Rituais, drogas e múmias: 10 descobertas incríveis sobre Egito Antigo em 2024

O Antigo Egito, que carrega consigo um fascínio popular e gerou até mesmo seu próprio termo — Egiptomania — nunca sai das notícias, já que múmias, tumbas, restos de rituais e escritos seguem sendo encontrados até hoje. Só este ano, tivemos novidades inéditas sobre as práticas de sacerdotes e construção de pirâmides, por exemplo.

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E para você não se perder nas informações novas, o Canaltech preparou uma lista com as 10 descobertas mais incríveis sobre o Egito Antigo em 2024, incluindo loucuras como bebidas alucinógenas e instigantes pedaços do Livro dos Mortos. Sem mais delongas, vamos aos fatos!

Línguas douradas

Começando pelo começo — ou seja, em janeiro —, arqueólogos do Ministério de Turismo e Antiguidades do Egito encontraram línguas de ouro de 2.000 anos atrás no sítio de Oxirrinco, já famoso por achados do tipo. Já em dezembro deste ano, mais 13 delas foram reveladas no mesmo local.


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As línguas douradas, que na crença egípcia serviam para ajudar o falecido a falar no reino dos mortos, foram confeccionadas há 2.000 anos (Imagem: Ministério do Turismo e Antiguidades do Egito)
As línguas douradas, que na crença egípcia serviam para ajudar o falecido a falar no reino dos mortos, foram confeccionadas há 2.000 anos (Imagem: Ministério do Turismo e Antiguidades do Egito)

Com 29 línguas douradas no total, contando com outras já encontradas em 2021, o achado solidifica o gosto dos egípcios do passado pela prática. Acreditava-se, à época, que os objetos protéticos ajudavam os mortos a falar durante o pós-morte.

A filha do governador egípcio

Outra pesquisa revelou a tumba de Idi, a filha de um governador egípcio do reinado do faraó Sesóstris I (entre 1961 e 1917 a.C.), em Assiut. Seus restos mortais jaziam dentro de dois caixões, um dentro do outro, ambos cobertos com textos intrincados — parte do famoso Livro Dos Mortos, composto por uma série de passagens para ajudar o falecido na jornada pelo submundo.

A tumba da filha do governador possui quase 4.000 anos, mas já inclui artes detalhadas e trechos do Livro dos Mortos (Imagem: Ministério do Turismo e Antiguidades do Egito)
A tumba da filha do governador possui quase 4.000 anos, mas já inclui artes detalhadas e trechos do Livro dos Mortos (Imagem: Ministério do Turismo e Antiguidades do Egito)

A tumba havia sido saqueada, mas os restos de Idi ainda estavam no local.

1º observatório astronômico do Egito Antigo

Uma das descobertas mais impressionantes do ano foi o que os arqueólogos acreditam ser o primeiro observatório astronômico do Egito Antigo já achado.

O provável primeiro observatório egípcio já encontrado inclui desenhos de um homem observando o sol e um relógio solar (Imagem: Ministério do Turismo e Antiguidades do Egito)
O provável primeiro observatório egípcio já encontrado inclui desenhos de um homem observando o sol e um relógio solar (Imagem: Ministério do Turismo e Antiguidades do Egito)

A construção é do século VI a.C., possui um formato em “L” e abrange 850 m², com um portão na face leste onde um ocupante poderia observar o sol e as estrelas. Um grande relógio de sol e a escultura de um observador olhando para o Sol também estavam no local, indicando sua função.

Cenas cotidianas de 4.300 anos atrás

Foi achada, na cidade egípcia de Dahshur, uma parede decorada em uma tumba com pinturas detalhadas da vida cotidiana dos antigos habitantes da região.

Uma tumba de 4.300 anos encontrada em Dahshur mostra cenas cotidianas do Egito Antigo em suas artes (Imagem: Ministério do Turismo e Antiguidades do Egito)
Uma tumba de 4.300 anos encontrada em Dahshur mostra cenas cotidianas do Egito Antigo em suas artes (Imagem: Ministério do Turismo e Antiguidades do Egito)

Isso revelou muitas atividades, como o descascar de grãos pelas pisadas de burros, a viagem de navios pelo rio Nilo e a venda de bens em um mercado. A tumba abriga os restos do oficial egípcio Seneb-Neb-Af e sua esposa Idet, uma sacerdotisa da deusa Hator.

A espada de Ramsés II

Um dos artefatos únicos mais interessantes do ano foi uma espada de bronze entalhada com o nome do Faraó Ramsés II (reinado entre 1279 e 1213 a.C.).

A arma foi dada a um oficial como presente e pode ter sido usada em combate há mais de 3.000 anos, no Egito Antigo (Imagem: Ministério do Turismo e Antiguidades do Egito)
A arma foi dada a um oficial como presente e pode ter sido usada em combate há mais de 3.000 anos, no Egito Antigo (Imagem: Ministério do Turismo e Antiguidades do Egito)

Ela estava em um quartel a noroeste do Delta do Nilo, e provavelmente foi dada a um alto oficial do exército como recompensa real. Como estava em uma sala próxima a uma área suscetível a invasões inimigas, acredita-se que o item tinha um uso em combate, e não apenas decorativo.

Centenas de Múmias em Assuan

Nas colinas da cidade egípcia de Assuan, pesquisadores encontraram mais de 30 tumbas do século VI a.C., também usadas entre os séc. II e III d.C. Cada túmulo incluía famílias inteiras enterradas juntas, incluindo entre 30% e 40% de crianças e recém-nascidos. A causa da morte mais comum da maioria das centenas de múmias do local foi anemia, seguida de doenças infecciosas.

Um dos invólucros das múmias de Assuan, encontradas em uma colina e cheias de famílias enterradas (Imagem: EIMAWA/MoTA)
Um dos invólucros das múmias de Assuan, encontradas em uma colina e cheias de famílias enterradas (Imagem: EIMAWA/MoTA)

Poluição por cobre nas Pirâmides

Em uma notícia mais “arquitetônica”, cientistas encontraram sinais de poluição pesada por cobre nos portos próximos à Grande Pirâmide de Gizé, usados para transportar materiais e trabalhadores.

Os portos secos ao redor das Pirâmides de Gizé possuem traços de cobre em alta quantidade, batendo com a construção dos monumentos (Imagem: Osama Elsayed/Unsplash)
Os portos secos ao redor das Pirâmides de Gizé possuem traços de cobre em alta quantidade, batendo com a construção dos monumentos (Imagem: Osama Elsayed/Unsplash)

Agora seco, o porto deixou sedimentos para estudo, revelando um pico de contaminação há 4.500 anos, quando as pirâmides foram construídas — os níveis de cobre aumentaram entre cinco e seis vezes em relação ao nível natural. Isso prova que o trabalho na construção dos monumentos foi intensivo e usou muito bem a rede fluvial local.

Tratamento contra câncer de 4.500 anos

A medicina egípcia também brilhou em 2024: egípcios antigos tentaram remover um tumor do crânio de um homem há 4.500 anos, deixando evidências aos arqueólogos modernos.

Um crânio com indícios de cirurgia para tentativa de retirada de tumores, com 4.500 anos, foi encontrado no Egito (Imagem: Tondini, Isidro, Camarós/Frontiers in Medicine)
Um crânio com indícios de cirurgia para tentativa de retirada de tumores, com 4.500 anos, foi encontrado no Egito (Imagem: Tondini, Isidro, Camarós/Frontiers in Medicine)

Nos restos do crânio, há evidências de um grande tumor primário e vários tumores menores, cuja remoção foi tentada com instrumentos cirúrgicos de metal. Embora mal-sucedida, a tentativa mostra a evolução das técnicas ao mesmo tempo em que as pirâmides foram subidas.

Bebidas alucinógenas divinas

Falando em medicina, aqui vai uma droga de uso ritual: foi encontrado um vaso no formato do deus-anão Bes contendo uma bebida alucinógena de 2.200 anos, com cor de sangue.

O vaso de Bes com a bebida alucinógena pode ter sido usado para reencenar um ritual, como parte de um evento mitológico divino egípcio (Imagem: Cassidy Delamarter)
O vaso de Bes com a bebida alucinógena pode ter sido usado para reencenar um ritual, como parte de um evento mitológico divino egípcio (Imagem: Cassidy Delamarter)

O ritual onde o líquido foi usado pode ter sido uma reencenação da lenda onde Bes engana a deus Hator, fazendo-a acalmar a sede de sangue com a bebida alcoólica cheia de drogas, disfarçada de sangue. Ela, assim, teria caído em um sono que a fez esquecer da raiva.

Tumba lacrada inédita

Para não deixar a lista sem um achado intocado pelos humanos, arqueólogos encontraram uma tumba lacrada e longe da presença humana desde 4.000 anos atrás — com 11 túmulos cheios de ossos e joias do Império Médio do Egito, a escavação é chamada de Necrópole de Al-Asasif, e foi estudada por uma missão egípcio-estadunidense.

Alguns dos itens esculpidos encontrados na tumba lacrada do Egito Antigo (Imagem: Ministério do Turismo e Antiguidades do Egito)
Alguns dos itens esculpidos encontrados na tumba lacrada do Egito Antigo (Imagem: Ministério do Turismo e Antiguidades do Egito)

Além de múmias, havia milhares de miçangas no local e joias intrincadamente esculpidas, incluindo ágatas com cabeça de hipopótamo, espelhos de cobre com cabos no formato de flores de lótus e mesas de suporte de incenso.

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