia. No vídeo, a empresa utiliza uma prensa hidráulica para esmagar itens como brinquedos, pianos, materiais de pintura e trompetes, que acabam “dando origem” ao novo iPad simbolicamente.

A mensagem da Apple parecia sugerir que o iPad, com sua performance e funcionalidades avançadas, poderia substituir esses objetos artísticos e culturais, indicando que você poderia jogá-los fora ao comprar um iPad. No entanto, essa abordagem não foi bem recebida, especialmente por artistas.

 

A Samsung aproveitou a repercussão negativa para lançar uma campanha publicitária em resposta.

Em um comercial intitulado “Celebrate”, a empresa destacou a preservação da arte e da criatividade, promovendo seus tablets como ferramentas que complementam, e não substituem, os elementos culturais que a Apple esmagou.

A campanha ressoou com o público, deixando a rival em uma saia ainda mais justa.

 

Personalidades como o ator Hugh Grant e o compositor Crispin Hunt criticaram o comercial, comparando-o até com a queima de livros. A Apple nunca tirou o anúncio polêmico do YouTube, mas pediu desculpas publicamente pelo caso.

5. Google vs. Departamento de Justiça dos EUA

O caso antitruste contra o Google atingiu um ponto crítico em 2024, com o governo dos EUA chegando à conclusão de que a empresa de fato exerce práticas monopolistas no mercado de buscas na web. O Google é acusado de usar contratos exclusivos para manter seu domínio e dificultar a entrada de concorrentes.

Uma possível consequência discutida para remediar a situação seria a venda forçada do navegador Chrome, uma decisão que poderia enfraquecer significativamente o ecossistema do Google.

A empresa argumenta que suas práticas beneficiam os consumidores, mas enfrenta pressão crescente de reguladores e rivais como Microsoft e DuckDuckGo.

Este caso é visto como um marco potencial para a regulamentação tecnológica nos EUA, podendo redefinir como grandes empresas operam em mercados digitais ao redor do mundo. 

6. X/Twitter vs. Justiça Brasileira

Em 2024, a rede social X (antigo Twitter) enfrentou uma das maiores crises de sua história no Brasil. Após descumprir repetidas ordens judiciais relacionadas à remoção de conteúdos considerados ilegais, como desinformação sobre saúde pública e discursos de ódio, a Justiça brasileira determinou o bloqueio completo da plataforma no país por quase um mês.

O bloqueio foi acompanhado de multas milionárias e gerou forte polarização entre os usuários. Enquanto alguns defendiam a medida como necessária para combater o uso indevido da plataforma, outros a consideraram um ataque à liberdade de expressão.

A situação escalou ainda mais quando o CEO da X, Elon Musk, criticou publicamente a decisão, classificando-a como “censura estatal” e ameaçando descontinuar investimentos no Brasil.

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No entanto, a pressão da comunidade empresarial e de organizações de direitos digitais levou o X a buscar um acordo com as autoridades. A plataforma acabou implementando novas políticas de moderação no país e intensificou o uso de inteligência artificial para identificar e remover conteúdos prejudiciais.

Esse episódio marcou um divisor de águas para a regulação das redes sociais no Brasil, levantando questões sobre os limites entre liberdade de expressão e responsabilidade digital. Além disso, o caso reforçou o papel do país como protagonista na discussão global sobre o combate à desinformação e o uso ético das plataformas digitais.

Leia a matéria no Canaltech.

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