A Onça Emília e o Rugido da Coragem

Esta é uma fábula que se passa na Floresta de Aracajupólis do Cajueiro, onde os bichos falam, os galhos cochicham e as folhas carregam rumores. Qualquer semelhança com pessoas, lugares ou acontecimentos reais é mera coincidência… ou seria obra do acaso fabulístico?

Afinal, como toda fábula, esta traz lições sobre liderança, coragem e responsabilidade, narradas com humor e leveza. Aqui, onças rugem, raposas dramatizam e esquilos se preocupam — mas tudo não passa de um exercício literário, cheio de metáforas que convidam à reflexão.

Portanto, leia, sorria e tire suas próprias conclusões. A floresta é imaginária, mas as lições são universais. 

PASSEMOS  À FÁBULA:

Na Floresta de Aracajupólis do Cajueiro, onde as árvores eram altas e as fofocas corriam pelas copas, chegou o momento de uma nova líder tomar o comando. A Onça Emília subiu ao topo da figueira central com um rugido poderoso que fez até as folhas mais preguiçosas balançarem.

Forte, destemida e sem papas na língua, Emília sabia que a floresta precisava ser enxugada, organizada e protegida de parasitas que se penduravam nos galhos públicos. E ela não perdeu tempo: exonerou todos os comissionados em um só salto certeiro, deixando claro que a era dos cabides de galho tinha acabado.

Mas, como em toda floresta política, essa decisão não passou despercebida. Alguns bichos ficaram incomodados, outros, nervosos. E foi aí que começou o teatro das raposas, dos esquilos e dos joões-de-barro.

No alto de uma figueira frondosa, estava o Esquilo Edvaldo, um bicho conhecido por sua habilidade em pular de galho em galho sem deixar cair suas nozes. Ele observou o decreto da Onça Emília com olhos arregalados, lembrando que ele mesmo já havia tomado decisão parecida em tempos passados.

Mas havia uma diferença: “— Ela fez isso sem precisar negociar com ninguém… Que coragem!” — pensou o Esquilo, ajeitando seus óculos com uma patinha trêmula. Edvaldo não tinha nada contra a limpeza que Emília fazia, mas estava um pouco apreensivo. Afinal, ele sabia que na política, cada galho mexido faz cair folhas diferentes: — Será que ainda vai sobrar algum galho para mim? — sussurrou, preocupado.

Mas, como um bicho prudente que era, o Esquilo manteve-se neutro e educado. Afinal, ele sabia que quem já limpou galhos não pode criticar quem está fazendo o mesmo.

Enquanto o Esquilo ajustava seus óculos, nas terras vizinhas de Lagartópolis. A Raposa Sérgio, famoso na floresta por sua capacidade de criar crises onde não havia problema algum ao assumir o comando da toca, subiu em um tronco, estufou o peito e gritou: — Estamos em calamidade! Não há comida, não há água, não há nada! Os animais da floresta pararam para ouvir o discurso dramático das raposas. Mas não demorou para a Coruja, ligada ao saudoso Pica-Pau Valmir da Madeireira, sempre observadora, desmontar o teatro: — Calamidade? Com 45 milhões de sementes no cofre da toca? Se isso é crise, então estou vivendo no paraíso! — disse a Coruja, rindo de cima do seu galho. Mesmo com esse discurso o público da floresta não se convencia com as firulas da Raposa.

Enquanto isso, na beira do Rio do Plano Superior, estava o João-de-Barro João Alves. Conhecido por sua paciência e habilidade em construir ninhos sólidos, ele observava a movimentação da Onça, Raposa e o Chacal com um sorriso cansado.

João Alves já tinha passado por tempos difíceis na floresta e sabia que não era preciso decretar calamidade para consertar as coisas: “— Quando precisei reduzir despesas, exonerar comissionados foi uma decisão administrativa. Ninguém me chamou de autoritário por isso. Agora, a Onça faz o mesmo e querem criticá-la? Dois pesos e duas medidas…” — murmurou o João-de-Barro, enquanto ajustava seu ninho com precisão.

Enquanto as raposas faziam teatro e o esquilo se preocupava com os galhos, a Onça Emília seguia seu caminho. Ela não rugia à toa. Sua decisão de exonerar os cargos comissionados não foi por vingança, nem por vaidade. Foi por eficiência: “— Aqui, ninguém fica pendurado no galho sem fazer nada. Vamos usar os recursos para os bichos que realmente precisam”.

E mais: a Onça deixou claro que nenhum animal com histórico de violência contra as fêmeas da floresta seria contratado: “— Aqui, respeitamos nossas leoas, jaguatiricas e tigrinhas. Quem tiver rabo preso que nem tente chegar perto!”.

Curiosamente, o que mais intrigou a Onça Emília foi o silêncio da floresta em relação ao Chacal Samuel, o líder das terras de Socorrópolis. O Chacal também exonerou seus comissionados e… nada aconteceu. Nenhum bicho criticou. Nenhuma folha se mexeu. A Raposa Sérgio também exonerou comissionados e ainda decretou calamidade financeira, mesmo com cofres cheios, e… silêncio.

Mas bastou a Onça Emília rugir, que os animais começaram a cochichar: “— Será que ela não está sendo muito rígida? Talvez esteja exagerando…”. E a resposta da Onça veio rápida e certeira: : “— Eu não faço teatro. Eu faço gestão”.

Na política da floresta, há aqueles que fazem barulho e encenam crises para justificar sua falta de ação. Mas há também aqueles que governam com firmeza e responsabilidade, sem medo de tomar decisões difíceis.

Enquanto as Raposas Dramáticas continuam seu teatro, a Onça Emília segue seu caminho, colocando a casa em ordem e mostrando que a floresta não precisa de cabides de galho para funcionar.

Porque, no fim das contas, o rugido de uma onça vale mais do que mil cantos de raposas.

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