Três meses depois, causas de queda de helicóptero ainda são mistério

São Paulo — Com investigação ainda sem desfecho, a queda do helicóptero que deixou o piloto e três passageiros mortos em Paraibuna, no interior paulista, completa três meses neste domingo (31/3).

A queda do helicóptero é analisada pelo Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa), da Força Aérea Brasileira (FAB), que não estipula prazo para concluir os trabalhos. A aeronave caiu na véspera do Réveillon e ficou 12 dias desaparecida.

Morreram no acidente o piloto Cassiano Tete Teodoro, de 44 anos, e os passageiros Raphael Torres de Oliveira, 41; Luciana Rodzewics dos Santos, 46, e Letícia Ayumi Sakumoto, 20. Os corpos foram encontrados em uma área de mata.

A aeronave fazia um voo privado e havia decolado do Campo de Marte, na capital paulista, em direção a Ilhabela, no litoral norte, na véspera do Ano Novo. O último registro no radar foi por volta de 15h20 do dia 31 de dezembro.


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Investigação

No reporte preliminar, que reúne as primeiras informações sobre o acidente, o Cenipa afirma que, durante o voo, o helicóptero “colidiu com a vegetação em área de mata do município de Paraibuna”. No dia da tragédia, o tempo estava ruim e havia muita neblina na região.

Ainda segundo o Cenipa, a aeronave sofreu danos de natureza “substancial” no acidente. Fabricado em 2001, o helicóptero de prefixo PR-HDB era particular e tinha peso máximo de decolagem de 1.088 quilos.

A aeronave e os corpos dos quatro tripulantes foram localizados pela Polícia Militar (PM) na manhã de 12 de janeiro. Segundo o boletim de ocorrência, três cadáveres estavam presos à fuselagem. Já o quarto corpo foi localizado caído na área de mata, perto dos escombros.

O documento policial também trata o piloto como “autor” da queda. O caso foi registrado pela Delegacia Seccional de Jacareí como “homicídio culposo” (quando não há intenção de matar) por “inobservância de regra técnica de profissão”.

Relatório

O Cenipa diz que a conclusão da investigação “terá o menor prazo possível” e depende da “complexidade da ocorrência” e da “necessidade de descobrir os possíveis fatores contribuintes”. Na ocasião, o órgão deve divulgar um relatório final.

Um dos exemplos de investigação que demorou para ser concluída foi o caso da cantora Marília Mendonça, morta em um acidente de avião, em Minas Gerais, em 2021. O relatório final só foi divulgado pelo Cenipa um ano e meio depois da ocorrência.

“Os trabalhos desenvolvidos pelo Centro destinam-se, unicamente, à prevenção de acidentes”, afirma o órgão da FAB. “Nesse sentido, as investigações realizadas pelo Cenipa não buscam o estabelecimento de culpa ou responsabilização.”

Com floresta de eucalipto e sem estradas de acesso, a área da queda do helicóptero é de difícil acesso – o que dificultou até mesmo a atividade da perícia e o resgate dos corpos.

Neblina

Material de áudio e vídeo encaminhado por uma das vítimas à família, e entregue às autoridades, mostra que o condutor estava com dificuldade de navegação e envolto por densa neblina.

Pouco antes de a aeronave desaparecer, Letícia Ayumi Sakumoto chegou a enviar mensagens para o namorado avisando sobre as más condições climáticas. Ela gravou um vídeo (veja acima) em que o helicóptero aparece totalmente coberto por neblina, sem nenhuma visibilidade.

A jovem também relatou que o piloto precisou fazer um pouso forçado, na margem da Represa de Paraibuna, no Vale do Paraíba. “Tá perigoso. Muita neblina. Estou voltando”, escreveu.

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