PCC planejou e PMs executaram plano para matar Gritzbach em aeroporto

São Paulo — Ainda que um policial militar da ativa tenha sido identificado como o autor dos disparos que mataram Vincius Gritzbach (foto em destaque), morto em 8 de novembro do ano passado no Aeroporto Internacional de São Paulo, em Guarulhos, a força-tarefa que investiga a morte do delator do Primeiro Comando da Capital (PCC) acredita que o homicídio tenha sido orquestrado pela facção criminosa.

A identificação do PM que matou Gritzbach faz parte de uma operação da Corregedoria da Polícia Militar do Estado de São Paulo deflagrada na manhã desta quinta-feira (16/1), com o objetivo de prender policiais militares acusados de envolvimento com o PCC. Ele e outras 12 pessoas foram presas.

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Gritzbach chegou a ser preso, mas foi solto em 7 de junho

Segundo o MPSP, Gritzbach teria mandado matar dois integrantes do PCC
Gritzbach e a namorada
Empresário, preso sob suspeita de mandar matar membros do PCC, foi solto por determinação do STJ
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Rival do PCC, empresário Vinícius Gritzbach foi morto em atentado no aeroporto de Guarulhos

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Gritzbach chegou a ser preso, mas foi solto em 7 de junho

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Segundo o MPSP, Gritzbach teria mandado matar dois integrantes do PCC

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Gritzbach e a namorada

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Empresário, preso sob suspeita de mandar matar membros do PCC, foi solto por determinação do STJ

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Entre os presos nesta quinta estão o tenente Giovanni de Oliveira Garcia — apontado como o responsável por escalar policiais militares para fazer a segurança particular de Vinícius Gritzbach — além dos soldados Adolfo Oliveira Chagas, Jefferson Silva Marques de Sousa e Romarks César Ferreira de Lima e o cabo Leandro Ortiz. Eles ficaram encarregados de receber Gritzbach em sua volta de viagem no Aeroporto Internacional de São Paulo, em Guarulhos, no 8 de novembro do ano passado.

De acordo com a força-tarefa, que une integrantes da Polícia Civil, do Ministério Público de São Paulo (MPSP), da Polícia Técnico-Científica, Polícia Federal e Polícia Militar, os principais suspeitos de serem mandantes do crime seriam pessoas ligadas a Cara Preta, morto em dezembro de 2021 após tomar um suposto golpe milionário de Gritzbach, que lavava dinheiro para a facção por meio da compra e venda de imóveis.

Gritzbach foi acusado de desviar parte de um investimento de R$ 100 milhões do PCC em criptomoedas.

Meses depois, o delator foi sequestrado por integrantes da facção e policiais civis que atuavam junto aos criminosos e submetido a um tribunal do crime. Ele foi libertado sob promessa de entregar escrituras de imóveis e senhas para que o investimento da facção fosse recuperado.

O que se sabe sobre a operação da PM desta quinta (16/1)

  • O PM da ativa acusado de matar Gritzbch foi preso nesta quinta-feira.
  • Ao todo, são cumpridos 15 mandados de prisão preventiva e 7 mandados de busca e apreensão em endereços na capital e Grande São Paulo.
  • Apurou-se que policiais militares prestavam escolta privada a Gritzbach, apesar de seu histórico criminal. As investigações apontaram que tais ações caracterizavam a integração de policiais à organização criminosa, conforme previsto na Lei Federal nº 12.850/13.
  • A reportagem apurou que, além dos policiais que faziam a escolta de Gritzbach, um PM atirador também é alvo da operação.
  • A operação teve início após uma denúncia anônima recebida em março de 2024, apontando possíveis vazamentos de informações sigilosas que favoreciam criminosos ligados ao PCC.
  • A investigação inicial, conduzida pela Corregedoria, evoluiu para um Inquérito Policial Militar instaurado em outubro de 2024. Apurou-se que informações estratégicas vazadas por policiais militares, incluindo da ativa, da reserva e ex-integrantes da Instituição, permitiam que membros da organização criminosa evitassem prisões e prejuízos financeiros.
  • Entre os principais beneficiados pelo esquema estavam líderes e integrantes da facção criminosa PCC, alguns já falecidos, outros procurados, como Marcos Roberto de Almeida, conhecido como “Tuta”, e Silvio Luiz Ferreira, apelidado de “Cebola”.
  • A operação conta com a colaboração da Força-Tarefa instituída pela Secretaria da Segurança Pública (SSP), que busca identificar outros envolvidos e eventuais mandantes do crime.
  • “A Polícia Militar reitera seu compromisso com a ética e a legalidade, combatendo com rigor qualquer desvio de conduta que comprometa a confiança da sociedade”, diz nota enviada ao Metrópoles.

Caso Gritzbach

Vinicius Gritzbach, de 38 anos, foi executado no dia 8 de novembro de 2024, na frente de sua namorada e de dezenas de testemunhas na área de desembarque do Aeroporto Internacional de São Paulo, em Guarulhos, na região metropolitana de São Paulo. Foram disparados, ao todo, 29 tiros de fuzil.

Ele era jurado de morte pelo PCC e acabava de retornar de uma viagem ao Nordeste, onde permaneceu sete dias com a namorada e seguranças particulares, entre eles um policial militar.

Em uma delação explosiva, Gritzbach detalhou como a facção lavava dinheiro, além de revelar as extorsões realizadas por policiais civis. Tanto policiais civis quanto militares investigados pela força-tarefa foram afastados de suas funções.

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