Nunes avalia adotar gestão privada nas escolas com pior nota no Ideb

São Paulo — O prefeito Ricardo Nunes (MDB) estuda passar a gestão das 50 escolas com pior desempenho no Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) para a iniciativa privada. Segundo o emedebista, a mudança é uma das ações cogitadas para melhorar o ensino nas unidades.

“A Secretaria da Educação está se preparando para entrar [com alguma ação] nas 50 piores no Ideb. Pode ser com atividade de reforço escolar, pode ser através de um conveniamento com entidades especialistas na área da educação. O que a gente não pode é ter escolas com Ideb tão baixo e não fazer nada, achar que está tudo normal”, afirmou Nunes, nesta segunda-feira (6/1), durante agenda na zona sul de São Paulo.

O Ideb é o principal indicador usado para medir a qualidade da educação no país e classifica as escolas a partir das notas registradas nos exames do Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb) e da taxa de aprovação dos estudantes.

A mudança na gestão das unidades com desempenho ruim no indicador, no entanto, ainda não tem data para acontecer, segundo Nunes.

“A gente está vendo se começa por uma área de subprefeitura, ou uma diretoria de ensino, ou nas 50 que estão com mais dificuldade na cidade toda. Estamos analisando qual vai ser o melhor processo”, disse.

Esta não é a primeira vez que o prefeito fala sobre levar a iniciativa privada para a gestão das escolas municipais. Em novembro de 2024, Nunes já havia dito que queria levar o modelo aplicado no Colégio Liceu Coração de Jesus para outras unidades. A escola é mantida pela Prefeitura e gerida por uma associação católica desde 2023.

Na época do comentário, Nunes alegou que o Liceu teve desempenho superior na Prova São Paulo, uma avaliação municipal, do que a média da rede. A ideia de passar a gestão pedagógica para a iniciativa privada foi criticada por especialistas.

Em entrevista ao Metrópoles, a coordenadora geral da Campanha Nacional pelo Direito à Educação, Andressa Pellanda, disse que a avaliação de Nunes sobre o tema não era baseada em evidência científica e que o resultado da Prova SP não significava necessariamente que a educação na escola estava adequada ou que era de qualidade.

“Provas como essa não medem a aprendizagem de forma profunda e nem a qualidade na educação, que vai muito além de um resultado de avaliação em larga escala sobre competências em matemática ou português. Educação de qualidade vai além, pressupõe formação plena, crítica e cidadã também”, disse a especialista na ocasião.

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