Máfia de Cantinas nos presídios do Rio: Rombo de R$ 25 Milhões Investigado pelo MP

Rio de Janeiro – Uma investigação do Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ) expõe um esquema que movimentou R$ 25 milhões em contratos irregulares envolvendo cantinas de presídios fluminenses. A apuração aponta a formação de um cartel liderado por empresários, agentes penitenciários e advogados para monopolizar esses serviços, utilizando empresas de fachada e parentes de servidores públicos.

As irregularidades começaram a ser investigadas após relatório da Secretaria de Administração Penitenciária (Seap) indicar o envolvimento do agente penitenciário Adinei Alves dos Santos, que controlava a maior parte das cantinas antes de sua morte em 2019.


Quadrilha e Controle Monopólico

O esquema utilizava empresas, como a Romulo e Ana Comércio de Alimentos, administrada por Ana Maria Rodrigues dos Santos, esposa de Adinei. Sem licitações, a exploração das cantinas ocorria por meio de permissões de uso renovadas emergencialmente. Após a morte do agente, familiares continuaram administrando os negócios.

A partir de 2020, empresas como a Winefood Distribuidora de Alimentos e Bebidas assumiram o controle, concentrando 31 das 46 cantinas até 2023. Investigações apontam que a Winefood é ligada a parentes de Adinei. Outras empresas, como D’Casa Comércio de Alimentos e Bebidas e L&F Comércio, também participaram do esquema, formando um cartel que impedia novos processos licitatórios.


Fraude em Licitações e Impactos Financeiros

Em 2023, a Seap tentou regularizar os contratos por meio de uma licitação, mas a Winefood e a D’Casa judicializaram o processo, bloqueando o pregão eletrônico. O relatório da Seap acusa essas empresas de criar disputas jurídicas para manter o monopólio, causando prejuízos milionários aos cofres públicos.

De acordo com o Grupo de Atuação Especial no Combate ao Crime Organizado (Gaeco), o esquema não apenas fraudava licitações, mas também acumulava dívidas por locações não pagas, prejudicando tanto o estado quanto os internos do sistema penitenciário.


Uso de Presos em Manobras Jurídicas

Em 2023, advogados da quadrilha usaram nomes de presos para ajuizar ações contra o estado, alegando que os detentos exigiam a reabertura das cantinas fechadas pela Seap. No entanto, depoimentos confirmaram que os detentos desconheciam essas ações. O desembargador Paulo Rangel chegou a conceder liminar favorável, mas a decisão foi posteriormente cassada por José Muiños Piñeiro Filho, do Tribunal de Justiça.


Operação Snack Time e Ações do MP

Em novembro de 2023, a 1ª Vara Criminal Especializada em Organizações Criminosas autorizou mandados de busca e apreensão contra os suspeitos. Durante a Operação Snack Time, foram apreendidos celulares e R$ 128 mil em dinheiro.

Segundo a Seap, o serviço de cantinas funcionava de forma precária e sem licitação há décadas. A secretaria afirmou ter monitorado as empresas e enviado relatórios ao MPRJ para combater as irregularidades.


O que dizem os envolvidos

  • Seap: Garantiu que tentou regularizar as cantinas, mas enfrentou barreiras judiciais das empresas envolvidas.
  • Winefood: Negou as acusações e afirmou que os contratos foram realizados dentro da legalidade. Também criticou a operação, alegando perseguição contra advogados.
  • Demais empresas: Não foram localizadas para comentar.

Entenda o caso: Esquema nas cantinas dos presídios do Rio

  • Formação de cartel: Empresas ligadas a agentes penitenciários monopolizaram serviços de cantinas.
  • Prejuízo milionário: Estimativa de R$ 25 milhões em dívidas e irregularidades.
  • Manobras jurídicas: Advogados usaram o nome de presos para ações contra o estado.
  • Ação do MPRJ: Operação apreendeu provas e bloqueou atividades do cartel.
  • Decisão judicial: Tentativas de regularização enfrentaram liminares que barraram licitações.

Com informações de O Globo

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