Com Câmara “ideológica”, base de Nunes busca atrair independentes

São Paulo — O novo perfil da Câmara Municipal de São Paulo tem feito a base aliada do prefeito Ricardo Nunes (MDB) se movimentar na busca por atrair a ala ideológica da Casa para garantir a governabilidade.

Diferente da legislatura anterior, na qual Nunes teve vida mais tranquila para aprovar os projetos de seu interesse, a avaliação de aliados é que o atual mandato será mais difícil, uma vez que nas bancadas de partidos que compõem a base foram eleitos vereadores com pauta própria e que prometem atuação independente.

Entre esses parlamentares, estão nomes como Lucas Pavanato (PL), Zoe Martinez (PL), Janaina Paschoal (PP), Sargento Nantes (PP), Adrilles Jorge (União), Amanda Vettorazzo (União) e Kenji Palumbo (Podemos). Conhecidos nas redes sociais, alguns foram eleitos apoiando o candidato derrotado Pablo Marçal (PRTB) e iniciam o mandato sob desconfiança do entorno de Nunes.

Somada aos 16 vereadores da oposição, a ausência de votos da “bancada independente” pode ameaçar a aprovação de projetos que exigem apoio da maioria qualificada do plenário.

Um dos primeiros indícios de que a ala ideológica pode mexer com os acordos entre as lideranças na Câmara Municipal ocorreu já na sessão que elegeu o novo presidente, Ricardo Teixeira (União), e definiu a nova composição da Mesa Diretora, no dia 1º de janeiro.

O acordo previa que os petistas votassem em Teixeira em troca dos votos da base governista no vereador Hélio Rodrigues (PT) como 1º secretário.

Lucas Pavanato, Zoe Martinez e Sonaira Fernandes, no entanto, não seguiram o acordo e votaram contra a indicação de Rodrigues. “Acima dos acordos da Casa, está o acordo que fiz com meus eleitores. Então preciso votar não”, afirmou Pavanato no microfone. Os outros quatro parlamentares do PL votaram favoravelmente ao nome do petista.

Aproximação

Vereadores da “tropa de choque” de Nunes na Casa afirmam que pretendem abordar os parlamentares independentes com o intuito de convencê-los sobre a agenda do prefeito e garantir o apoio a projetos prioritários.

“A ideia é que a gente construa um diálogo, explicando projeto a projeto. Não é uma discussão ideológica, mas de cidade”, afirmou ao Metrópoles o líder do governo na Câmara, Fábio Riva (MDB).

Riva cita como exemplo o ex-vereador Fernando Holiday (PL) que, após cumprir dois mandatos seguidos, não se candidatou e acabou elegendo o pupilo Lucas Pavanato.

“Quando ele [Holiday] entrou, foi contrário a alguns projetos por uma questão ideológica. Depois mudou um pouquinho essa concepção. De uma forma ou de outra, ele entendia a complexidade daquilo que o projeto oferecia para a cidade”, disse o vereador.

Os aliados do prefeito afirmam que a recepção dos “independentes” à tentativa de aproximação tem sido boa.

“O objetivo é se aproximar e conhecer o colega, vamos passar quatro anos juntos. E mostrar para eles que está todo mundo aqui para fazer uma cidade melhor. Não vi ninguém desses vereadores novos, de ideologia, com dificuldade de dialogar”, relatou o vereador Marcelo Messias, líder do MDB na Câmara e um dos parlamentares mais próximos de Nunes.

Ex-integrante da Rota, batalhão de elite da Polícia Militar conhecido pela alta letalidade policial, e de perfil linha dura, o vereador Sargento Nantes (PP) foi eleito colando sua imagem a Pablo Marçal, o que atraiu a antipatia do prefeito. O parlamentar, no entanto, esteve presente em uma agenda de Nunes no centro da cidade na última quarta-feira (9/1), o que foi lido por aliados como um sinal de que Nantes deve compor com o governo.

Já Amanda Vettorazzo (União), integrante do MBL, embora também se julgue independente, tem marcado reuniões com secretários da gestão Nunes para saber sobre a agenda de cada pasta.

Outro “trunfo” da base aliada para atrair os novos vereadores é o fato de que os membros da chamada bancada G-Crazy, como foi apelidada a ala mais ideológica na Casa, pretende participar de comissões e relatorias importantes, além de tentar emplacar CPIs de seu interesse, o que seria facilitado caso haja aderência à pauta do governo.

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