ANPD investiga práticas de empresa que coleta íris em troca de dinheiro

A Autoridade Nacional de Proteção de Dados (ANPD) informou que conduz uma investigação sobre a empresa Tools For Humanity, do criador do ChatGPT, para entender sobre o tratamento de dados sensíveis ao escanear a íris das pessoas. A companhia tem um projeto chamado World  para criar uma identidade única através da íris e oferece uma criptomoeda em troca do serviço. 

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A World viralizou nas redes sociais nas últimas semanas, com relatos de filas para escanear a íris em São Paulo (SP) e pessoas que supostamente teriam ganho até R$ 700 pela prática. De acordo com a autarquia, a investigação começou em 11 de novembro de 2024 e a Tools For Humanity já cooperou com informações e documentos pedidos.

Dispositivo escaneia a íris das pessoas e oferece um pagamento em criptomoeda (Imagem: Divulgação/World)

O que a ANPD quer saber?

A investigação ocorre para entender o tratamento de dados considerados sensíveis: informações biométricas como impressões digitais e, nesse caso, a íris exigem medidas mais rigorosas de segurança porque podem oferecer um risco à privacidade do usuário.


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A ANPD pediu informações gerais sobre o tratamento e a transparência da empresa, tais como:

  • Contexto em que o tratamento ocorre;
  • Aspectos materiais da operação do tratamento;
  • A hipótese legal para fundamentar o tratamento;
  • A transparência do processo de tratar os dados pessoais;
  • Como os titulares podem exercer seus direitos;
  • Quais as medidas de segurança da informação e proteção dos dados pessoais já existentes;
  • O tratamento de dados de crianças e adolescentes;
  • A avaliação das possíveis consequências envolvendo privacidade e proteção de dados.

Quais os próximos passos?

A autarquia confirma que já recebeu a documentação da Tools For Humanity e agora analisa todas as informações até publicar uma nova decisão.

Houve uma reunião com o Coordenador-Geral de Fiscalização da ANPD, Fabrício Guimarães Madruga Lopes, e representantes da empresa em novembro deste ano, e a companhia enviou mais informações no dia 7 de janeiro, de acordo com dados públicos no Sistema Eletrônico de Informações.

Como a World funciona?

Criada por Sam Altman (CEO da OpenAI, responsável pelo ChatGPT) e Alex Blania, a Tools For Humanity (TFH) divide a iniciativa World em três frentes principais: World ID, Worldcoin e World App.

A World ID é uma sequência de identificação gerada após escanear a íris de uma pessoa — para isso, o indivíduo precisa comparecer a uma das estações da empresa e fazer o processo com um dispositivo chamado Orb. Segundo a TFH, o objetivo é ter um registro capaz de diferenciar humanos de bots na internet e o uso da íris seria a melhor opção para diferenciar cada pessoa.

Após ceder as informações da íris, o indivíduo ganha o identificador e um pagamento na criptomoeda Worldcoin. O valor é movimentado no aplicativo World App, que atualmente funciona como uma carteira virtual, e pode ser convertido em reais. 

A ideia da Worldcoin viralizou no TikTok e no Instagram pela promessa de dinheiro fácil, mas o projeto levanta preocupações em vários países. O governo da Coreia do Sul já conduziu uma investigação sobre o tratamento dos dados no ano passado, enquanto usuários em países de África, América do Sul e Ásia já reclamaram que não foram pagos pelo serviço no passado.

A empresa defende que o identificador gerado é protegido por criptografia e o Orb apaga as imagens da íris após processar os dados. No Brasil, a World opera desde novembro do ano passado com estações em São Paulo.

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