Os homens serão todos semelhantes?

Por ocasião dos Duzentos Anos da Queda da Bastilha, em 1989, a Editora Nova Fronteira publicou o Dicionário da Revolução Francesa, notavelmente apresentado  por José Guilherme Merquior, pensador pátrio de esquecida memória, como é comum jazerem aqueles que não estão inseridos no panteão da velha e comum esquerda, descabeçada.

Retiro dali por mote, o que escreveu François Furet  em “O Terror”, naquele acervo ali reunido e quase esquecido: “Em 5 de setembro de 1793, a Convenção colocou “O Terror” na ordem do dia”.

Por Convenção Nacional, ou simplesmente Convenção denominou-se o regime político que vigorou na França entre 20 de setembro de 1792 e 26 de outubro de 1795, no processo da Revolução Francesa.

A Convenção sucedeu a Assembleia Nacional Legislativa (o parlamento francês instituído pela Constituição de 1791) que fundou a Primeira República Francesa.

Em palavras de Furet, a Convenção colocara “O Terror” na ordem do dia em 5 de setembro de 1791, com o objetivo de “organizar, sistematizar e acelerar a repressão aos adversários internos da República, lançar-se a à punição sumária de “todos os traidores”, numa “declaração brutal e franca” acontecida como reação a uma invasão da Assembleia por sans-culottes exaltados “que reclamavam ao mesmo tempo pão e guilhotina, e guilhotina para conseguir o pão”.

No cerne daquela reclamação ruidosa, vingava a velha ausência de pão, com o desabastecimento sempre ocorrendo quando o Estado resolve interferir nos meios de produção, encarando a lei da oferta e da procura, como usura incompatível com os novos tempos surgidos, por cidadania instituída via lei, que assim determinava ausência de castas e de classes, a República tendo que suprir mesa farta, sem arar e sem colher.

E quando falta a farinha no prato, todos o sabemos que o funesto pecado contra os “novos tempos surgidos”, via mudanças políticas, permutas bruscas de quem irá mandar e de quem vai ter que obedecer, quando o homem é o mesmo, com os próprios vícios, carências e inconfessáveis avidezes, no usufruir e abeberar-se do que lhe não pertence, mas que doravante iriam, enquanto novos gestores do Republicano Estado, gerir, em desafio à ordem, à temperança e à prudência, tudo aquilo que bem suscita as soluções sempre mais drásticas.

Era um tempo, imaginado supremo por “império da lei”, porque então se inaugurara uma fase republicana, por congressual, na qual os empossados deputados, postavam-se agora encastoados, como novos príncipes, e príncipes-novos cidadãos, afinal aquela nobreza ali surgida não o era, nem por origem, nem por casta, nem por mística destinação divina.

Era uma basto extrato da sociedade nascente, na qual toda plasta comum bem o serviria, já que abolidas estariam as porcarias todas havidas por séculos, sobreviventes até bem pouco no amplo universo “sans-culotte”; aí incluídos os descamisados do “ancien régime”,  regime degolado na Praça Revolucionária, onde em tese não mais vigeria  “la crême de la crême”, aquela nata da nata, sobrenadante, tão gordurenta, fedorenta e rançosa, pairando acima de tantas subcastas espalhadas, com a “República” e a “Cidadania”, palavras novas fingia nivelar todos, em suas mazelas e misérias, entre cores, seus horrores, todos os comores de eventuais matizes e matrizes, por cores e entretons, edemaciados, já que as hemácias doravante restaram r equivalentes, todas rubras, vermelhas carmins, de molde igual e permanente…

Permanente, todavia, seria a algaravia comum de toda ilusão libertária, afinal um dia, muito além daqueles dias, gritaria não em francês, mas em inglês, bem bretão por saxônico, George Orwell (1903-1950), mas que eu prefiro repeti-lo em francês por maior sonoridade, espelhando-me no filme famoso “Bolero”, ou “Les uns et les autres”(1981), de Claude Lelouch: “Les hommes sont egaux, les hommes sont egaux, les hommes sont egaux!!!”  Os homens são iguais, os homens são iguais, os homens são iguais, iguais, iguais…, mesmo o grito sumindo, e se perdendo nos ecos comuns se amortecendo.

Amortecimento acontecido, afinal o urro vem de Orwell e de seu notável “A Revolução do Bichos”, valendo do burro sobremodo o corolário definitivo naquela fazenda onde os porcos mandantes aprenderam no final a imitar os homens, inclusive a desfilar nas patas traseiras, equilibrando-se boçais despudorados: “Tous les êtres humains sont égaux, mais certains sont plus égaux que d’autres”; Todos os seres humanos são iguais (é o que diz a Declaração Universal da ONU), mas há alguns que são mais iguais que outros. Ou ainda, por mais explícitos: “Les hommes sont egaux, mais il y a d’hommes qui son plus egaux que d’autres”, como transparece no filme, por sonho, tornado pesadelo, sem desvelo, mas em realidade sempre ampla.

O tema me vem, por lembrança porque as nossas esquerdas são insaciáveis nas suas misérias plantadas mundo afora, e aqui em particular, com o PT, destruindo dia sim, outro também, o pouco realizado em nosso passado na história pátria.

Dia virá em que acordaremos dessa letargia perniciosa em que tentam mergulhar em trevas o Regime Militar vigente entre 1964 e 1982, época em que vingaram os nossos melhores Presidentes da República e Governadores dos Estados, todos de saudosa memória, onde imperava a seriedade administrativa e o respeito ao público orçamento.

E é preciso dizer assim, porque em detrimento de toda e qualquer avaliação científica, honesta, prevalece o desaforo de mistificar a ciência, assacando universal e coletivamente contra os homens daquele tempo, enaltecendo os erros comuns de parte a outra, por espíritos recalcitrantes, sem ousar identificar alguns poucos no seu agente culpado.

A parte toda estória desvendada, alguns preferem ainda espalhar falsamente uma fedentina inexistente, quando em verdade houve uma luta inglória de alguns, bem mais ralos e rasos colhidos, porque perfilaram numa luta envilecida, por uma “sua, deles, e só para eles; democracia”.

E se alguns deles, radicalmente ingressaram em luta armada e nos assaltos e sequestros realizados, o fizeram, por uma sua, “deles”, e só por estes, almejada, “ditadura do proletariado”, pela qual não lhe valeria chorar ainda, nem reclamar, do tiro eventualmente trocado e não tomado, ou do tapa provocado, e que lhe foi recebido por responso, sem vingar o heroísmo que mais os falseia, que enaltece.

E envilece!, afinal tais impensados feitos broncos por sonsos, longe de serem amplos heroicos e estoicos, revelam-se, senão anedóticos, por choro eterno e exangue, mas lamuriento, que insaciável ou insanável, querendo talvez à busca de um troco, ou de um reconhecimento baldio, que lhes sobrevenha por consolo.

Como não há consolo para o erro, envereda-se em novos deslizes, o país agora enveredando em novos descaminhos, assacando contra um período curto e apolíneo do Presidente Jair Messias Bolsonaro, cujos índices econômicos o aplaudem pelas ruas, com o Governo Lula querendo destruir até o PIX, sua melhor conquista, contra a sanha arrecadatória do Estado.

A parte tudo isso, querem alguns dizer ainda que o governo do PT, no Estado de Sergipe sobrou como a melhor administração em toda nossa história.

E eu que não gosto de falar mal dos mortos, relembro que no seu tempo e espaço vivido do PT aqui no comando, eu que sempre ouso repetir as mesmas e só minhas, equivocadas avaliações, contemplando a minha, então circundância, no meu comum entorno e circunstância, relembro que reconhecendo os feitos e os fatos, já renhidos e mal ou pouco historiados, contemplei-os todos como um “bom arroto, bem gostoso de gasosa”, lembrado em texto meu antigo, do refrigerante gasoso da minha infância, que não era Coca-Cola, Jade ou Fanta, nem também Guaraná Fratelli Vita, ou qualquer outro, que a gente engolia e dava um arroto sonoro e resfolegante. Porque era assim como eu via e ouvia aquela eloquência vazia e sem obras, do Governo Petista único acontecido, que findou, em fertilidade apenas; nas amigdalas!.

São coisas porém, que não vale relembrar. Não que me arrepende!

Mas, lembrar para quê, se ninguém quer mais saber do PT?

O bom para relembrar é que o passado não remove montanhas, e águas servidas não rodam moinho. Embora alguns teimem dizer o contrário.

Mas, como sempre pode viger o Terror na ordem do dia, disse o novo Ministro das Comunicações, o Marqueteiro, Sidônio Palmeira, em discurso de posse nesta terça-feira que passou, e bem vale explicitá-lo, in “verbis”: “Temos um presidente que recebeu um país destruído e desmoralizado para governar. Em apenas dois anos, seu governo arrumou a casa, melhorou os indicadores econômicos, de justiça social e combate à pobreza. Fez renascer ministérios e programas importantes”.

Um pronunciamento que me deixou intrigado, porque no meu avaliar o governo Lula fracassa dia sim, outro também, embora a grande imprensa o edulcore e o perfume.

E foi Sidônio sem acrimônia e sem qualquer cerimonia que desenfreio e desembesto declamou, afinal “mães e pais precisam saber que tem vacina no posto de saúde”, e que é preciso refrear “o ambiente digital”, este novo agente, perigoso, criminal, ressaltando “a importância de se fazer frente contra a EXTREMA DIREITA” enquanto novo mal deste mundo, quase imundo.

 

Segundo ele, “a mentira nos ambientes digitais fomentada pela EXREMA DIREITAS cria uma cortina de fumaça na vida real, manipula pessoas e ameaça a humanidade. Esse movimento aprofunda o negacionismo, xenofobia e as violências raciais e de gênero”.

Na noticia do evento de posse, tentando citar algumas melhorias promovidas pelo governo Lula 3, Sidônio disse que tais índices não estão sendo recebidos por parte da população. “A informação dos serviços não chega na ponta. A população não consegue ver o governo em suas virtudes”.

 

Sidônio disse que o combate às Fake News não é só uma questão de governo. “E preciso ampliar nossa concepção do papel da comunicação” e que, segundo ele, “a comunicação do governo não deve ser um desafio exclusivo da Secom”.

“Nosso trabalho é compreendê-la em sua complexidade e convocar a todos“, comentou.

Sobre a Meta – dona do Facebook, do Instagram e do WhatsApp – que decidiu encerrar a checagem de fatos em suas plataformas nos Estados Unidos, disse o novo Ministro: “medidas anunciadas recentemente pela Meta são ruins, porque afrontam os direitos fundamentais e a soberania nacional“, parecendo Antoine Saint-Just, um dos corifeus de Robespierre, querendo impor o Terror na Ordem do Dia.

 

Marqueteiro da campanha vitoriosa de Lula em 2022, Sidônio disse que nunca teve nem pretendia ter cargo público, embora considere a política e a gestão pública como “únicas vias de construção de uma sociedade mais justa”.

Ou seja, renovou o sempre nunca velho; discurso Jacobino!

 

Disse ainda o novo Ministro, que “Apesar do cargo, ele não será o “porta-voz” do governo.

 

No mesmo dia, mas pelas pecaminosas, por independentes vias da Internet, o povo começou a desancar o propenso ataque do Fisco, contra as Redes Sociais, agora querendo que os “informais” deixem de o ser, ou sê-lo, em novo sêlo obrigatório, passando a exibir um novo crachá exitoso, por “sans-culotte”, sem portar o calote de má vestal, por mal contribuinte da Receita Federal.

E a resposta foi terrível, com o Deputado Nicolas Ferreira, um quase menino corajoso, restando grande herói, D’Artagnan, erigido como maior Mosqueteiro, a banir um exército descomunal de moscas, muitas pragas varejeiras, no planalto mal agarradas, desde que Bolsonaro, o único Presidente que ousou baixar impostos, dali foi expulso por uma eleição mal explicada e só por maior desfeito, pior feito, e mal jeito inútil; nordestino!

Todavia, como a luta é sempre feita de batalhas renhidas e seguidas, restou-nos o discurso raivoso em promessas de vinganças futuras do Secretário da Receita federal, Robinson Barreirinhas, em promessas que o sigilo de cada um é um direito incompatível com a Segurança Maior Nacional do Estado Brasileiro.

Igual, quase igual, ao pensamento Prairial da “Convenção” estudada por François Furet, faltando só quem assuma a ousadia de não só quebrar o sigilo do “contribuinte”, mas erigir sua própria Guilhotina, no meio da praça, como boa navalha da República Jacobina, mas Petista.

Por final, deixarei para os leitores um exercício para fazer uma melhor tradução da questão proposta : Les hommes ne sont-ils pas tous les mêmes, des imposteurs ? Ou bien y en a-t-il qui sont plus trompeurs que d’autres?

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