Quem foi Nicolau Copérnico e por que a astronomia moderna deve tanto a ele

Nicolau Copérnico foi um astrônomo polonês que propôs que os planetas giravam ao redor do Sol, enquanto a crença da época dizia que, na verdade, a Terra era o centro do universo. Nesta matéria, você vai conhecer tudo sobre o astrônomo cuja teoria heliocêntrica foi essencial para a astronomia moderna.

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Os séculos XVI e XVII foram marcados pela chamada Revolução Científica, período em que houve descobertas revolucionárias na física, matemática, química, biologia e astronomia, criando as bases para a ciência moderna. E, quando o assunto é a astronomia, é fácil dizer que Nicolau Copérnico foi um dos estudiosos que mais influenciaram a área. 

E não é sem motivo, afinal, ele é como o pai do modelo heliocêntrico do universo. Embora não estivesse completamente correto, o modelo formou uma base sólida para que outros cientistas, como Galileu Galilei, se baseassem na teoria de Copérnico e melhorassem a compreensão da humanidade sobre o movimento dos corpos celestes.


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A vida de Nicolau Copérnico

Mikolaj Kopernik, mais conhecido como Nicolau Copérnico (a versão do seu nome em latim), nasceu em 19 de fevereiro de 1473, em Toruń, na Polônia. Após a morte do pai quando Copérnico era criança, seu tio Watzenrode tornou-se uma figura importante em sua vida e o incentivou a estudar as leis e regulamentos da Igreja Católica para se tornar cônego.

Retrato de Nicolau Copérnico (Imagem: Domínio público)

Então, Copérnico foi à Itália para iniciar os estudos universitários, mas enquanto visitava instituições acadêmicas se dedicou ao estudo da matemática e da astronomia. Na Universidade de Bolonha, ele trabalhou com Domenico Maria de Novara, professor de astronomia, ajudando-o em pesquisas e em observações do céu.

Devido à influência do tio, Copérnico realmente se tornou um cônego em Warmia, na Polônia, mas não chegou a receber a ordenação de padre — tanto que aproveitava as pausas entre as tarefas de cônego para conduzir suas pesquisas astronômicas. 

Copérnico faleceu em 24 de maio de 1543, aos 70 anos, em decorrência de um derrame. Ele foi enterrado na Catedral de Frombork, já que foi cônego por décadas. Seu túmulo é marcado por granito escuro decorado com um modelo do Sistema Solar, representando tanto suas contribuições científicas como sua atuação como cônego.

A teoria de Copérnico e a órbita dos planetas

Foi em 1512 que Watzenrode faleceu. Com a morte do tio, Copérnico se mudou para Frombork e seguiu firme em seus estudos sobre astronomia. Na época, o conhecimento astronômico continuou acompanhando o modelo aristotélico do universo, que colocava a Terra no centro, orbitada por astros que seguiam em trajetórias esféricas e perfeitas. 

Planisfério Copernicano (Imagem: Domínio público)

Copérnico continuou observando o céu e registrou o que via, desde planetas até eclipses. Após assumir funções administrativas na Igreja, ele escreveu Commentariolus; trata-se da sua primeira obra que descreve o que ficou conhecido como o modelo heliocêntrico (ou copernicano) do Sistema Solar, no qual todos os planetas orbitam o Sol. 

Repare na diferença clara em relação à teoria geocêntrica, ou sistema ptolomaico, elaborado pelo astrônomo e matemático grego Claudio Ptolomeu. Neste modelo, a Terra ficava no centro do Sistema Solar, orbitada pelos demais astros em esferas concêntricas, se movendo em diferentes velocidades. O sistema elaborado por ele permaneceu vigente por centenas de anos, apesar de estar incorreto. 

Embora a maioria das pessoas na época acreditasse que a Terra estava no centro do universo, sendo orbitada pelo Sol, planetas e outras estrelas, havia um problema: se este fosse o caso, como explicar os planetas que pareciam se mover para trás no céu ao longo de algumas noites? O fenômeno é chamado de “movimento retrógrado” e, para explicá-lo, o modelo de Ptolomeu precisou dos chamados epiciclos, que são círculos dentro de círculos na trajetória dos planetas.

Marte é um planeta que tem movimento retrógrado (Imagem: Reprodução/Tunç Tezel)

Parece complicado? Pois é, as pessoas da época também acharam. E eis que, em 1514, Copérnico distribuiu um livro que descrevia sua visão do universo: nela, o centro do cosmos não era a Terra, mas o Sol. Ele também sugeriu que o nascer e pôr do Sol, o movimento das estrelas e as estações eram resultado da rotação do nosso planeta. Finalmente, Copérnico propôs que o movimento retrógrado dos planetas ocorre devido ao movimento da Terra pelo espaço. 

Foi só em 1532 que Copérnico finalizou o manuscrito do livro De Revolutionibus Orbium Coelestium (“Das revoluções das esferas celestes”), em que apontava que os planetas orbitavam o Sol e não a Terra e apresentava o modelo proposto do Sistema Solar. O livro foi publicado somente dois meses antes da sua morte. 

O legado de Nicolau Copérnico

De fato, o modelo de Copérnico mudou a forma como se entendia o Sistema Solar e o universo, mas isso não quer dizer que ele era perfeito. Por exemplo: o astrônomo se manteve ligado à ideia clássica de que os planetas tinham órbitas circulares.  

Foi somente em 1600 que o astrônomo Johannes Kepler propôs que, na verdade, as órbitas eram elípticas. Por isso, o modelo copernicano também tinha os epiciclos usados por Ptolomeu; sem o conceito da gravidade, seu modelo descrevia a Terra e os planetas girando em torno do Sol em grandes esferas transparentes. Além disso, o modelo copernicano colocava o Sol não como o centro do Sistema Solar, mas sim de todo o universo.

A cratera Copérnico, na Lua, cujo nome homenageia o astrônomo (Imagem: Reprodução/NASA/LRO)

Demorou quase um século para as ideias de Copérnico serem consideradas com seriedade. Em 1632,  quando o astrônomo italiano Galileu Galilei alegou que a Terra orbitava o Sol com base no trabalho copernicano, ele foi preso por heresia. Mas, no fim das contas, ambos acertaram na compreensão do movimento dos corpos celestes — hoje, o modelo do Sistema Solar em que os planetas orbitam o Sol é chamado de heliocêntrico ou copernicano.

“Às vezes, o trabalho de Copérnico é honrado como um substituto do velho sistema geocêntrico com o novo e heliocêntrico”, escreveu Konrad Rudnicki, astrônomo e autor de “Princípios Cosmológicos”. Segundo ele, a visão está correta, mas não dá a dimensão do que significa o trabalho de Copérnico. 

“Toda a obra dele envolveu um novo princípio cosmológico criado por ele. Hoje é chamado de Princípio Cosmológico Copernicano Genuíno, e diz que ‘o universo, quando observado a partir de qualquer outro planeta, se parece sempre o mesmo”, acrescentou.

Em outras palavras, apesar de o modelo copernicano colocar o Sol no centro do Sistema Solar, ele tira (de forma simbólica) o foco da Terra, transformando-a em um planeta como qualquer outro. 

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