Senador acusa diplomata de antissemitismo e quer convocar Mauro Vieira

O senador Magno Malta (PL-ES) protocolou na terça-feira (7/1) na Comissão de Relações Exteriores do Senado o pedido de convocação do ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira. O congressista quer que o chefe do diplomacia explique declarações da diplomata Cláudia Assaf sobre um soldado israelense.

O soldado em questão é Yuval Vagdani, que como mostrou o Metrópoles, é investigado pela Polícia Federal. A investigação foi aberta por determinação da juíza federal Raquel Soares Chiarelli, durante o plantão de 30 de dezembro de 2024. A PF instaurou uma notícia-crime em verificação (NCV), na sexta-feira (3/1), ainda antes do recebimento da íntegra do processo judicial.

No pedido de convocação, Magno Malta disse que a diplomata “proferiu comentários com conteúdo antissemita relacionados ao conflito entre Israel e o Hamas, além de fazer acusações infundadas contra o soldado israelense”.

Cláudia Assaf é integrante do Ministério das Relações Exteriores, especializada em temas do Oriente Médio, tendo servido em missões oficiais nas embaixadas do Brasil no Catar, na Arábia Saudita, no Kuwait e no Bahrein, bem como na missão do Brasil junto às Nações Unidas em Nova York. Desde 2021, ela atua oficialmente na Embaixada do Brasil em Mascate, Sultanato de Omã.

O senador disse que a função que ela ocupa exige maior responsabilidade nas opiniões que publica em suas redes sociais, uma vez que, na avaliação de Malta, podem “impactar” as relações internacionais do Brasil.

“As manifestações em questão foram realizadas em dois perfis da rede social Instagram e envolvem declarações com conteúdo antissemitas no contexto da guerra entre Israel e o grupo Hamas, em que a diplomata expressou opiniões que merecem esclarecimentos sobre sua postura como representante diplomática do Brasil. Tais declarações comprometem a imagem do país e exigem um posicionamento oficial do Ministério das Relações Exteriores sobre o episódio”, justificou o congressista no pedido de convocação.

O que diz uma das postagens da diplomata

Nas redes sociais, a diplomata escreve em sua biografia do perfil que suas opiniões não refletem a posição do Itamaraty. Um dos posts usado como exemplo por Malta é o que a diplomata pede que seus seguidores denunciem Yuval Vagdani, caso vejam o soldado. O militar ficou no Brasil dias atrás para turismo na Bahia.

“Soldado Israelense criminoso de guerra tenta fugir do Brasil. Denuncie. Denuncie se o vir por aí. Assassinou civis inocentes em Gaza e veio farrear no Brasil. O soldado se chama Yuval Vagdani e sua última localização conhecida é Morro de São Paulo, Bahia. De acordo com a Hind Rajab Foundation, organização pró-Palestina que pediu a prisão de Yuval, o soldado está sendo ajudado por ‘israel’ para sair do Brasil”, disse a diplomata em suas redes sociais.

O caso do soldado israelense

Yuval Vagdani foi denunciado pela Fundação Hind Rajab (HRF), organização internacional dedicada à denúncia de crimes contra palestinos. Ele é acusado de participar da destruição do corredor Netzarim, na Faixa de Gaza, uma ação que teria ocorrido fora de combate e provocado danos indiscriminados à população civil.

Entre as provas apresentadas pela HRF, estão imagens e publicações de Vagdani nas redes sociais, por meio das quais ele celebra operações israelenses na região. Em uma das postagens, Yuval incentiva a “destruição completa” de Gaza, que ele descreve como um “lugar imundo”. Conflitos na área já causaram mais de 45 mil mortes, segundo estimativas.

O caso ganhou repercussão internacional, gerando atritos diplomáticos entre Brasil e Israel. O Ministério das Relações Exteriores de Israel confirmou que sua embaixada no Brasil monitorou o caso até que Vagdani deixasse o país, o que ocorreu antes de quaisquer diligências da PF.

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