A Assembleia na Floresta da Advocacia

O Embate do Leãozinho e os Guardiões da Democracia

Em tempos onde a democracia deveria ser o ponto de partida, assistimos a uma assembleia que mais parece saída de uma fábula – mas, infelizmente, o enredo se confunde com a realidade. A promessa de modernidade e representatividade na escolha do Quinto Constitucional virou um teatro marcado por autoritarismo, improvisos e decisões que ignoram a pluralidade da advocacia.

A figura de um jovem líder que, sentado em um trono simbólico, consulta mensagens de bastidores para tomar decisões soa como uma caricatura. Mas o cenário não é ficcional. É aqui, no mundo real, que vemos a imprensa expulsa para “evitar interferências”, conselheiros calados por cortes estratégicos, e propostas de voto secreto sendo vendidas como soluções modernas – quando, na verdade, mascaram a transparência que deveria ser a base de qualquer processo democrático.

Os gráficos confusos, as justificativas frágeis e o silêncio daqueles que deveriam liderar tornam o episódio mais digno de um conto do que de uma assembleia séria. O problema é que, ao contrário das fábulas, na advocacia, as decisões de hoje moldam o futuro de todos – e não apenas dos protagonistas dessa história.

Quando a realidade assume os contornos de uma fábula, resta a pergunta: quem será o verdadeiro autor do desfecho? O coletivo que defende a democracia ou os interesses isolados que tentam reescrever suas regras nos bastidores? É hora de lembrar que, na vida real, o poder só é legítimo quando nasce do diálogo e da pluralidade.

Passemos à Fábula:

Na densa Floresta Jurídica, um espaço outrora respeitado por sua tradição de equilíbrio e diálogo, os animais mais influentes se reuniram para uma Assembleia Extraordinária. O objetivo? Decidir as regras para a escolha do Quinto Constitucional, um processo que deveria garantir representatividade e justiça entre os bichos. No entanto, a reunião já começava cercada de tensão, pois a condução estava nas mãos do jovem Leãozinho Daniel, que, apesar de ter sido reeleito prometendo modernidade e eleições diretas, agora era amplamente criticado por governar como um tirano, abafando vozes e ignorando conselhos.

No centro da clareira, Leãozinho Daniel estava sentado em uma rocha que ele apelidara de “Trono da Justiça”, ajeitando teatralmente sua juba enquanto tentava transmitir uma autoridade que muitos questionavam. Enquanto ostentava sua pose imponente, um detalhe curioso não escapou ao olhar atento dos Falcões da Justiça: Leãozinho Daniel consultava frequentemente seu celular de folhas digitais, recebendo mensagens diretas do Caçador CAM, que, mesmo à distância, parecia estar conduzindo os rumos da assembleia com suas orientações estratégicas enviadas por WhatsApp. Cada pausa, cada olhar para a tela, resultava em uma decisão autoritária que parecia menos sua e mais uma reprodução dos comandos do astuto Caçador.

Com um tom cada vez mais arrogante, o Leãozinho interrompeu por três vezes as falas do sábio Falcão do TJ, Edson Ulisses, conhecido por sua clareza e postura conciliadora. Como se não bastasse, o Leãozinho cortou também, duas vezes, as intervenções do experiente Falcão do TCE, Clóvis Barbosa, ignorando o peso histórico que ele representava e deixando claro que o único discurso permitido seria o seu próprio ou aquele aprovado pelas mensagens estratégicas de CAM.

Enquanto o caos se instaurava, o jovem Leãozinho, seguindo a cartilha recebida por suas mensagens, ainda tomou uma decisão polêmica: ordenou que os Guaxinins da Imprensa, conhecidos por relatar com precisão os acontecimentos da floresta, fossem expulsos do auditório. “Aqui, não precisamos de fofoqueiros!”, bradou, justificando a ordem sob o argumento de que as decisões seriam mais produtivas sem a “interferência externa”. A plateia de bichos, no entanto, ficou perplexa com a atitude, vendo no ato uma tentativa descarada de ocultar a falta de transparência e as práticas autoritárias que marcavam aquela assembleia.

Os Falcões, apesar das interrupções, não recuaram. Edson Ulisses, com sua visão aguçada, alçou voo e cravou: “Leãozinho, a clareira não é sua arena. Suas decisões podem até ecoar hoje, mas as árvores não esquecem os rugidos vazios.” Ao mesmo tempo, Clóvis Barbosa, em um tom ainda mais afiado, disparou: “Enquanto você segue o que CAM manda no seu brinquedinho digital, nós defendemos a floresta. Quem se curva a ordens externas jamais será um líder legítimo.”

A indignação dos bichos crescia, e o contraste entre a postura autoritária do Leãozinho e a sabedoria dos Falcões da Justiça se tornava cada vez mais evidente. A cada mensagem recebida e decisão tomada, o Leãozinho Daniel revelava mais sobre quem realmente comandava a floresta, deixando claro que seu trono era, na verdade, uma marionete.

A Sessão Começa

“Animais da floresta,” começou o Leãozinho, com um rugido que mais parecia um miado forçado. “Hoje damos início à implementação do modelo híbrido de governança. Apenas os membros do Conselho, escolhidos a dedo, terão o direito de selecionar nossos representantes!”

O Falcão do TJ, bateu as asas, cortando o silêncio da clareira com sua voz firme:
“Leãozinho, com todo respeito, essa mudança é um atentado à tradição democrática da nossa floresta. Onde está o diálogo? Onde está o respeito pelas nossas raízes?”

Visivelmente incomodado, o Leãozinho Daniel tentou se recompor e respondeu com um tom carregado de arrogância:
“Não me venha falar de tradição, Edson. Estamos em tempos modernos, e modernizar significa confiar no Conselho.”

Foi então que o Falcão do TCE, que observava a cena com um sorriso irônico, soltou uma gargalhada que ecoou por toda a clareira:
“Modernizar? Daniel, não confunda centralização de poder com modernidade. Você pode chamar isso do que quiser, mas aqui todos sabemos que é apenas uma desculpa para manipular as escolhas. E mais, diga ao seu padrinho que não precisamos de suas táticas de bastidores nesta floresta.”

Enquanto o Leãozinho recebia mais uma mensagem do padrinho no WhatsApp, tentando disfarçar sua insegurança, a Coruja Clara Machado fez seu grande voo até o centro da clareira. Suas asas abertas impunham respeito, e seu tom professoral cortou o ar como uma lâmina afiada:
“Leãozinho, o que estamos presenciando aqui é nada menos do que um atentado à democracia e à advocacia sergipana! Alterar as regras do jogo dessa maneira é uma afronta direta a tudo o que nossa floresta construiu ao longo dos anos.”

Ela ajustou seus óculos com as garras e continuou, direcionando seu olhar penetrante à Tartaruga Thaisa Ribeiro:
“E quanto à metodologia utilizada por sua relatoria, Thaisa, sinceramente, é decepcionante. Pegar dados de outros estados, completamente diferentes de Sergipe, e tentar impor essa lógica aqui é um erro grotesco. Estamos falando de uma floresta que sempre foi modelo de democracia para as demais! E agora você vem com gráficos que não refletem a nossa realidade? Francamente, Thaisa, um pouco mais de rigor acadêmico seria o mínimo esperado de uma relatora.”

A Tartaruga Thaisa, sempre lenta em suas reações, tentou justificar:
“Clara, eu apenas utilizei exemplos que podem ser aplicados para… para… mostrar um caminho diferente…”

Mas Clara não deixou espaço para enrolação. Cortou a justificativa com a mesma intensidade que começou:
“Caminho diferente? Ou caminho para beneficiar os seus? Não subestime a inteligência dos animais desta floresta! Essas mudanças só servem para empurrar nomes pré-aprovados por vocês e garantir que apenas os ‘queridinhos’ do Conselho avancem. Isso é democracia? Por favor! Não insulte nossa história.”

A clareira estava em silêncio absoluto, exceto pelo som das notificações do celular do Leãozinho, que continuava recebendo mensagens. Visivelmente desconfortável, ele finalmente tentou reagir:
“Clara, você está exagerando. Precisamos de mudanças para garantir uma gestão mais eficiente e alinhada aos tempos modernos.”

A Coruja, impassível, replicou com um tom carregado de ironia:
“Modernos? Daniel, a democracia nunca envelhece, mas a manipulação de regras, essa sim, tem cheiro de coisa velha. O que você está fazendo aqui é ressuscitar velhas práticas de exclusão e autoritarismo, disfarçadas com palavras bonitas como ‘inovação’.”

O público na clareira começou a murmurar, concordando com a Coruja.

O Falcão do TJ e o Falcão do TCE trocaram olhares e assentiram, enquanto o Leãozinho olhava para o celular, buscando desesperadamente uma orientação. Clara, por sua vez, ajeitou novamente seus óculos, satisfeita em ver que sua mensagem havia sido clara como o dia.

O Debate Esquenta com Humor e Confusão

De repente, a Tartaruga Thaisa, com a calma que só sua espécie pode oferecer, ergueu a cabeça e deslizou lentamente para o centro da clareira, carregando um pergaminho repleto de gráficos e números coloridos. Ajustou seus óculos e, em um tom professoral, começou:
“Senhores, como eu dizia anteriormente, este modelo híbrido tem sido um sucesso em outras florestas, como a Bahia e o Espírito Santo. Os gráficos falam por si! Eles provam que essa mudança é necessária para modernizarmos nossa governança.”

A Coruja, novamente ajustou suas asas e respondeu com um tom afiado e cheio de indignação:
“Gráficos, Thaisa? Gráficos? A floresta de Sergipe não é a Bahia, muito menos o Espírito Santo! Nossa história e nossas tradições não cabem em tabelas coloridas. Esses números que você tanto exibe são frios e ignoram a alma democrática da nossa floresta. Pare de importar soluções que não nos representam!”

A tartaruga tentou rebater, levantando lentamente o pergaminho:
“Clara, você pode questionar, mas os números não mentem…”

A coruja interrompeu com uma risada sarcástica:
“Ah, sim, Thaisa, os números nunca mentem, mas quem os manipula, sim! Vamos ser sinceros: quem exatamente esses gráficos estão beneficiando? Não são os animais da base da floresta, mas sim os que já têm suas patas bem enfiadas no Conselho. Esses 12 escolhidos não representam a diversidade que tanto pregam. São os ‘queridinhos’ do Leãozinho e do padrinho!”

Enquanto o clima esquentava, o Rato ABES corria de um lado para o outro, roendo as unhas de nervoso. Tentava encontrar uma brecha para falar, mas a liturgia da assembleia não lhe permitia voz. Nos cantos da clareira, sussurrava para o Tucano Vitor Barreto:
“Você está vendo isso? Isso é um desastre! Eu deveria dizer algo, deveria intervir!”

O tucano, mexendo no bico reluzente, respondeu com desdém:
“Calma, rato! Aqui, quem fala alto tem penas pesadas. Melhor observar.”

Não satisfeito, o rato correu para o Macaco Getúlio Sobral, que estava pendurado em um galho com um sorriso malicioso no rosto.
“Getúlio, você não acha que isso está virando uma bagunça?!”

O macaco, com sua típica irreverência, soltou:
“Bagunça? Isso aqui já é um jogo do bicho! Aposto que os 12 escolhidos já estão na cartela do Leãozinho. Vou jogar na dezena e no milhar, só para garantir. Quem sabe eu não ganho algo com isso!”

O Rato Aurélio, mais ansioso do que nunca, correu até a Preguiça Inácio Krauss, que parecia estar alheia ao tumulto, balançando preguiçosamente em uma árvore próxima.
“Inácio, faça algo! Você precisa falar!”

A preguiça bocejou longamente antes de responder:
“Aurélio, meu amigo, calma. A democracia na floresta sempre demora um pouco para se ajustar. Vamos esperar… com paciência.”

De volta ao centro da clareira, Edson Ulisses, lançou um olhar cortante para a Tartaruga Thaisa:
“Você insiste nesses gráficos, Thaisa, mas esquece que números não constroem confiança. Nossa floresta precisa de inclusão verdadeira, e não de filtros que beneficiam os mesmos de sempre.”

Foi então que a Iena Cristiano Barreto soltou uma gargalhada nervosa:
“Ah, meus amigos, talvez estejamos complicando demais. Mudanças nem sempre agradam a todos, mas é assim que se constrói o futuro! Não é mesmo?”

O Falcão do TCE, não perdeu a chance:
“Iena, pluralidade não se constrói com risadas vazias. Me diga, além de rir das críticas, qual foi sua contribuição aqui hoje? Porque, até agora, só vejo você tentando amenizar os absurdos que estão sendo impostos.”

A clareira explodiu em risos abafados. A Iena, envergonhada, abaixou a cabeça e encolheu-se. Enquanto isso, o Rato  voltou ao seu canto, roendo uma pequena raiz e resmungando baixinho:
“Bem que eu avisei… isso é um caos total.”

A Tartaruga Thaisa, tentando recuperar o controle, levantou novamente o pergaminho, mas foi interrompida pela Coruja Clara, que encerrou o embate com um tom categórico:
“Thaisa, guarde seus gráficos. Eles são apenas cortinas de fumaça para esconder as verdadeiras intenções desse modelo. O que está em jogo aqui não são números, mas o futuro da nossa floresta – e ele não pode ser decidido com base em interesses tão restritos!”

A clareira ficou em silêncio. Até mesmo o Leãozinho olhou para o lado, enquanto outra notificação do padrinho vibrava em seu celular. O cenário estava longe de ser resolvido, mas uma coisa era certa: o debate continuava quente e cheio de reviravoltas.

A Proposta de Voto Secreto: Uma Comédia de Erros e Medos

No auge do caos e das discussões calorosas na clareira, uma proposta inesperada irrompeu como uma chama de incerteza. O Coelho Cândido Dortas, visivelmente nervoso e inquieto, deu um salto para o centro do círculo e declarou com um ar cauteloso:
“Proponho que os votos do Conselho sejam secretos. Isso garantirá que nenhum conselheiro sofra represálias por suas escolhas ou preferências políticas.”

A clareira, antes cheia de ruídos e murmúrios, mergulhou em um breve silêncio, logo rompido por uma risada estridente do Macaco Getúlio Sobral, que, balançando-se de um galho, lançou novamente o seu pensamento:
“Ah, Coelho, meu amigo, isso aí tá mais pra jogo de adivinhação do que pra democracia! Aposto que os doze já estão na lista do Leãozinho e do padrinho. Vai dar ‘Conselho controlado’ com certeza!”

Enquanto alguns animais riam nervosamente, outros trocavam olhares de reprovação. O Tucano Victor Barreto, com seu bico longo e voz retumbante, cortou a cena com firmeza:
“Cândido, vamos falar sério agora. Sua proposta não resolve nada. Voto secreto? Só reforça a insegurança e a falta de compromisso do Conselho com a transparência. Se temos conselheiros que temem represálias, talvez devêssemos questionar a integridade de todo o processo, e não esconder as decisões. É um retrocesso completo.”

O Coelho, sentindo-se pressionado, começou a roer as unhas freneticamente, enquanto o Macaco Getúlio, ainda balançando no galho, soltou mais uma tirada:
“Ei, Tucano, fala sério! O voto secreto não é medo de represália, não. É só pra garantir que ninguém vai descobrir quem jogou a favor do time do Leãozinho!
É aquele truque clássico de bastidores: ‘ninguém vê, ninguém reclama’. Tô errado, Coelho? Ou tá de olho em virar trending topic na Floresta?”

Enquanto o Coelho Dortas gaguejava algo sobre “proteção” e “sigilo”, a Lebre Ana Lúcia saltou para o centro da discussão, suas longas orelhas se mexendo com indignação:
“Eu já disse antes e vou repetir: isso é um atentado à democracia da nossa Floresta Jurídica! E, francamente, esse argumento de que gráficos e práticas de outras florestas justificam essa mudança é patético. Nós somos da Floresta Sergipólis, como bem disse a Coruja, somos exemplo para outras florestas, não o contrário! Essa ideia de voto secreto só beneficia os aliados do Leãozinho e do padrinho.”

A clareira ficou em silêncio por um momento, antes que o Macaco Getúlio caísse do galho de tanto rir:
“Lebre, você tá afiada hoje! Tá certo, isso aqui já virou loteria. Mas, pelo menos, dá pra gente apostar na cara de pau de alguns Conselheiros, né? Vou lançar a banca: quem quer apostar no próximo a dizer que isso é pela ‘democracia’?”

A clareira explodiu em gargalhadas e murmúrios, enquanto o Leãozinho Daniel, sentado em sua rocha, olhava nervosamente para o celular, lendo as instruções.
“Daniel,” o Tucano Victor retomou, agora em tom mais grave, “isso aqui não é um espetáculo de bastidores. O Conselho deve representar a Floresta, não interesses ocultos. E a única forma de fazer isso é com votos abertos e transparência.”

Visivelmente incomodado, o Leãozinho tentou responder:
“Tucano, nem sempre a transparência é benéfica. Precisamos proteger os conselheiros para que eles possam votar livremente.”

O Macaco Getúlio, rindo ainda mais alto, interrompeu:
“Ah, sim, claro! Porque esconder o voto sempre deu certo, né? Fala sério, Leãozinho, você tá mais preocupado em proteger o Conselho ou garantir que ninguém descubra quem tá na sua lista?”

O Coelho Cândido, cada vez mais encolhido, tentou balbuciar algo sobre “integridade do processo”, mas a clareira já estava em alvoroço, com o Macaco pendurado de cabeça para baixo, gritando: “Alguém traz pipoca, porque esse show tá só começando!”

No fundo, o Falcão do TJ,  e o Falcão do TCE, observavam a cena com expressões sérias. Para eles, o futuro da democracia da Floresta estava em jogo, e nenhuma piada seria suficiente para mascarar os riscos que estavam correndo.

O Momento de Reflexão

O Rato Abes, visivelmente irritado, corria de um lado para o outro na clareira, roendo uma lasca de madeira com uma energia quase frenética. Seus pequenos olhos faiscavam, e sua cauda chicoteava o ar. Ele não aguentou mais e disparou em direção à Preguiça Inácio Krauss, que permanecia pendurada em um galho, imóvel e com a serenidade de quem parecia estar contemplando o universo.
“Inácio, você vai ficar aí balançando feito um ornamento de árvore enquanto a advocacia da floresta está sendo empurrada para uma ditadura?!” gritou o Rato, sua voz aguda ecoando pela clareira.

A Preguiça, lenta como sempre, virou a cabeça com um suspiro profundo e respondeu com um tom arrastado:
“Abes… meu caro… você sabe que… pressa é inimiga da reflexão. Mas… confesso que esse cenário… está um pouco… preocupante.”

“Preocupante?! É um absurdo, isso sim!” exclamou o Rato, saltando para cima de um pequeno tronco para parecer maior. “Esses conselheiros querem escolher 12 candidatos como bem entendem, e depois nós seremos obrigados a votar em seis desses nomes pré-selecionados! Cadê o devido processo legal? Cadê as normas que regem essas assembleias? O estatuto está sendo ignorado, rasgado, e esse Leãozinho está brincando de ditador!”

A Preguiça inclinou a cabeça, pensativa, e respondeu com seu tom ponderado:
“Talvez… o problema não seja só o Leãozinho. Ele é… como posso dizer… uma marionete do Caçador. O que me preocupa mesmo… é essa falta de respeito com a… história da nossa floresta. Estamos sendo… empurrados por um caminho… que não escolhemos.”

O Rato Abes começou a roer freneticamente uma folha que encontrou no chão. Ele parou por um momento e, com olhos brilhando de indignação, perguntou:
“Inácio, você percebe que isso é o fim da democracia da nossa floresta? E você ainda está aí, com essa calma toda? Faça alguma coisa! Fale alguma coisa!”

A Preguiça, balançando suavemente no galho, respondeu:
“Meu amigo, não confunda minha… calma com… conformismo. Mas é que… às vezes… aqueles que gritam demais… não são ouvidos. Precisamos… de estratégia… e paciência.”

O Rato pulou para mais perto e quase gritou:
“Estratégia?! Enquanto você pensa em estratégia, eles estão mudando as regras do jogo! Estão criando um sistema que beneficia os aliados do Leãozinho e do Caçador CAM. Nós, advogados da floresta, seremos tratados como figurantes no nosso próprio palco!”

Inácio suspirou profundamente, seus olhos semicerrados de exaustão, mas finalmente deu uma resposta mais contundente:
“Abes… você está certo… mas veja bem… quem é que vai… ouvir o Rato que não para de correr… de um lado para o outro? Talvez… se você ficasse um pouco… mais tranquilo, eles perceberiam… a importância do que você está dizendo.”

O Rato, ofegante, olhou para Inácio e explodiu em gargalhadas nervosas:
“Você quer que eu seja tranquilo? Eu sou um rato, Inácio, não uma preguiça! Mas, quer saber? Eu entendi o recado. Vou gritar menos e morder mais… figurativamente, é claro.”

A Preguiça deu um leve sorriso, enquanto Abes voltava a correr pela clareira, murmurando algo sobre criar um protesto organizado. Ao fundo, o Macaco Getúlio, pendurado em um galho, soltava uma gargalhada:
“Isso aqui tá melhor que um julgamento com plateia! Inácio, com essa calma toda, vai acabar convencendo o Rato a virar vegetariano! E Abes, cuidado pra não roer o estatuto da floresta enquanto reclama dele, hein!”

Os dois trocaram olhares e, mesmo com toda a tensão no ar, não puderam deixar de sorrir. Afinal, até mesmo na discórdia, a Floresta Jurídica encontrava um jeito de manter suas peculiaridades.

A Conclusão do Debate
Antes que a sessão terminasse, o Falcão do TJ ergueu voo e declarou:
“Leãozinho, saiba que estaremos aqui para observar e contestar cada movimento que ameace nossa democracia.Você pode tentar centralizar o poder, mas não conseguirá calar as vozes que lutam pela justiça.”

O Falcão do TCE completou:
“E lembre-se, Daniel, um líder que não ouve seus antecessores está fadado a cometer os mesmos erros do passado.”
Com isso, os Falcões partiram, deixando o Leãozinho Daniel e, claro p seu padrinho visivelmente incomodados. A clareira, agora vazia, ainda ressoava com o espírito de resistência e as vozes daqueles que defendiam a verdadeira democracia.

E assim, a Floresta Jurídica continuou sua luta, provando que mesmo os maiores desafios podem ser enfrentados com coragem, diálogo e a força de quem acredita na justiça.

Bastidores: O Jogo do Bicho na Clareira

Enquanto o caos reinava na clareira da Floresta Jurídica, com discussões acaloradas, vozes exaltadas e diálogos que beiravam o colapso democrático, uma figura saltitante e cheia de artimanhas resolveu transformar o tumulto em algo mais, digamos, lucrativo. O Macaco Getúlio, sempre perspicaz e oportunista, escalou para o topo de um galho e gritou:
“Senhores e senhoras da floresta, enquanto vocês discutem regras que já estão escritas no tapete do Leãozinho, que tal animarmos a noite com o tradicional jogo do bicho? Apostem, apostem! Quem serão os doze gloriosos escolhidos pelo conselho? Vamos ver quem acerta o milhar!”

O Tucano Victor, com seu bico comprido e sempre atento aos bastidores, se aproximou com um sorriso maroto:
“Getúlio, você é um gênio! Afinal, essa assembleia já tem mais apostas do que argumentos válidos. Quem está na sua lista, hein?”

O Macaco, balançando-se com elegância, apontou para uma folha rabiscada que segurava com sua cauda:
“Aqui estão meus palpites! 1. Pavão. 2. Carlos Augusto, o Caçador CAM, do Leãozinho, é claro, já tem sua cadeira garantida. 3. Joaby a Zebra. 4. Cícero Dantas, o Hipopótamo. 6. Genisson, o Avestruz. 7. Filipe Alves, o Furão. 8. Ana Lúcia, a Garça. 9. Clarice Ribeiro, a Girafa. 10. Marília Menezes, a sniper . 11. Denise Figueiredo, a Jaguatirica. 12. Carla Caroline, a Cutia, e a 13. América Nejaim, reserva”.

A clareira caiu em murmúrios, enquanto os bichos ao redor começavam a puxar suas moedas e folhas para registrar apostas. O Rato Abes, que não podia deixar de participar de uma boa confusão, sussurrou para a Preguiça Inácio Krauss:
“Isso é um escárnio, Inácio. Olhe para isso! Eles transformaram a democracia em um jogo de azar!”

A Preguiça, com sua calma característica, respondeu:
“Abes… talvez seja isso que nos resta… assistir ao espetáculo… de quem aposta mais… na previsibilidade… dos bastidores.”

Enquanto isso, a Coruja Clara Machado, do alto de uma árvore, esbravejava:
“Vocês perderam completamente o rumo! A chapa já está escrita, e vocês ainda se iludem pensando que temos alguma escolha! Isso não é democracia, é uma encenação malfeita!”

O Macaco Getúlio, no entanto, gargalhou e rebateu:
“Encenação ou não, Clara, todos querem saber quem leva o prêmio! Aposto minha banana que a chapa já está fechada. Vamos, pessoal, participem! Afinal, sabemos bem como as coisas funcionam por aqui!”

O clima de apostas tomou conta da clareira, e até o nervoso Coelho Cândido Dortas parecia intrigado com os palpites. No entanto, o Rinoceronte Juvenal, que até então permanecia em silêncio, balançava de um lado para o outro, murmurando para si mesmo:
“O que estou fazendo aqui? Se nem coragem para votar abertamente eles têm, como vão escolher uma lista que represente a democracia e a advocacia da floresta?”

O Macaco, atento a tudo, não deixou passar a lamúria do Rinoceronte e gritou:
“Ah, Juvenal! Relaxe, amigo! Aqui na floresta, o jogo do bicho é mais confiável que o Conselho!”

As apostas continuaram, e o cenário da clareira virou o retrato perfeito do que seria a eleição para o Quinto Constitucional. A condução da assembleia já deixava clara a previsibilidade dos doze candidatos, e o sentimento geral era de que a advocacia da floresta, em vez de avançar, estava presa em um ciclo onde poucos decidiam por muitos. Assim, o espetáculo continuava, com apostas, risadas e a melancolia de quem sabia que, no fundo, a chapa estava mais do que pronta.

 

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