Após anúncio de cessar-fogo, ataque de Israel mata mais de 70 em Gaza

Ataques aéreos israelenses mataram mais de 70 pessoas em Gaza durante a noite dessa quarta-feira (15/1) e na manhã desta quinta-feira (16/1). O relatos são de moradores e autoridades palestinos e ocorrem horas após um possível acordo de cessar-fogo e libertação de reféns ter sido anunciado para pôr fim a 15 meses de guerra entre Israel e o Hamas, que devastou a Faixa de Gaza e desencadeou uma crise humanitária.

Segundo a Defesa Civil de Gaza, 71 pessoas morreram nos ataques aéreos desde o anúncio do cessar-fogo e mais de 200 ficaram feridas. Entre os mortos, estariam 19 crianças e 24 mulheres.

O acordo ainda não foi formalmente fechado, com o gabinete de segurança de Israel adiando uma reunião planejada para esta quinta pela manhã, segundo informações do jornal britânico The Guardian.

O gabinete do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu disse que o Hamas renega partes do acordo alcançado com os mediadores e Israel em um esforço para extorquir concessões de última hora. “O gabinete israelense não se reunirá até que os mediadores notifiquem Israel de que o Hamas aceitou todos os elementos do acordo”, diz o gabinete.

O Hamas garantiu que está comprometido com o acordo de cessar-fogo anunciado pelos mediadores, segundo afirmou um alto funcionário do grupo, Izzat el-Reshiq, nesta quinta.

Protestos foram realizados pela manhã em Jerusalém se opondo ao acordo, com as famílias dos soldados israelenses mortos durante o conflito colocando caixões falsos cobertos com bandeiras israelenses nas ruas.

Sim à paz

Depois de 15 meses de guerra, Israel e Hamas concordaram, nessa quarta-feira (15/1), com um cessar-fogo no conflito que levou um rastro de sangue para a Faixa de Gaza.

Com a mediação do Catar, Estados Unidos e Egito, ambos os lados disseram sim à proposta de paz, que, se tudo der certo, deve começar a valer no próximo domingo (19/1).

Como será o cessar-fogo

• O cessar-fogo entre Israel e Hamas era discutido desde agosto de 2024, com a mediação do Catar, Estados Unidos e Egito.
• O plano, anunciado nessa quarta-feira (15/1), será implementado em três fases.
• Na primeira delas, que deve durar 42 dias, reféns sequestrados pelo Hamas devem ser trocados por palestinos presos em Israel.
• A expectativa é de que as Forças de Defesa de Israel (FDI) também iniciem o processo de desocupação da Faixa de Gaza.

A primeira fase do cessar-fogo, segundo comunicado conjunto divulgado pelo Catar, EUA e Egito, vai durar 42 dias. Neste estágio, cerca de mil palestinos presos por forças israelenses serão liberados em troca de 33 reféns mantidos pelo Hamas na Faixa de Gaza desde outubro de 2023.

Está programada a libertação de reféns em seis datas durante o período de cessar-fogo, começando no domingo, quando três cativos em Gaza serão devolvidos. Na última semana do cessar-fogo, 14 sequestrados serão libertados. A estimativa é de que 97 reféns, entre mortos e vivos, ainda estejam no enclave palestino.