2024 foi o ano mais letal dos últimos 10 anos na aviação do Brasil

O ano de 2024 se encerra como o mais letal da aviação em 10 anos. Foram 148 vidas perdidas em acidentes aeronáuticos, conforme os dados do Sistema de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Sipaer), atualizados até a última segunda-feira (30/12).

A estatística foi influenciada significativamente pelo acidente da VoePass, ocorrido em 9 de agosto deste ano. O avião, que teve uma queda em Vinhedo (SP), ceifou 62 vidas, sendo quatro tripulantes e os demais passageiros.

Mesmo se não forem contabilizadas as mortes do avião da VoePass, as outras 86 mortes desde janeiro ainda colocam 2024 como o segundo ano mais letal na aviação brasileira desde 2015. Fica atrás apenas o ano de 2016, quando morreram 104 pessoas em acidentes aéreos. Nos dez anos foram 773 mortes ao todo.

Veja mortes na aviação desde 2015:

Na década, o número de acidentes tem se mantido num patamar de amplitude não muito amplo. O ano com mais registros do tipo foi 2015 com 172 e o com menor quantidade dessas ocorrência foi 2022, com 49 casos.

Os aspectos humanos dominam os fatores contribuintes dos acidentes. Desempenho técnico do ser humano foi apontado em 48,8% dos acidentes. Na sequência, apareceram aspecto psicológico (31,8%), elementos relacionados ao ambiente operacional (5,4%). O total é completado por “outro” e demais fatores.

Dentro das ocorrências envolvendo aeronaves de 2015 a 2024, houve 556 saídas de pista. Todos os acidentes no período resultaram em 244 aeronaves destruídas.

O número de acidentes e de mortes na aviação tem variado desde 2015, no entanto, a quantidade de decolagens no Brasil hoje é menor do que no passado. O ano de 2023, por exemplo, totalizou 789 mil decolagens, número 20,3% menor do que o de 2012, quando foram registradas 990 mil decolagens. Os números são do Relatório de Demanda e Oferta da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac).

Acidente VoePass

O avião da VoePass caiu quando se aproximava do pouso no Aeroporto Internacional de São Paulo (Guarulhos). No dia 6 de setembro, cerca de um mês após a tragédia, o Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa) apresentou um relatório preliminar da investigação sobre a queda em Vinhedo (SP).

O documento inicial da apuração respondeu com riqueza de detalhes a sequência de fatos que levaram à queda. No entanto, as respostas sobre o motivo de cada um dos fatos só serão esclarecidos no relatório final, ainda sem data para conclusão.

Até o momento, o Cenipa esclareceu que a aeronave perdeu controle em voo após a aeronave voar em meio a uma altitude onde havia presença de gelo. O fato de a aeronave voar em uma camada de gelo por si só não explicaria a queda, mas uma conjunção de fatores. Também é sabido que os pilotos comentaram nas gravações da caixa preta sobre um possível problema no sistema de degelo do avião.

Os trabalhos continuam para detalhar as reais condições de operação dos equipamentos da aeronave e os motivos das tomadas de decisão dos pilotos. A VoePass tem insistido que a aeronave decolou com os equipamentos obrigatórios em condição para voar.

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