Império Romano prosperou após erupção vulcânica catastrófica

A queda de impérios figura entre as mais pesquisadas e misteriosas questões da história, especialmente quando se trata de civilizações conhecidas e importantes na história da humanidade. No caso do Império Romano, especialistas já sugeriram que doenças e mudanças climáticas possam ter posto o último prego no caixão desse povo.

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Parte desses pressupostos levou a uma “lenda urbana” da história que dizia que o ano de 536 teria sido o pior ano para se estar vivo, em meio a doenças contagiosas e catástrofes do clima. Um estudo sobre o período, no entanto, surpreendeu cientistas ao revelar que, na verdade, o ano teria sido muito bom — e até mesmo fez os romanos prosperarem.

536, o ano das pragas e catástrofes

Há motivos para que esse ano tenha entrado para a história como um dos piores da civilização romana: foi quando uma erupção vulcânica monstruosa criou uma camada de poeira que bloqueou o sol em alguns lugares do mundo — na década seguinte, outras erupções supostamente teriam diminuído, também, a temperatura global.


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A Peste de Justiniano e erupções vulcânicas catastróficas levaram historiadores a crer que o século VI teria sido péssimo para os romanos, mas aparentemente ele foi muito benéfico! (Imagem: James Le Palmer/Omne Bonum)
A Peste de Justiniano e erupções vulcânicas catastróficas levaram historiadores a crer que o século VI teria sido péssimo para os romanos, mas aparentemente ele foi muito benéfico! (Imagem: James Le Palmer/Omne Bonum)

Entre 541 e 544, também ocorreu a Peste de Justiniano, no Império Romano do Leste (ou Império Bizantino), que matou milhões de pessoas.

Alguns estudos mostram não haver evidência textual de que a poeira vulcânica afetou o leste do Mediterrâneo, e há debates sobre o alcance da Peste de Justiniano, mas muitos historiadores ainda citavam esses acontecimentos como catastróficos aos romanos.

Então Haggai Olshanetsky e Lev Cosijns, da Universidade de Oxford, decidiram investigar a situação a fundo para saber os efeitos de tais tragédias, como a pandemia e as erupções, aos bizantinos.

Eles analisaram pequenos estudos de caso espalhados por todo o império para fazer uma análise ampla, mostrando que não houve declínio do domínio romano no século VI — na verdade, registrou-se recorde de população e comércio no leste do Mediterrâneo.

O Império Romano do Leste, também chamado de Império Bizantino, só entrou em declínio no século VII, e finalmente se desintegrou com a conquista de Bizâncio pelos turcos otomanos (Imagem: Bernard Gagnon/CC BY-SA 3.0)
O Império Romano do Leste, também chamado de Império Bizantino, só entrou em declínio no século VII, e finalmente se desintegrou com a conquista de Bizâncio pelos turcos otomanos (Imagem: Bernard Gagnon/CC BY-SA 3.0)

Dados em grande escala de diversos países e regiões foram usados, unidos a dados em microescala que mostraram quando houve declínio regional e até mesmo a nível de cidade. Um dos locais foi a antiga cidade romana de Elusa, no noroeste do deserto de Negev, atual Israel, que tradicionalmente se acreditava ter caído em meados do século VI.

Com carbono-14, usado para descobrir a idade de materiais orgânicos, descobriu-se que a verdadeira queda da cidade ocorreu no séc. VII. Outras análises incluíram naufrágios ocorridos a cada meio século, mostrando o volume de comércio naval no império.

Como o declínio imperial só ocorreu no séc. VII, ele não pode ser conectado à praga de mais de 50 anos antes ou com as mudanças climáticas.

Embora o pico do Império Romano tenha sido no séc. VII na área leste, erros de cálculo na administração e o conflito contra o Império Persa levou a uma espiral de queda, levando ambos a ficarem vulneráveis e caírem sob o domínio dos Turcos Otomanos alguns séculos depois.

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