Militantes do MST alvos de ataque a tiros são velados sob homenagens

São Paulo — Militantes e simpatizantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) participam na manhã deste domingo (12/1) de um ato de homenagem às duas vítimas do ataque a tiros a um assentamento em Tremembé, no interior do estado.

A mobilização ocorreu em frente ao Velório Municipal da cidade, onde Valdir do Nascimento, conhecido como “Valdirzão”, de 52 anos, e Gleison Barbosa de Carvalho, 28, serão enterrados. A previsão é que o velório se estenda até 13h, quando tem início o sepultamento.

Ao convocar o ato, o MST do Vale do Paraíba disse que o atentado não foi um episódio isolado de violência no campo e cobrou que os responsáveis pelo crime sejam identificados e punidos.

Nesse sábado (11/1), Antônio Martins dos Santos Filho, conhecido como “Nero do Piseiro”, foi preso pela Polícia Civil, apontado pela investigação como o mentor do ataque. Ele teria confessado o crime e ainda fornecido informações sobre os demais envolvidos.

A Polícia Civil trabalha com a hipótese de que o crime decorreu de uma briga interna relacionada à venda de um lote dentro do assentamento. Segundo Parra, o ataque não teria o MST em si como alvo.

A investigação ainda busca entender se o próprio Nero seria se interessado na compra do lote ou se seria um intermediário.

Ataque a tiros

Além de dois militantes do movimento mortos, outras seis pessoas ficaram feridas. Segundo o MST, homens armados teriam invadido o assentamento Olga Benário por volta das 23h dessa sexta-feira (10/1). No momento do ataque, 10 pessoas, entre crianças e idosos, estavam no local.

Outros dois feridos foram internados em estado grave. Ministros do governo Lula (PT) lamentaram o episódio e cobraram punição aos envolvidos.

Dois irmãos de Gleison também foram baleados. São eles Denis Barbosa de Carvalho e Denílson Barbosa de Carvalho.

A mãe do trio, Márcia Barbosa, afirma que os atiradores entraram no assentamento para tentar tomar um lote e que seus filhos teriam ido até eles tentando conversar.

“Nós estávamos na casa da minha filha e os caras vieram para ocupar o lote de cima. Na hora que chamaram o reforço, nós fomos todos para a porteira. Mas eles foram para tentar conversar com os caras, pensando que ia ter diálogo. Daqui a pouco os caras já chegaram atirando”, afirma.

“Na hora que eu cheguei lá que eu vi eles no chão. Nossa, é muito triste… Meus filhos no chão”, acrescenta Márcia chorando.

Em ligação, Lula expressou solidariedade às vítimas e prometeu uma visita à região. O Ministério da Justiça e Segurança Pública (MJSP) enviou um ofício à Polícia Federal (PF), neste sábado (11/1), determinando a abertura de um inquérito para apurar o ataque.

De acordo com o MJSP, uma equipe da PF, composta por agentes, perito e papiloscopista, se deslocou ao local do ataque para investigar a ação.

Adicionar aos favoritos o Link permanente.