Com novo leilão, ações do BC para conter dólar somam US$ 26,7 bilhões

O Banco Central (BC) realizará mais um leilão de dólares nesta quinta-feira (26/12). Entre 9h15 e 9h20, serão oferecidos ao mercado até US$ 3 bilhões. Confirmado o novo valor, as intervenções do BC vão somar US$ 26,7 bilhões desde 12 de dezembro – em um período de duas semanas, portanto.

As ações do BC têm como objetivo conter a alta da moeda americana, que vem quebrando sucessivos recordes em valores nominais (sem o reajuste pela inflação). Na quinta-feira (18/12), um dia sem leilão, ela fechou a R$ 6,26. o maior valor da história.

No dia anterior, quarta-feira (17/12), embora tenha encerrado o pregão a R$ 6,12, a cotação chegou a bater em R$ 6,30 durante o período de negociações do dólar. A moeda só caiu de valor em relação ao real depois que o BC despejou US$ 1,2 bilhão no mercado.

No último pregão antes do Natal, na segunda-feira (23/12), o dólar encerrou o dia a R$ 6,18, o segundo maior valor de fechamento. Na ocasião, o Banco Central também não realizou nenhum leilão.

Baixa liquidez

Na avaliação de Emerson Vieira Junior, responsável pela mesa de câmbio da Convexa Investimentos, entre o Natal e o ano-novo há uma queda natural do número de negócios – o mercado opera com baixa liquidez, como se diz no jargão. Com isso, as operações de compra e venda de dólares têm um impacto maior na cotação da moeda americana.

Para o especialista, esse foi um dos fatores que ajudou a pressionar o dólar na segunda-feira (23/12). Por isso, é também uma boa razão para que o BC intervenha no mercado, mesmo num dia de baixo movimento, como esta quinta-feira (26/12).

Fiscal e outros fatores

A grande pressão sobre a moeda americana, na avaliação dos analistas, tem sido exercida pela questão fiscal (que trata da relação entre receitas e despesas da administração pública). O pacote de corte de gastos preparado pelo governo e aprovado pelo Congresso Nacional é considerado “tímido” por grupos de economistas.

Além disso, há fatores externos que também pesam na alta do dólar, como a perspectiva de cortes de juros nos Estados Unidos. Sempre que uma redução da taxa é ameaçada, a moeda americana sobe. Isso ocorre porque os juros altos tornam especialmente atrativos os investimentos em títulos da dívida dos EUA, os Treasuries.

As incertezas em torno do que ocorrerá com a economia global ao longo de uma nova gestão de Donald Trump, considerada especialmente protecionista, também comprometem o equilíbrio do dólar. Por fim, no fim de ano, a demanda da moeda americana aumenta, uma vez que empresas estrangeiras sediadas no Brasil aumentam suas remessas de dinheiro para as sedes.

Tipos de leilões

O Banco Central tem realizado leilões de linha, em que há o compromisso de recompra por parte do BC do valor oferecido ao mercado, e à vista (sem o acordo de recompra). As quantias são oferecidas diretamente a instituições financeiras específicas, num total de 16 bancos – no jargão, os “dealers de câmbio” (a lista completa de “dealers” pode ser consultada neste link).

Os dólares oferecidos ao mercado saem das reservas internacionais do país, estimadas em cerca de US$ 363 bilhões, em novembro. De acordo com dados do BC, elas estavam em US$ 372 em setembro de 2024. Ressalve-se que, no caso dos leilões de linha, há a recompra do valor injetado no mercado.

Veja, a seguir, a lista de datas e valores dos leilões do BC

12 de dezembro – oferta de US$ 4 bilhões em dois leilões de linha.

13 de dezembro – US$ 845 milhões no mercado à vista.

16 de dezembro – US$ 4,627 bilhões, sendo US$ 3 bilhões em leilão de linha e US$ 1,627 bilhão à vista.

17 de dezembro – US$ 1,272 no mercado à vista.

19 de dezembro – US$ 8 bilhões no mercado à vista, em dois leilões de US$ 3 bilhões e US$ 5 bilhões (a maior injeção de recursos feita pelo BC, desde a adoção do câmbio flutuante, em 1999).

20 de dezembro – US$ 5 bilhões, sendo US$ 3 bilhões à vista e US$ 4 bilhões de linha.

26 de dezembro – US$ 3 bilhões à vista*

(*) Segundo anúncio feito pelo BC, na segunda-feira (23/12).

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