O que é um ARPG? Entenda o gênero e como funciona esse tipo de jogo

Um Action Role-Playing Game, ou ARPG para os “mais íntimos”, surgiu como uma vertente dos RPGs tradicionais. Com o passar das últimas décadas, ela tem caído cada vez mais no gosto dos jogadores e se tornou mais do que apenas um “subgênero”, criando raízes em diversas franquias e se expandindo.

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Jogos ARPG são criados para dar mais liberdade de movimentação aos jogadores. Ou seja, além de poderem se defender, desviar e contra-atacar em “tempo real”, também podem se posicionar melhor no campo de combate e realizar ações definidas pela velocidade que aperta os botões – e não por turnos, como os chamados “JRPGs” atualmente. 

Ainda que o termo ARPG tenha ganhado força entre os fãs de Diablo e uma parcela do público o defina para experiências similares, ele na verdade é designado para todos os “RPGs de ação” existentes. Isso significa que Diablo IV, Final Fantasy XVI, The Witcher 3: Wild Hunt, Elden Ring e diversos outros pertencem à mesma categoria, mesmo existindo diferenças pontuais entre eles.


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Embora pareça confuso ao primeiro momento, vamos detalhar as características principais dos ARPG e sua origem na indústria gaming. A partir deste aspecto, você poderá notar a forma como ele surgiu e o processo de crescimento ao longo dos anos.

Também vamos ilustrar os principais jogos do gênero, dando uma noção maior de como diferenciá-los dos RPGs tradicionais e de outras categorias existentes – o que é importante para identificar os elementos que realmente gosta deste e dos demais. 

Origem do termo ARPG

O ARPG é definido inicialmente pela liberdade de ações que o jogador pode realizar dentro dos combates. Atacar, defender, utilizar magias, itens e todas as principais atividades não dependem de turno, mas sim de sua reação e velocidade ao apertar os botões no momento correto. 

Isso significa que você e seu adversário não precisarão esperar seu turno para realizar um movimento – como em RPGs mais tradicionais. Pode haver até um tempo de espera (recarga de técnicas, uso de itens específicos, magias que demandam um tempo maior etc.), mas é essencial que isto não ocorra em “turnos”.

Apesar de ser popularizado com Diablo, na verdade os primeiros ARPG surgiram muitos anos antes de seu lançamento. O primeiro atende pelo nome de pedit5 (posteriormente sendo apelidado de “The Dungeon”) e foi produzido em 1975. Na experiência, o jogador controla um herói que está explorando uma masmorra e pode disparar magias para derrotar seus oponentes.

pedit5 foi o primeiro ARPG a ser produzido nos PCs (Imagem: Reprodução)

O pai da franquia Ultima, Richard Garriott, também participou deste “início” do gênero. O seu primeiro game — chamado de Akalabeth: World of Doom — foi produzido quando o designer tinha apenas 19 anos de idade e manteve a chama acesa para que mais viessem futuramente.

O grande avanço chegou com Hydlide, lançado em 1984 e cujas inspirações eram jogos como The Tower of Druaga e The Black Onyx. Criado por Tokihiro Naito (T&S Soft), seu objetivo era fundir o gênero de RPG com jogos de ação, levando seu jogo tanto para o PC quanto para os consoles de mesa. Em 1986 Hydlide foi levado ao NES (Nintendinho), se tornando o primeiro do gênero a chegar em um videogame de mesa.

Em 1987 surgiu Ys I: Ancient Ys Vanished, que também se inspirou em Hydlide para trazer uma barra de saúde que se recupera automaticamente e usava diversos elementos vistos nos demais – com os mapas vistos de cima, monstros aparecendo ao redor do protagonista e as batalhas não acontecendo em turnos. O sistema era um pouco diferente, mas ainda assim necessitava que fosse executado em tempo real. 

É notável a evolução dos ARPGs ao longo do tempo (Imagem: Reprodução/Falcom)

E obviamente chegamos no ano de 1997 e no lançamento de Diablo, ARPG da Blizzard Entertainment que ganhou popularidade em todo o mundo. Todos esses elementos foram desenvolvidos com maestria no título para PC, botando os jogadores para verem os personagens sendo vistos de cima, intensas batalhas em tempo real, uma história incrível e muita exploração de masmorras.

O sucesso de Diablo foi tão colossal que apenas nos EUA foram vendidas 670 mil unidades, transformando o jogo em um gigante da indústria gamer e abrindo mais espaço para o gênero. Considerado o “primeiro ARPG de verdade”, abordagem de Diablo serviu de inspiração para diversos projetos e experiências que temos até os dias atuais.

Só para citarmos alguns títulos inspirados em Diablo e suas sequências, temos no mercado Torchlight, Warhammer: Chaosbane, Darksiders Genesis, Hades, Minecraft Dungeons, Titan Quest, Path of Exile e V Rising. Isso sem falar no próprio Diablo IV, lançado em 2023. 

 

Muita coisa mudou de 1997 para cá, com outras franquias chegando ao gênero ARPG e trazendo mudanças pontuais. A Square Enix, popular pela franquia Final Fantasy, botou os olhos nisso cedo e em 2002 lançou Kingdom Hearts. Muito bem-sucedida, a fórmula do jogo evoluiu e hoje temos Final Fantasy XV e XVI sendo tratados como RPGs de ação. 

Cada estúdio decidiu testar sua própria abordagem para o gênero, evoluindo-o com o passar dos anos. The Witcher III: Wild Hunt é outro excelente exemplo de como conseguiram se manter fiéis ao ARPG – mesmo sendo totalmente distinto de games como Diablo e os demais. Elden Ring se encaixou de forma mais próxima aos demais “Souls-Like”, enquanto Metaphor: ReFantazio é a tentativa da Atlus de misturar os RPGs de ação com os tradicionais.

ARPG vs RPG tradicional: as principais diferenças

O grande abismo que separa os ARPG dos RPGs tradicionais é a ação por turnos. Nos JRPGs, cada personagem em um embate tem seu próprio tempo para realizar um movimento: atacar, usar um item, se defender, acionar uma magia ou qualquer outro movimento que esteja disponível no menu.

Em termos mais simples, é como se você estivesse jogando um RPG de mesa. Cada jogador tem um turno para realizar uma ação, determinando a sequência baseado em fatores técnicos (velocidade, habilidades especiais etc.).

Apesar de serem mais raros atualmente, ainda há muitos jogos que seguem essa linha. A franquia principal de Pokémon é uma delas, por exemplo. A Atlus faz o mesmo com Shin Megami Tensei e Persona. Em relação à Square Enix, isso se reserva a RPGs com design retrô, como é o caso de Octopath Traveler. 

 

Já nos RPGs de ação, há toda uma dinâmica baseada no personagem em conjunto da reação dos jogadores. Você pode atacar um oponente e realizar mais de uma ação, dependendo da sua velocidade ao apertar os botões e de não ser atacado durante a execução. Há formas de se travar combates inteiros sem tomar danos, dependendo da habilidade de cada um. 

Já os jogos ARPG se destacam por atrair uma parcela do público que pode não ser tão familiarizada com os jogos tradicionais do gênero, mas que têm bons reflexos e consegue prosseguir sem grandes problemas no gameplay. Aliado com uma grande imersão na história, isso acaba cativando ainda mais pessoas e franquias com o passar do tempo. Um exemplo disso é God of War e God of War Ragnarök, que hoje estão mais próximos dessa abordagem. 

Há uma grande discussão de que esses títulos não podem ser considerados RPGs, mas são vistos com “elementos de RPG”. A verdade é que os RPGs de ação existem como uma “evolução natural” do gênero que deu o pontapé inicial de tudo isso. 

Não é para menos que jogos como Chrono Trigger e Final Fantasy VII já flertavam com isso nos anos 1990. Ambos possuem uma barra de “tempo”, permitindo atacar quando ela estiver preenchida. Se você não estiver prestando atenção ou demorar demais para se decidir, é possível que seus oponentes ataquem mais de uma vez – o que ocorreria em jogos de ação comuns.

Isso não torna um deles “antiquado” nem o outro “moderno”; na verdade, ambos coexistem bem dentro da indústria gamer. O ARPG se distanciou muito dos jogos tradicionais, permitindo que dispute em outro ambiente a concorrência pela atenção. Quem joga The Witcher e The Elder Scrolls V: Skyrim, por exemplo, dificilmente se interessa pelo gameplay de Pokémon e Persona (e vice-versa).

Apesar de distantes, é importante mencionar que ambos compartilham as mesmas raízes. Mesmo com uma execução distinta, o interesse dos dois ainda é contar uma grande história ao público – através de um grupo de herois ou de um personagem destinado a mudar a realidade que vivem. Cada um fará do seu modo, mas seguirão para a mesma direção. 

Principais características de um ARPG

Para definir um ARPG, é simples: você precisa ter um sistema similar ao RPG, com progressão de níveis, aprendizado de habilidades e um bom ambiente para ser explorado durante a jornada. A principal distinção dele para os demais tradicionais é através da ação em tempo real.

Ou seja, você não terá uma tela preta para entrar em combate nem nada do gênero. Do jeito como vê o personagem no mapa ou em alguma instalação, será a forma como ele estará batalhando. Você terá controle direto dele, seja na exploração ou nos combates dinâmicos.

Uma grande parte dos ARPG também conta com uma forte personalização. Em Diablo, The Witcher 3 e Elden Ring, por exemplo, sua aparência muda conforme a armadura e as armas que estão equipadas em seu personagem.

Falando em equipamentos, geralmente eles também têm sua própria progressão – apesar disso não ser uma regra seguida tão à risca. No geral, os games do gênero também trazem uma grande árvore de habilidades – permitindo que escolha as que se encaixam melhor em seu jeito de jogar, para ter um avanço mais eficaz. 

Jogos ARPG mais populares

6. Diablo: o principal pilar do ARPG

 

Este nome dispensa apresentações, trazendo os jogadores para um mundo onde o macabro e poderoso Diablo está prestes a retornar – criando um verdadeiro inferno na Terra. Seu trabalho, obviamente, é impedir seus demônios de prepararem um terreno para isso acontecer. 

Por mais que os ARPG já existiam há um bom tempo, foi após o seu surgimento que o gênero realmente começou a traçar um caminho mais popular entre os fãs. Ele foi um grande sucesso, garantindo que a Blizzard trabalhasse em mais três sequências para a aventura e diversas expansões.

5. Dark Souls: a dificuldade em forma de jogo

 

A FromSoftware trouxe Dark Souls como sequência espiritual de seu antigo título – Demon’s Souls – trazendo um ARPG com um alto grau de dificuldade e extremamente punitivo. Tinha tudo para que os fãs o odiassem, mas muito pelo contrário, ele ganhou muito amor e popularidade com o passar dos anos.

Dark Souls marcou tanto a indústria gaming que pode ter surgido dos RPGs e visto como um ARPG, mas criou um subgênero próprio – os “Souls-Like”, que se expande ainda mais em vários outros estúdios. Se temos a própria FromSoftware usando isso para trazer pérolas como Bloodborne e Elden Ring, outras também se destacam com títulos como Lies of P e Wo Long: Fallen Dynasty. 

4. The Elder Scrolls V Skyrim: um ARPG que roda em (quase) tudo

 

A Bethesda sempre teve um bom público para a franquia de jogos The Elder Scrolls, mas é impossível falar de ARPG sem citar seu principal sucesso: Skyrim. Sua icônica sequência de abertura, a liberdade de seguir diversos caminhos e explorar seu universo da forma como preferir e o excesso de equipamentos, magias e inimigos espalhados levaram milhões para o game.

Para terem uma ideia, o jogo marcou tanto que acabou saindo para diversas plataformas desde o seu lançamento – em 2011. Tirando os consoles portáteis, vimos ele chegar nos PCs, PS3, Xbox 360 e remasterizarem para todos os demais de lá para cá. Tem versão dele até para a assistente virtual Alexa e para geladeiras, somente para ter uma ideia do quanto isso se expandiu. 

3. Borderlands: a prova que ARPG se mistura sim

 

E quem disse que todo ARPG precisa te levar para mundos de fantasia, com dragões, masmorras e magos? A Gearbox, pensando nisso, trouxe um RPG de ação no espaço sideral – com muito humor e com muitos tiros. Sim, as armas aqui são armas de fogo, o que tornou ele em um dos mais distantes e interessantes do gênero.

E dá para trazer um jogo de tiro em RPG? Claro, mantendo as diretrizes que foram discutidas – como a progressão do personagem, habilidades, todo o combate ser dinâmico e diversas outras que apresentamos. No fim das contas, mesmo diferenciado em muita coisa, ele serve como um bom exemplo de como se expandir para outras questões sem abandonar as raízes.

2. Path of Exile: seguindo os passos de Diablo de forma inovadora

 

Nascido da influência de Diablo II, Path of Exile é um jogo free-to-play que traz a melhor experiência possível para quem busca ARPG similar à franquia da Blizzard – com um grande progresso e permitindo que o público explore e confronte suas ameaças livremente, seja jogando sozinho ou através do multiplayer. 

Lançado em 2013, ele foi ganhando a comunidade de assalto com a disponibilização de conteúdo – que segue a todo vapor, trazendo diversas mudanças para o gameplay e também para o chamado “endgame” – que mantém o público jogando até os dias atuais (mesmo com uma sequência já presente no mercado). Este cuidado é o que continua atraindo pessoas, gerando uma proximidade maior com a base de fãs. 

1. Grim Dawn: ampliando a proposta dos ARPG

 

Ainda que Path of Exile se inspire bastante em Diablo II, é Grim Dawn que é reconhecido como o “verdadeiro sucessor” do ARPG da Blizzard. Na aventura você está em um mundo pós-apocalíptico, com a humanidade na beira da extinção e você no meio disso e de diversas criaturas ameaçadoras.

Para resumir Grim Dawn para vocês, basta saber que ele é um RPG de ação com uma infinidade de equipamentos customizáveis, um grande desenvolvimento de seu personagem e várias ações com consequências para o mundo ao seu redor – ganhando muito destaque entre os fãs desde o seu lançamento em 2016. 

O futuro do ARPG

Como pode notar, o ARPG ainda tem um longo caminho adiante na indústria gamer. Mesmo já se expandindo bastante, estamos vendo um outro passo na sua evolução da última década em diante. Se antes tínhamos apenas os RPGs e eles ganharam aspecto de ação, isso está prestes a evoluir mais uma vez.

Como Borderlands e até Hades mostram, os ARPG estão prestes a entrarem em uma fase de “mistura” com outros gêneros. E isso pode trazer ainda mais possibilidades para os jogadores. Está lento, mas pode notar que cada vez surgem outros títulos que estão adotando seus elementos dentro de sua própria franquia.

God of War Ragnarök foi um deles, mas vários outros estão observando isso de perto e absorvendo suas melhores qualidades. De Assassin’s Creed Origins até AC Valhalla, por exemplo, teve um foco muito forte em tornar a saga da sociedade secreta em um RPG de ação. Mesmo não seguindo mais por este caminho, isso rendeu diversos elogios e atraiu ainda mais fãs.

O jogo mais vendido de 2023, Hogwarts Legacy, é um ARPG – afinal de contas. Vamos ser honestos: quando um RPG ou outro título do gênero ganhou tanto reconhecimento e popularidade na última década? Isso sem qualquer elemento multiplayer, presença de grandes personagens de outras franquias ou qualquer apelo fora do pertencimento ao universo Harry Potter.

A expansão disso pode seguir para diversos caminhos: enquanto Diablo IV e Path of Exile 2 continuam reforçando a presença das grandes aventuras que são vistas de cima, The Witcher 4 e Elden Ring: Nightreign prometem inovar o gênero de sua própria maneira. Metaphor: ReFantazio também mostrou a disponibilidade da Atlus de mudar as coisas e sair um pouco dos RPGs tradicionais.

Isso não vai matar os JRPGs, mas é esperado uma redução ainda maior de espaço destes na indústria gaming. Pokémon segue fiel ao modelo, mas há muitos clamores na comunidade para que isso também mude. Tirando a franquia e projetos menores – como Octopath Traveler e Bravely Default – o ARPG manterá a popularidade crescente e se desenvolvendo cada vez mais.

 

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