Vídeo: de jaleco, equipe médica do Samu troca pneu de viatura na rua

Uma equipe médica do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência do Distrito Federal (Samu-DF) foi filmada em uma situação nada comum. De jaleco, a equipe precisou trocar os pneus de uma ambulância que furaram no meio da estrada. A equipe estava a caminho de uma ocorrência em Santa Maria.

O caso ocorreu em outubro deste ano, mas as imagens só viralizaram agora. No vídeo é possível ver um dos profissionais de jaleco, luvas e máscara, utilizando uma chave de roda e macaco para tentar realizar a troca do pneu e seguir para o chamado. A viatura precisou ser levada de volta para a base regional do Samu e foi desativada para manutenção.

Veja:

De acordo com socorristas, a ambulância é antiga e, além dos pneus velhos, apresentava problemas de vazamento. As macas também não seriam adequadas para os carros: durante um resgate, um funcionário ficou com os dedos feridos ao fazer a remoção de paciente.

A ambulância teria voltado às ruas após realizados os serviços de manutenção, mas nessa segunda-feira (16/12), segundo servidores, ela foi desativada novamente por problemas mecânicos.

Ambulâncias velhas para as ruas e novas para os pátios

Em 15 de dezembro último, o Metrópoles flagrou 14 ambulâncias novas, recebidas pelo Samu-DF em julho deste ano, estavam no pátio do Parque de Apoio da Secretaria de Saúde do DF (SES-DF). Apesar de emplacadas e plotadas com a logo do Samu e o telefone 192, as viaturas ainda não teriam sido empregadas para atendimento da população do Distrito Federal.

Confira:

10 imagens

Veículos estão no Parque de Apoio da Secretaria de Saúde, no SIA

São 14 ambulâncias aguardando seguro veicular
Novos carros se misturam a veículos antigos no pátio
Há também veículos desativados no pátio
Metrópoles sobrevoou a região na última semana
1 de 10

Ambulâncias novas estão paradas, sem prestar suporte à população

Breno Esaki/Metrópoles @brenoesakifoto

2 de 10

Veículos estão no Parque de Apoio da Secretaria de Saúde, no SIA

Breno Esaki/Metrópoles @brenoesakifoto

3 de 10

São 14 ambulâncias aguardando seguro veicular

Breno Esaki/Metrópoles @brenoesakifoto

4 de 10

Novos carros se misturam a veículos antigos no pátio

Breno Esaki/Metrópoles @brenoesakifoto

5 de 10

Há também veículos desativados no pátio

Breno Esaki/Metrópoles @brenoesakifoto

6 de 10

Metrópoles sobrevoou a região na última semana

Breno Esaki/Metrópoles @brenoesakifoto

7 de 10

Viaturas foram entregues pelo GDF no fim de julho deste ano

Breno Esaki/Metrópoles @brenoesakifoto

8 de 10

SES-DF confirma a falta de seguro para as viaturas

Breno Esaki/Metrópoles @brenoesakifoto

9 de 10

Não se sabe quando as ambulâncias vão às ruas

Breno Esaki/Metrópoles @brenoesakifoto

10 de 10

Ambulâncias paradas

Breno Esaki/Metrópoles @brenoesakifoto

Os carros recém-adquiridos permitiriam a troca de veículos já desgastados e garantiriam os atendimentos em períodos de manutenção veicular – que, de acordo com denúncias, costumam demorar bastante. No entanto, a Secretaria de Saúde do Distrito Federal (SES-DF) alegou, em nota, que a ausência dos novos veículos nas ruas não tem impacto negativo no atendimento à população.

Segundo um servidor ouvido pela reportagem, em tese, o Samu-DF conta com o número máximo de 38 viaturas para atender a todas as 35 regiões administrativas do DF. No entanto, esse número nunca está integralmente nas ruas. “Devido à falta de manutenção mais ágil, dificilmente temos mais de 25 viaturas disponíveis.”

“O Samu é um local onde as pessoas têm prazer em trabalhar, vibram com o serviço. Mas estamos todos ficando cansados de não saber o que vai acontecer no plantão, se teremos ou não carro para trabalhar.”

Em outro vídeo vídeo, é possível ver 11 ambulâncias novas de um lado e três de outro. Os carros comprados neste ano, modelo Renault Master, fazem contraste com viaturas antigas espalhadas pelo pátio aguardando manutenção.

Assista:

As ausências das novas ambulâncias fazem falta à população por diversos motivos. Além de ampliarem o atendimento, os carros recém-adquiridos permitiriam a troca de veículos já desgastados e a garantia dos atendimentos em períodos de manutenção veicular – que, de acordo com denúncias, costumam demorar bastante.

“Já faz algum tempo que as novas viaturas chegaram e, enquanto isso, as equipes ficam rodando em carros velhos com alta quilometragem. Devido à imensa sobrecarga, as ambulâncias antigas quebram muito”, afirma ao Metrópoles um servidor, que solicitou condição de anonimato.

Segundo o funcionário, a escassez de viaturas representa um atraso no atendimento. “O prejuízo maior fica com a população, que liga pedindo socorro e, muitas vezes, o Samu não tem recurso disponível para enviar”, afirma. “Já aconteceu de eu chegar para trabalhar e não ter ambulância disponível”, disse.

“Com certeza, muitos chamados deixam de ser atendidos. A gente sempre ouve dos pacientes que eles estavam tentando atendimento há muito tempo”, detalha o servidor, que explica a dinâmica de quando uma ambulância apresenta defeitos. “A viatura é encaminhada para a central ou manutenção. Daí, se houver outro carro disponível, é feita a troca. Mas, como as manutenções são morosas, dificilmente há carro reserva”, conta.

Ainda segundo a fonte, a manutenção das ambulâncias antigas é “muito demorada”. Uma troca de pastilha de freio e óleo do motor, por exemplo, chega a demorar  20 dias. “Enquanto isso, várias equipes ficam baixadas, simplesmente por falta de viaturas para rodar.”

Segundo o servidor, em tese, o Samu-DF conta com o número máximo de 38 viaturas para atender a todas as 35 regiões administrativas do DF. Ele diz, no entanto, que esse número nunca está integralmente nas ruas. “Devido à falta de manutenção mais ágil, dificilmente temos mais de 25 viaturas disponíveis.”

“O Samu é um local onde as pessoas têm prazer em trabalhar, vibram com o serviço. Mas estamos todos ficando cansados de não saber o que vai acontecer no plantão, se teremos ou não carro para trabalhar.”

Raio-X do sucateamento

O Metrópoles teve acesso à situação da frota de ambulâncias do Samu na manhã da última terça-feira (17/12), contando unidades de suporte básico (USBs), avançado (USAs), intermediário (USIs) e viaturas (VIR). Segundo o levantamento, no sistema da Secretaria de Saúde, de um total de 39 veículos, 18 estavam desativados.

Entre 31 USBs, as 13 desativadas deveriam garantir socorro em Ceilândia, Gama, Guará, Plano Piloto, Planaltina, Recanto das Emas, Riacho Fundo, Samambaia, Santa Maria, Taguatinga e Vicente Pires. No caso das 7 USAs, cinco estavam fora de combate nas seguintes regiões administrativas: Gama, Taguatinga, Ceilândia, Plano Piloto e Sobradinho.

Entre as duas USAs em atividade, que contam com médicos para ocorrências mais delicadas e de extrema emergência, uma está mobilizada para atender o público em geral, e a outra para pacientes neonatais – ou seja, bebês. Dessa forma, apenas uma USA está disponível para a população em geral no DF.

Diagnóstico

Segundo o diagnóstico da deputada distrital Dayse Amarilio (PSB), a crise do Samu é constante. De acordo com a parlamentar, o contrato de manutenção das ambulâncias deveria ser revisto, com prioridade. No caso das USAs, ela pontuou que muitas estão paradas por falta de médicos e condutores.

A deputada frisou que o sucateamento coloca em risco o socorro de pacientes, principalmente no caso de acidentes graves, e também no transporte de pacientes entre unidades de saúde, geralmente em unidades de terapia intensiva (UTIs).

Outro lado

Procurada, a Secretaria de Saúde se manifestou por meio de nota. Veja o texto na íntegra:

A Secretaria de Saúde informa que, atualmente, o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU/DF) conta com 38 unidades móveis tripuladas por meio de ambulâncias cadastradas junto ao Ministério da Saúde. O total de recursos do serviço inclui 56 veículos já contando com a frota reserva. O serviço atua ainda com uma frota total de 26 motos novas adquiridas em 2023.

Informamos também que as 14 ambulâncias do SAMU entregues no final do mês de setembro, seguindo as exigências do Ministério da Saúde (MS), aguardam a contratação de seguro veicular, etapa essencial para a regularização do uso. Vale reforçar que o processo licitatório cumpriu ao longo desses 2 meses e meio todas as etapas legais obrigatórias para a contratação regular do seguro, permitindo o pleno funcionamento dessas ambulâncias assim que finalizado. Atualmente, o processo de licitação encontra-se em fase final e deve ser concluído até o final desta semana. É importante destacar que todo o rito licitatório se inicia com o recebimento dos veículos e segue todas as etapas obrigatórias previstas na lei”.

Adicionar aos favoritos o Link permanente.