IMC não é eficaz? Cientistas criam nova forma de diagnosticar obesidade

A partir da altura e do peso de uma pessoa, o Índice de Massa Muscular (IMC) se tornou um método simples de avaliar se alguém tinha sobrepeso ou obesidade, mas falta precisão. Por isso, uma comissão internacional de cientistas defende uma nova forma de diagnosticar o quadro, com base na gordura corporal, e propõe duas categorias: obesidade clínica e obesidade pré-clínica.

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Os novos parâmetros para analisar a obesidade foram publicados, na terça-feira (14), na revista científica The Lancet Diabetes & Endocrinology. Mais de 50 cientistas integram a Comissão sobre Obesidade Clínica, que elaborou o texto.

Para o grupo, a obesidade deve ser definida “como uma condição caracterizada pelo excesso de adiposidade [ou seja, excesso de gordura no organismo]”. O quadro tem “causas multifatoriais e ainda não foram completamente compreendidas”, acrescentam. 


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Como funciona o IMC?

Para entender, o IMC é uma conta bastante simples em que o peso (em kg) de uma pessoa é dividido pela altura (em m) ao quadrado. Se o resultado estiver entre 25 e 29,9, a pessoa é classificada com sobrepeso. Mais do que isso, já configura obesidade.

Embora o método ainda possa ser usado em algumas circunstâncias, o argumento defendido pela equipe internacional de cientistas é que ele não é preciso para definir a taxa de gordura, o principal elemento definidor da obesidade. Por exemplo, pessoas com muito músculo podem ser erroneamente enquadradas como obesas, o que não é verdade. 

Especialistas propõem o abandono do IMC e novas definições para obesidade, como obesidade clínica e pré-clínica (Imagem: Freepik)

Vale observar que, anteriormente, outros especialistas já apontavam para a limitação do IMC nesta função de determinar a taxa de gordura, e o método já recebia críticas.

Como diagnosticar a obesidade?

A base para diagnosticar a obesidade é o excesso de gordura corporal, que também pode ser chamada de adiposidade. Em média, a gordura corporal é considerada em excesso quando está acima de 25% em homens. Entre as mulheres, a porcentagem pode variar entre 30% e 38%.

No entanto, medir a taxa de adiposidade pode ser difícil no dia a dia. Então, a ideia é estabelecer marcadores de saúde alternativos para o diagnóstico da obesidade, como circunferência da cintura, proporção cintura-quadril ou proporção cintura-altura. De forma complementar, o IMC também pode ser usado — por exemplo, um IMC superior a 40 continua a ser indicador de possível obesidade.

Obesidade clínica e obesidade pré-clínica

Para além da questão do IMC, um dos pontos mais interessantes da pesquisa é a definição de dois tipos diferentes de obesidade: a obesidade clínica e a obesidade pré-clínica. A diferença entre elas é, basicamente, se a gordura corporal extra afeta o funcionamento dos órgãos e a capacidade de realizar atividades do dia a dia (como se vestir, caminhar ou tomar banho).

“Definimos obesidade clínica como uma doença crônica e sistêmica caracterizada por alterações na função de tecidos, dos órgãos, de todo o indivíduo ou de uma combinação destes, devido ao excesso de adiposidade”, pontuam. Isso aumenta as chances de problemas de saúde potencialmente fatais, como ataque cardíaco, AVC ou insuficiência renal. 

Nova forma de diagnosticar obesidade pode melhorar o acesso a tratamentos individualizados para os pacientes (Imagem: Towfiqu barbhuiya/Unsplash)

Por outro lado, “definimos obesidade pré-clínica como um estado de excesso de adiposidade, com função preservada de outros tecidos e órgãos, e um risco variável, mas geralmente aumentado, de desenvolver obesidade clínica e várias outras doenças não transmissíveis (por exemplo, diabetes tipo 2, doença cardiovascular, certos tipos de câncer e transtornos mentais)”, detalham os autores.

Impacto do estudo no tratamento da obesidade

“Ao introduzir os conceitos de obesidade ‘pré-clínica’ e ‘clínica’, o estudo aumenta a precisão do diagnóstico, permitindo um tratamento individualizado que considera tanto o risco quanto os estados de doença ativa”, destaca Alexandra Cremona, professora associada de nutrição da Universidade de Limerick (Irlanda), em nota. A especialista não participou da pesquisa.

Além disso, os novos critérios devem melhorar a elaboração de novas políticas de saúde pública, o que pode ajudar as pessoas no controle da obesidade clínica. Inclusive, permitirá a inclusão de remédios dentro da saúde pública, alinhados com mudanças alimentares e a adoção de atividades físicas regulares. 

O debate deve ser impulsionado com a queda da patente de medicamentos para a perda de peso, como a semalgutida, que poderá entrar no Sistema Único de Saúde (SUS).

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