Hit de MC Magrinho completa 10 anos sendo onipresente no funk

“Não se assusta!”, avisa MC Magrinho antes de explicar a receita: “isso aqui não é macumba! Vai mulher, mexe o bumbum!”.

Nascido no Rio de Janeiro e cria de Realengo, Kaique Monteiro de Almeida, o MC Magrinho, saiu da casa da avó aos 11 anos para cantar funk. Largado em uma boca de fumo, quem intercedeu pela carreira artística do MC foram os próprios traficantes de drogas da comunidade do Jacaré. “Eu ficava lá encostado e já trabalhava pros caras. E aí, um dia, me apresentaram ao Copinho [MC que empresariou vários nomes do funk na década de 2010 e que acabou “adotando” Magrinho nas épocas de vacas magras]“. Magrinho tornou-se uma das maiores vozes do funk e, mesmo em hiato indeterminado, continua ouvindo sua voz em todas as vertentes de funk espalhadas pelo país.

 

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Um de seus primeiros hits foi lançado em 2014. “Ritmo Do Olodum” nunca ficou conhecida por seu nome original e, em 2024, completa 10 anos sendo um dos mais sampleados do funk em São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Espírito Santo, Curitiba e Pernambuco como “Isso Aqui Não É Macumba” ou “Tum Dum Dum”. No beat fino de Vitória, passando pelo 150 BPM do Rio ou no brega funk de Recife, a canção tornou-se, ano após ano, onipresente no funk.

A canção se popularizou por outro motivo que vai além da popularidade da voz de Magrinho e da letra cativante. Em 2016, o DJ Bruninho Silva compartilhou o “drum kit” de “Ritmo Do Olodum”, popularizando os elementos da canção e disponibilizando cada ponto do hit em separado, facilitando o uso dela em novas canções que surgiriam dali pra frente. Processo muito semelhante ao que aconteceu com os elementos eletrônicos compartilhados no drum kit “O Rei do Brega”.

“Ritmo do Olodum [Quarteto dos Quartetos]”, 2013

Os produtores DJ João O MLK DOIDO, R15 e Reizin produziram a primeira (e desconhecida) versão do hit que iria ser lançado oficialmente um ano após. “Ritmo do Olodum”, além de respeitar o nome oficial da canção, contém interpolação com “Pancadão”, hit do grupo Axé Blond. Além dessa versão, também constam “OLODUM MECHE O BUM BUM [DJS RD DA NH E LUCIAN]” e “Tum Dum Dum”, com o MC K9, como lançamentos anteriores menos notados da canção que viria com força um ano depois.

“Isso Aqui Não É Macumba”, 2014

Hoje, nas plataformas digitais, “Isso Aqui Não É Macumba” é creditada apenas a MC Nandinho, uma das vozes da versão que consolidaram o hit. No entanto, com o passar do tempo, foi mesmo o nome e a voz de MC Magrinho que permaneceram no inconsciente coletivo do funk. Foi a versão do DJ LC do Jaca que explodiu definitivamente nos bailes por todo o Brasil (e também nas produções de vários outros DJs pelo país):

“Passinho do Romano”, DJ Jorgin, 2014

A partir de 2014, então, a voz guia da canção seria amplamente utilizada no funk. “Ritmo do Olodum” viraria um clássico à proporção que a voz de MC Magrinho também se tornaria altamente explorada pelos produtores de funk de todo o país. Em São Paulo, uma dança chamada “Passinho do Romano” surgia em homenagem a Magrão, sujeito que dançava de forma um tanto desengonçada e que foi homenageado pelos moleques do funk do Jardim Romano, zona leste de São Paulo. Não demorou nadinha para que a voz de MC Magrinho surgisse nos beats paulistanos com vozes árabes e coreografia absurda de Fezinho Patatty.

“Ó, Tum Dum / Vem Novinha Dançar (DJ Leozinho)”, 2015

A montagem “Ó, Tum Dum / Vem Novinha Dançar” do DJ Leozinho com as vozes de Magrinho e MC Romântico talvez seja um dos maiores sucessos a interpolar “Ritmo do Olodum”. E, de quebra, na onda da rasteirinha, uma batida arrastada que teve seu auge a partir de 2015. No mesmo ano, ainda teria “Desafio do Tum Tum“, do DJ RF3.

“Berimbau do Olodum (DJ AK)”, 2016

Produção do DJ AK e cheio de pancadas de berimbau, “Berimbau do Olodum” mostra como o hit chegou à época em que o funk começava a se aprofundar nas batidas rasteirinhas.

“É Macumba, Né? (DJ Caaio Doog)”, 2017

A voz do MC carioca também se alastrou por São Paulo. Em 2017, o DJ Caaio Doog, produtor revelação à época, usou “Ritmo do Olodum” para construir “É Macumba, Né?” usando a voz de MC Magrinho como percussão:

“MTG Isso Aqui Não É Macumba”, DJ Vinicin do PB, 2019

Em 2019, o funk de Belo Horizonte começou também a relembrar “Ritmo do Olodum” e incorporar os versos da canção no estilo minimalista das montagens mineiras. “MTG Isso Aqui Não É Macumba”, com voz do MC GW e produção de DJ Vinicin do PB, é um desses exemplos:

“Sequência do Olodum”, DJ P7 e DJ Leo da 17, 2019

O mandelão, vertente que começou a fazer surgir nos bailes da zona sul de São Paulo, também usou a voz de “Ritmo de Olodum”, como em “Sequência do Olodum”, dos DJs P7 e Leo da 17.

“Isso Aqui Não É Macumba 2019”, DJ VNSheik, 2o19

A batucada acelerada dos 150 BPM carioca, obviamente, não perdoou “Ritmo do Olodum”:

“ISSO AQUI NÃO É MACUMBA”, DJ Vitinho BDP e “Isso Aqui Não É Macumba 2”, DJ WF, 2020

A bruxaria, outra vertente do funk de São Paulo, também pegou o ritmo:

“Não Se Assusta, Só Mexe O Bumbum”, DJ TAWAN, 2020

O beat bolha também ganhou a companhia da voz de MC Magrinho. “Não Se Assusta, Só Mexe O Bumbum”, do DJ Tawan, acelera o clássico com muita bolha, cavaquinho e teclado agressivo:

“Isso Aqui Não É Macumba Vs Fininha Light”, DJ WL, 2021

Contando também com a voz de MC Cabelinho, a versão do DJ WL traz “Ritmo do Olodum” com um grave altíssimo e um pouco do beat fino vindo de Vitória.

“NAO SE ASSUSTA SÓ MEXER O BUMBUM”, DJ Igoti, 2021

Também com a terceira versão de nome não oficial da música, “Não Se Assusta Só Mexer O Bumbum”, do DJ Igoti, é um dos hits recentes que usam “Ritmo do Olodum”. Aqui, a pancada feita pelo DJ paulistano vem junto com a vertente carioca “macumbinha”:

“AUTOMOTIVO INSANO NO RITMO DO OLODUM”, DJ IANCO, 2022

O automotivo, também vertente do funk de São Paulo, não ia ficar de fora. Aqui, também com a voz de MC Brinquedo:

“Não Se Assusta Só Mexe o Bumbum”, DJ DL Original, 2023

“Ritmo do Olodum” também chegou ao eletrofunk, vertente criada em 2011 por DJs curitibanos. “Não Se Assusta Só Mexe O Bumbum”, do DJ DL Original, é uma delas:

“TOMA TOMA TOMA x ISSO AQUI NÃO É MACUMBA”, DJ Digo Beat e DJ Teteu, 2023

Com quase meio milhão de views no You Tube, “TOMA TOMA TOMA x ISSO AQUI NÃO É MACUMBA”, dos DJs Digo Beat e Teteu, atualiza as versões de mandelão de “Ritmo de Olodum”, somando “Eu Sento E Me Acabo”, da MC Fadinha, ao beat:

“Ritmo do Olodum”, DJ Freitas, 2023

Em Recife, o brega funk usou o nome oficial da canção para embrazar “Ritmo de Olodum” na versão do DJ Freitas:

“Ritmo do Olodum”, 99 no Beat, 2024

Em 2024, o cantor baiano 99 no Beat juntou MC Magrinho a um pagodão minimalista da Bahia:

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